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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

terça-feira, 30 de julho de 2013

A máquina de esconder escândalos
(30jul2013)

Por Miguel do Rosário no blog O Cafezinho

Em conversas de botequim, tenho feito uma proposta “científica” para avaliarmos se a mídia convencional nos torna uma pessoa melhor informada e mais preparada para os embates da vida. Imagine duas cobaias humanas, trancadas cada uma num quarto fechado, sem contato nenhum com o mundo exterior. Uma delas receberá toda manhã um conjunto de jornais e revistas tradicionais: Veja, Folha, Globo e Estadão. No outro quarto, o indíviduo não receberá nada. Ficará olhando as paredes e meditando. Deixemos os dois nessa situação por um ano.

Quando soltarmos o segundo, o que não recebeu nada, há duas hipóteses: uma é que ele ficou um pouco tantan, com mania de falar sozinho; outra – a que eu prefiro acreditar – é que se tornou uma pessoa mais sábia. Um ser humano melhor, mais reflexivo. Aprendeu a conhecer melhor a si mesmo, seguindo o ditado da inscrição mais famosa do oráculo de Delfos: conheça a ti mesmo.

O outro, bem… o outro sairá do quarto qual uma besta fera descontrolada, vociferando palavras de ordem contra o PT, contra o comunismo, interessado mais em ver José Dirceu na cadeia do que beijar sua esposa. E, sobretudo, será uma pessoa muito pior do que antes da experiência. Será mais intolerante, mais raivoso.

O mais irônico é que o cidadão que passou um ano trancado num quarto apenas lendo jornais estará mais desinformado do que o outro que não leu nada. Mais desinformado e ainda despreparado para receber mais informações. O outro terá alguns vazios em termos de informação, mas nada que não possa suprir em algumas semanas. Pode ser até mesmo lendo a imprensa tradicional, mas temperando com leitura de sites, blogs, conversa com amigos, interação em redes sociais.

Pensei na minha proposta de botequim ao ler os jornais desta segunda-feira. Nenhum deles dá qualquer destaque ao escândalo que dominou as redes sociais no domingo: Joaquim Barbosa infringiu a lei ao inscrever o imóvel funcional onde residia como sede de sua “corporação”, a Assas JB Corporation. Quer dizer, a Folha deu a notícia num cantinho tão escondido, ao final de uma nota sobre outro assunto, que não vale.

O Ministério do Planejamento informou que a regra é clara: segundo o inciso VII do artigo 8º da norma que rege as regras de ocupação de imóveis funcionais, esse tipo de propriedade só pode ser usado para “fins exclusivamente residenciais”.

O Brasil 247 estampou a manchete:


Tem mais coisa. O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo, declarou que “um ministro do STF, como qualquer magistrado, pode ser acionista ou cotista de empresa, mas não pode, em hipótese alguma, dirigi-la”. Toldo refere-se ao artigo 36 da Lei Complementar nº 35. “Essa lei aplica-se também aos ministros do STF. Portanto, o fato de um ministro desobedecê-la é extremamente grave e merece rigorosa apuração”, ressaltou.

O blogueiro Luis Nassif procurou a Controladoria Geral da União (CGU) para se informar sobre a gravidade da violação. A resposta foi taxativa.
De acordo com o Decreto no. 980/1993 (que regula a cessão de uso dos imóveis residenciais de propriedade da União), o permissionário (morador) tem o dever de destinar o imóvel para fins exclusivamente residenciais. Fosse um funcionário público comum, a atitude de Barbosa estaria sujeita a apuração e a penas que poderiam ir de advertência a demissão.
Nassif então faz uma denúncia duríssima contra a hipocrisia institucional no país, porque a iniciativa está em mãos de Roberto Gurgel, que por sua vez só age com autorização da grande mídia. É uma aliança espúria: Joaquim Barbosa, Roberto Gurgel e velha mídia.

Joaquim Barbosa não deu sorte. No mesmo domingo, o Globo publicou longa entrevista do presidente do STF com sua jornalista mais célebre, Miriam Leitão. A entrevista foi encomendada, notoriamente, para blindar Joaquim dos ataques que vem recebendo da “mídia subterrânea” e dos blogs “bandidos”, como ele se refere, delicadamente, a seus críticos.

A repercussão enorme da matéria publicada no Correio Braziliense acabou atrapalhando os planos da dupla Globo e Joaquim.

Entretanto, mesmo que não houvesse a matéria do Correio Braziliense, Joaquim estaria igualmente em maus lençóis pela repercussão negativa de sua entrevista. E por sua própria culpa. A entrevista de Barbosa é de um homem com delírios de paranoia. Como de praxe, esculhamba o Estado. O sujeito é tão doente que encerra a entrevista xingando o Itamaraty!

Ora, o Itamaraty de fato ficou conhecido pela falta de diplomatas negros, mas há dez anos instituiu cotas raciais, diferentemente do STF, cujo sistema de ingresso não tem nenhuma política de afirmação positiva. Barbosa parece ter prazer em desqualificar seu próprio país. Ele nem pode dizer que não sabia, porque seu próprio filho concorreu ao Itamaraty, mas faltou à entrevista final – preferiu aceitar o emprego que seu pai lhe arrumou, no programa do Luciano Huck, na Globo…

Todas as respostas de Barbosa são patéticas. O final, porém, é tão ridículo que parece uma gag de humor.
O senhor não passou no concurso?
Passei nas provas escritas, fui eliminado numa entrevista, algo que existia para eliminar indesejados. Sim, fui discriminado, mas me prestaram um favor. Todos os diplomatas gostariam de estar na posição que eu estou. Todos.
Que mediocridade! Quer dizer que ele encara o cargo de ministro no STF como uma “vingança” pessoal contra o fato de ter levado bomba na entrevista do Itamaraty? Ele acusa o Itamaraty de lhe ter discriminado, mas conhecendo Barbosa como o conhecemos agora, só posso bater palmas para o avaliador que o reprovou. Alguém consegue imaginar um homem desses, irascível, mal educado, truculento, agressivo, como um diplomata?

Leiam também o artigo que escrevi para o Tijolaço, sobre o mesmo tema.

*

O escândalo das propinas das empresas que construíram estações de metrô em São Paulo também não aparece em nenhum jornal. A Folha dá uma matéria no interior do caderno Cotidiano, sem mencionar nem uma vez os vocábulos PSDB ou Geraldo Alckmin. E o texto dá a entender, ridiculamente, que a empresa vai devolver o dinheiro superfaturado e tudo será perdoado. A matéria não tem chamada na primeira página, nem sequer na capa do caderno onde foi publicada, que já é pouco lido. Daqui a pouco a Folha estará publicando escândalos tucanos no meio dos Classificados, em fonte tamanho 5.

A mídia brasileira está se tornando uma verdadeira máquina de esconder escândalos de seus amigos. O que reforça a minha teoria de que o sujeito que lê apenas a imprensa tradicional acaba mais desinformado do que aquele que não lê nada. Porque este último, ao menos, escapa da manipulação.

sábado, 27 de julho de 2013

30%: Propina da Siemens para políticos brasileiros
(27jul2013)

"10%”? Esqueça: a taxa São Paulo-Siemens é 30%

Por Fernando Brito no sítio Tijolaço


A Istoé que vai às bancas hoje traz mais  uma reportagem explosiva sobre o caso de corrupção promovido pela americana Alstom e e pela alemã Siemens nos contratos com o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, ambas controladas pelo Governo do Estado.

Leia-se, portanto, José Serra e Geraldo Alckmin.

O escândalo, que não é novo, reacendeu semana passada com uma matéria da mesma revista revelando um “propinoduto” paulista. Uma reportagem publicada  esta semana pela Deustche Welle, agência de notícias alemã, confirma que a Siemens, embora tivesse prometido. em 2007, esclarecer todas as suspeitas de corrupção que a abalavam, continuou operando o pagamento de propinas na aquisição de contratos no Brasil.

Como a Siemens admitiu, esta semana, que “notificou as autoridades antitruste brasileiras sobre uma formação de cartel, com participação da multinacional alemã, para fraudar licitações para a compra de equipamento ferroviário e para a construção e manutenção de linhas de trem e de metrô em São Paulo e em Brasília”, o Ministério Público teve de abrir informações sobre o caso.

E o que revela a Istoé é – não há outra palavra – é uma corrupção cavalar.

Esqueça os famosos “10%”. O bico aqui é grande, muito grande: 30%.

Os prejuízos aos cofres públicos somente nos negócios já investigados, chegam a RS 425,1 milhões. Há muitos contatos para averiguar e o céu é o limite.

No final de 2011, já com o caso em apuração, a Siemens demitiu sumariamente – e publicando que tinha havido uma séria “transgressão às normas internas da empresa” – o seu presidente no Brasil, Adílson Primo.

Não se sabe qual foi a transgressão nem se conhece a norma interna violada. O que se sabe é que a Siemens tem um belo prontuário, que inclui multas de US$ 2,6 bilhões na Alemanha e nos EUA. E que deu cadeia para funcionários de empresa.

Há um magistral relatório sobre o assunto, publicado em dezembro de 2008 pelo The New York Times que descreve a ação da multinacional, sob o expressivo título de “Na Siemens, propina é apenas um item de série”, narrando requintes de corrupção, que era até contabilizada como NA - ”nutzliche Aufwendungen”, o que significa “dinheiro útil” em alemão.

Como sempre, a repercussão no restante da mídia será zero.

Atinge seus preferidos, então não é notícia.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Imprensa alemã repercute denúncia de corrupção e critica a Siemens
(24jul2013)

Escândalo no Brasil põe em dúvida esforços anticorrupção da Siemens

Do sítio da Deutsche Welle


Há alguns anos, megaescândalo de propina levou a Siemens a trocar quase toda a diretoria e pagar multas bilionárias. Empresa prometeu mudar, mas escândalo de formação de cartel no Brasil lança dúvida sobre a promessa.

Não faz muito tempo, a Siemens esteve no centro de um dos maiores escândalos de corrupção da história empresarial da Alemanha. Em novembro de 2006, um grande esquema de pagamento de propinas veio à tona, levando ao afastamento de praticamente toda a diretoria no primeiro semestre de 2007.

Em resposta ao problema, a empresa adotou um programa anticorrupção, e a nova gestão, sob o presidente Peter Löscher, garantiu que preferiria abrir mão de negócios lucrativos a ter novamente que lançar mão de práticas ilícitas.

Mas um novo caso no Brasil parece expor a dificuldade que a empresa sediada em Munique tem em transformar palavras em atos. Na última semana, a Siemens notificou as autoridades antitruste brasileiras sobre uma formação de cartel, com participação da multinacional alemã, para fraudar licitações para a compra de equipamento ferroviário e para a construção e manutenção de linhas de trem e de metrô em São Paulo e em Brasília.


Peter Löscher, presidente da Siemens

Em comunicado tornado público em seguida à divulgação da denúncia pela imprensa brasileira, o grupo afirmou que sua direção está informada da investigação e lembrou dos esforços realizados desde 2007 pela multinacional para desenvolver um sistema de controle eficaz e da "obrigação de todos os funcionários de cumprir as leis de defesa da concorrência". A companhia ressaltou também que está cooperando com as autoridades brasileiras "de forma irrestrita".

Mas, segundo o jornal Süddeutsche Zeitung, as irregularidades em negócios praticados pela Siemens no Brasil foram denunciadas à empresa já em 2008, ou seja, depois da promessa de mudança. E nada aconteceu.

Em junho de 2008 apareceram indícios muito concretos de negociações ilícitas, afirma o periódico. Um deputado brasileiro e um ex-funcionário da Siemens descreveram na época, com detalhes, a forma como a companhia fechava acordos com outras empresas. As denúncias envolviam também subornos a autoridades brasileiras. O caso era muito semelhante ao que veio à tona agora, afirma o jornal.
Em 2010, apareceram novas evidências, que, assim como as anteriores, não levaram a nada.

O jornal sugere que a Siemens não investigou os fatos na época para não ficar em desvantagem na disputa por contratos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016.


Megaescândalo de corrupção

O megaescândalo de 2006 foi um choque para a Siemens na época e deu início a um profundo processo de mudança. E também custou caro. Na sequência do escândalo, um tribunal de Munique condenou a empresa em outubro do ano seguinte a pagar uma multa de 201 milhões de euros. A Securities and Exchange Commission, reguladora do mercado acionário dos EUA, também abriu investigação contra a Siemens, já que ela é listada em Wall Street. Um acordo extrajudicial custou à companhia sediada em Munique 800 milhões de dólares.

Ao todo, os danos à empresa pelo imbróglio são avaliados em quase 3 bilhões de euros, incluindo pagamento de multas, gastos com auditorias e recolhimento suplementar de impostos.

Pouco antes do veredicto, em janeiro de 2007, a Siemens fora condenada pela União Europeia, juntamente com 11 empresas multinacionais, ao pagamento de multa de 750 milhões de euros por formação de cartel para manipulação dos preços de instalações elétricas de alta tensão. A maior parte da penalidade, 400 milhões de euros, coube ao grupo alemão. Foi a segunda maior multa já imposta a uma companhia dentro do bloco europeu.

Por pressão do governo dos EUA, a Siemens engajou o ex-ministro alemão das Finanças Theo Waigel para controlar se a empresa estava de fato modificando sua cultura empresarial e implementando as reformas acertadas. A equipe chefiada por Waigel entrevistou mais de 2.500 funcionários ao redor do mundo, entre 2009 e 2012, e, ao entregar seu relatório final, teceu elogios à empresa. "A Siemens implementou todas as nossas recomendações", declarou Waigel ao final de 2012.


Denúncia de formação de cartel

Além da Siemens, subsidiárias de outras empresas internacionais teriam participação no cartel denunciado no Brasil, incluindo a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui. Elas teriam combinado ilegalmente o valor que iriam apresentar em licitações, para conseguir preços entre 10% e 20% mais caros do que os praticados no mercado.

No início deste mês, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que atua na defesa da concorrência, realizou com a Polícia Federal uma operação de busca e apreensão em 13 empresas supostamente envolvidas no esquema, localizadas em São Paulo, Diadema, Hortolândia e Brasília. A análise do material apreendido pode, no entanto, levar até três meses.

As denúncias da Siemens dariam conta de que o cartel teria atuado em pelo menos seis licitações. No entanto, ainda não são conhecidos a abrangência real, a duração do esquema e os danos causados. Os negócios em que há envolvimento da Siemens são avaliados em centenas de milhões de euros. No começo dos anos 90, a empresa alemã ganhou concorrência para a construção da primeira fase da Linha 5 do metrô de São Paulo, estimada em 600 milhões de reais, contrato em que teria havido um acerto ilícito com a francesa Alstom.

Trens de alta velocidade da Siemens em atividade na Espanha

Também teria havido irregularidades num contrato do ano 2000 para fornecimento de dez trens, em 2000, que a Siemens construiu juntamente com a Mitsui. E também teria havido fraudes em relação a contratos assinados pela Siemens em 2007, no valor de 96 milhões de reais por ano, para manutenção do metrô de Brasília. Nesse caso, a empresa alemã teria feito acordo ilícito com a Alstom, que fornecera os trens ao governo do Distrito Federal.

Ao denunciar o esquema, a Siemens assinou, segundo a imprensa brasileira, um acordo de leniência, garantindo à empresa e a seus executivos imunidade contra punições da justiça, caso a formação de cartel seja confirmada, em contrapartida à cooperação nas investigações.


Trem-bala

A denúncia da Siemens sobre formação de cartel em projetos na área de transporte ferroviário chega em um momento sensível. No próximo mês, deve ocorrer o leilão para a construção do trem de alta velocidade que ligará Rio e São Paulo, o primeiro do tipo na América Latina.

As empresas envolvidas no suposto cartel estão entre os candidatos mais promissores na disputa pelo megaprojeto, cujos custos são avaliados pelo governo brasileiro em 35 bilhões de reais. Além das cinco multinacionais acusadas de acordos ilícitos de preços, apenas outras cinco empresas no mundo são capazes de construir trens de alta velocidade, das quais, por sua vez, somente a sul-coreana Rotem confirmou interesse em participar da concorrência.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O megaescândalo da Rede Vênus em quadrinhos
(24jul2013)

Do sítio Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim

Clique na imagem para ampliar:




O silêncio cúmplice e suicida dos concorrentes da Globo
(24jul2013)

Por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

Ao se calarem diante do comportamento predador da emissora, as empresas de mídia deixaram crescer um monstro que as sufoca.


Otavio Frias e uma assessora de imprensa no lançamento de uma peça sua

Sonegação é um problema sério numa economia.

Para os cofres públicos, significa dinheiro a menos para construir escolas, portos, hospitais, estradas etc.

Para o mercado, é uma agressão à concorrência justa: quem sonega tem vantagem competitiva sobre quem paga impostos. Sobram mais recursos para investir, por exemplo.

Por tudo isso, o caso Globo é espantoso: como a empresa pôde se safar impunemente, durante tanto tempo, sendo uma sonegadora serial?

Uma informação que está circulando freneticamente na internet hoje é quase inacreditável.

Documentos obtidos pelo Hoje em Dia, jornal de Belo Horizonte, mostram que nos últimos dois anos a Globo foi notificada 776 vezes pela Receita Federal por sonegação fiscal.

Os papeis mostram também que, ao contrário do que a Globo afirmou recentemente em nota, não foi quitada a dívida de 600 milhões de reais com a Receita relativa ao caso da trapaça contábil na compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002.

Segundo o Hoje em Dia, a papelada comprova ainda que o Ministério Público Federal, ao ser avisado sobre operações irregulares da Globo nas Ilhas Virgens Britânicas, “prevaricou muito”.

“Ao invés de solicitar investigação à Polícia Federal, [o MP] preferiu emitir um parecer que atesta não ter ocorrido nenhum ato ilícito nas transações nas Ilhas Virgens”, afirma o Hoje em Dia. “Um inquérito criminal contra os irmãos Marinho chegou a ser instaurado, mas também sumiu das dependências da Receita Federal.”

Não há nada que a Globo não pareça fazer para sonegar. Dias atrás, por exemplo, soube-se que o jornalista Carlos Dornelles conseguiu levantar uma cifra calculada em 1 milhão de reais num acordo judicial com a Globo.

Dornelles acionou a empresa por causa de uma prática comum ali: pegar jornalistas, sobretudo os mais bem pagos, e transformá-los contabilmente em PJs com o único objetivo de sonegar.

Dornelles tinha sido transformado em PJ em seus últimos anos de Globo embora fizesse o mesmo que fazia quando era contratado pela CLT.


Nos protestos, a Globo foi um dos maiores alvos

O que leva a Globo a ser tão deletéria?

A certeza da impunidade é um dos pontos centrais para entender essa questão. Essa certeza deriva de muitas coisas, como os laços que a empresa mantém com altas patentes do Judiciário.

E também da omissão cúmplice dos concorrentes da Globo, que acabam esmagados por ela, numa competição injusta e desigual, sem fazer nada.

Nenhuma grande empresa jornalística se mobilizou para investigar o caso da Copa de 2002, por exemplo.

O blog O Cafezinho publicou uma denúncia que era nitroglicerina pura: o flagrante que a Receita dera na Globo. Estava tudo documentado. Mas a mídia nada fez.

Podemos imaginar que parte do silêncio se deve a que a Globo saiba informações pouco edificantes das demais empresas de mídia, e poderia publicá-las sob pressão.

Mas mesmo assim. Nada fazer – e é o que tem acontecido desde que a Globo é a Globo – acabou transformando a emissora no monstro monopolista que é.

Os problemas para a Globo só apareceram pela ação da mídia digital, não controlada – graças a Deus — pelos irmãos Marinhos.

Uma vez publicadas as malfeitorias da Globo, é difícil acreditar que o regime de vida boa na contravenção possa perdurar.

Quando a posteridade estudar o caso Globo, terá dificuldade em compreender certas coisas.

Sendo a emissora não nociva perante seus concorrentes, deixando-lhes apenas migalhas, como eles puderam ficar imobilizados, mesmo sob o risco de revelações complicadas?

A competição não se limitou a silenciar. Deu uma cobertura para a Globo sem limites – ao ponto de irritar os leitores.

Poucos meses atrás, a Folha publicou a carta de um leitor indignado com o espaço dedicado na Ilustrada às novelas.

A revista Veja dedica regularmente grandes reportagens a novelas da Globo, e o BBB é um assunto de toda a mídia nacional.

O resultado disso foi, sempre, apenas alimentar uma companhia de caráter predador.

Sonegação pode ser, às vezes, a saída desesperada e arriscada de uma empresa em dificuldades.

Este está longe de ser o caso.

Recentemente, a revista Exame publicou o resultado da Globo em 2012. “No acumulado de 2012, a companhia lucrou 2,9 bilhões de reais – um aumento de 35,9% ante o resultado do ano anterior”, escreveu a Exame.

A receita líquida da empresa também avançou 32,4% em 2012 e chegou a 12,6 bilhões de reais.

Por que, então, sonegar?

Olhe o patrimônio dos acionistas. Segundo a Forbes, os irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho têm, cada um, uma fortuna avaliada em quase 9 bilhões de dólares.

O caso pertence à patologia humana e corporativa.

A Globo fez uma imensa farra no Brasil – até que apareceu uma coisa chamada internet em seu caminho.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Globo tem bens bloqueados
(23jul2013)

Por Amaury Ribeiro Jr. e Rodrigo Lopes, no sítio Viomundo


O Viomundo antecipa, com exclusividade, coluna que será publicada nas próximas horas pelo jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte:

A Globopar, empresa ligada à TV Globo, está com parte de suas contas bancárias e bens bloqueados, devido a um dívida ativa de R$ 178 milhões com o Tesouro Nacional. De acordo com documentos conseguidos pelo Hoje em Dia na Justiça Federal do Rio de Janeiro, a dívida inscrita no cadastro de inadimplentes federais foi originada por várias sonegações de impostos federais.

Por solicitação da Procuradoria da Fazenda Nacional do Rio de Janeiro, as contas bancárias da Infoglobo e a da empresa Globo LTDA também chegaram a ser bloqueadas. Mas os irmãos Marinho – Roberto Irineu, José Roberto e João Roberto – conseguiram autorização da Justiça para liberar o bens dessas duas últimas empresas no mês passado, na 26ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro.

Tem mais... Acesse aqui a íntegra da matéria.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Uma breve história da luta da grande mídia contra os interesses nacionais
(22jul2013)

Por Leandro Severo, reproduzido do sítio Adital


Em 1941, enquanto milhões de homens e mulheres derramavam seu sangue pela liberdade nos campos da Europa e da União Soviética, a elite dos círculos financeiros dos Estados Unidos já traçava seus planos para o pós-guerra. Como afirmou Nelson Rockefeller, filho do magnata do petróleo John D. Rockefeller, em memorando que apresentava sua visão ao presidente Roosevelt: "Independente do resultado da guerra, com uma vitória alemã ou aliada, os Estados Unidos devem proteger sua posição internacional através do uso de meios econômicos que sejam competitivamente eficazes...” (COLBY, p.127, 1998). Seu objetivo: o domínio do comércio mundial, através da ocupação dos mercados e da posse das principais fontes de matéria-prima. Anos mais tarde o ex-secretário de imprensa do Congresso americano, Gerald Colby, sentenciava sobre Rockefeller: "no esforço para extrair os recursos mais estratégicos da América Latina com menores custos, ele não poupava meios” (COLBY, p.181, 1998).

Neste mesmo ano, Henry Luce, editor e proprietário de um complexo de comunicações que tinha entre seus títulos as revistas Time, Life e Fortune, convocou os norte-americanos a "aceitar de todo o coração nosso dever e oportunidade, como a nação mais poderosa do mundo, o pleno impacto de nossa influência para objetivos que consideremos convenientes e por meios que julguemos apropriados” (SCHILLER, p.11, 1976). Ele percebeu, com clareza, que a união do poder econômico com o controle da informação seria a questão central para a formação da opinião pública, a nova essência do poder nacional e internacional.

Evidentemente para que os planos de ocupação econômica pelas corporações americanas fossem alcançados havia uma batalha a ser vencida: Como usurpar a independência de nações que lutaram por seus direitos? Como justificar uma postura imperialista do país que realizou a primeira insurreição anticolonial?

A resposta a esta pergunta foi dada com rigor pelo historiador Herbert Schiller: "Existe um poderoso sistema de comunicações para assegurar nas áreas penetradas, não uma submissão rancorosa, mas sim uma lealdade de braços abertos, identificando a presença americana com a liberdade – liberdade de comércio, liberdade de palavra e liberdade de empresa. Em suma, a florescente cadeia dominante da economia e das finanças americanas utiliza os meios de comunicação para sua defesa e entrincheiramento onde quer que já esteja instalada e para sua expansão até lugares onde espera tornar-se ativa” (SCHILLER, p.13, 1976).

Foi exatamente ao que seu setor de comunicações se dedicou. Estava com as costas quentes, já que as agências de publicidade americanas cuidavam das marcas destinadas a substituir as concorrentes europeias arrasadas pela guerra. O setor industrial dos EUA havia alcançado um vertiginoso aumento de 450% em seu lucro líquido no período 1940-1945, turbinado pelos contratos de guerra e subsídios governamentais. Com esta plataforma invadiram a América Latina e o mundo.

Com o suporte do coordenador de Assuntos Interamericanos (CIIA), Nelson Rockefeller, mais de mil e duzentos donos de jornais latinos recebiam, de forma subsidiada, toneladas de papel de imprensa, transportada por navios americanos. Além disso, milhões de dólares em anúncios publicitários das maiores corporações eram seletivamente distribuídos. É claro que o papel e a publicidade não vinham sozinhos, estavam acompanhados de uma verdadeira enxurrada de matérias, reportagens, entrevistas e releases preparados pela divisão de imprensa do Departamento de Estado dos EUA.

A vontade de conquistar as novas "colônias” e ocupar novos territórios como haviam feito no século anterior, no velho oeste, não tinha limites. No Brasil, circulava desde 1942, a revista Seleções (do Reader’s Digest), trazida por Robert Lund, de Nova York. A revista, bem como outras publicações estrangeiras, pagavam os devidos direitos aduaneiros por se tratarem de produtos importados, mas solicitou, e foi atendida pelo procurador da República, Temístocles Cavalcânti, o direito de ser editada e distribuída no Brasil, com o argumento de ser uma revista sem implicações políticas e limitada a publicar conteúdos culturais e científicos. Assim começou a tragédia.

Logo chegou o grupo Vision Inc., também de Nova York, com as revistas Dirigente Industrial, Dirigente Rural, Dirigente Construtor e muitos outros títulos que vinham repletos de anúncios das corporações industriais. Um fato bastante ilustrativo foi o da revista brasileira Cruzeiro Internacional, concorrente da Life International, que apesar de possuir grande circulação, nunca foi brindada com anúncios, enquanto a concorrente americana anunciava produtos que, muitas vezes, nem sequer estavam à venda no Brasil.

Ficava claro que os critérios até então estabelecidos para o mercado publicitário, como tempo de circulação efetiva, eficiência de mensagem e comprovação de tiragem, de nada adiantavam. O que estava em jogo era muito maior.

Um papel importantíssimo na ocupação dos novos mercados foi desempenhado pelas agências de publicidade americanas. McCann-Erickson e J. Warter Thompson eram as principais e tinham seu trabalho coordenado diretamente pelo Departamento de Estado. Para se ter uma ideia a McCann-Erickson , nos anos 60, possuía 70 escritórios e empregava 4619 pessoas, em 37 países, já a J. Warter Thompson tinha 1110 funcionários, somente na sede de Londres. Os Estados Unidos tinham 46 agências atuando no exterior, com 382 filiais. Destas 21 agências em sociedade com britânicos, 20 com alemães ocidentais e 12 com franceses. No Brasil atuavam 15 agências, todas elas com instruções absolutamente claras de quem patrocinar.

No início dos anos 50, Henry Luce, do grupo Time-Life, já estava luxuosamente instalado em sua nova sede de 70 andares na área mais nobre de Manhattan, negócio imobiliário que fechou com Nelson Rockefeller e seu amigo Adolf Berle, embaixador americano no Brasil na época do primeiro golpe contra o presidente Getúlio Vargas. Luce mantinha fortes relações com os irmãos Cesar e Victor Civita, ítalo-americanos nascidos em Nova Iorque. Cesar foi para a Argentina em 1941 onde montou a Editorial Abril, como representante da companhia Walt Disney, já Victor, em 1950, chega ao Brasil e organiza a Editora Abril. Neste mesmo período seu filho, Roberto Civita, faz um estágio de um ano e meio na revista Time, sob a tutela de Luce e logo retorna para ajudar o pai.

Poucos anos depois, o mercado editorial brasileiro está plenamente ocupado por centenas de publicações que cantavam em prosa e verso o american way of life. Somente a Abril, financiada amplamente pelas grandes empresas americanas, edita diversas revistas: Claudia, Quatro Rodas, Capricho, Intervalo, Manequim, Transporte Moderno, Máquinas e Metais, Química e Derivados, Contigo, Noiva, Mickey, Pato Donald, Zé Carioca, Almanaque Tio Patinhas, a Bíblia Mais Bela do Mundo, além de diversos livros escolares.

Em 1957, uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados, comprova que "O Estado de São Paulo”, "O Globo” e "Correio da Manhã” foram remunerados pela publicidade estrangeira para moverem campanhas contra a nacionalização do petróleo.

Em 1962, o grupo Time-Life encontra seu parceiro ideal para entrar de vez no principal ramo das comunicações, a Televisão. A recém fundada TV Globo, de Roberto Marinho. Era uma estranha sociedade. O capital da Rede Globo era de 600 milhões de cruzeiros, pouco mais de 200 mil dólares, ao câmbio da época. O aporte dado "por empréstimo” pela Time-Life era de seis milhões de dólares e a empresa tinha um capital dez mil vezes maior.

Como denunciou o deputado João Calmon, presidente da Abert (Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão): "Trata-se de uma competição irresistível, porque além de receber oito bilhões de cruzeiros em doze meses, uma média de 700 milhões por mês, a TV Globo recebe do Grupo Time-Life três filmes de longa metragem por dia – por dia, repito... Só um ‘package’, um pacote de três filmes diários durante o ano todo, custa na melhor das hipóteses, dois milhões de dólares” (HERZ, p.220, 2009).

O Brasil e o mundo estão em efervescência. A tensão é crescente com revoluções vitoriosas na China e em Cuba. A luta pela independência e soberania das nações cresce em todos continentes e os EUA colocam em marcha golpes militares por todo o planeta. A Guerra Fria está em um ponto agudo.

É nesse quadro que a Comissão de Assuntos Estrangeiros do Congresso dos EUA, em abril de 1964, no relatório "Winning the Cold War. The O.S. Ideological Offensive” define:
"Por muitos anos os poderes militar e econômico, utilizados separadamente ou em conjunto, serviram de pilares da diplomacia. Atualmente ainda desempenham esta função, mas o recente aumento da influência das massas populares sobre os governos, associado a uma maior consciência por parte dos líderes no que se refere às aspirações do povo, devido às revoluções concomitantes do século XX, criou uma nova dimensão para as operações de política externa. Certos objetivos dessa política podem ser colimados tratando-se diretamente com o povo dos países estrangeiros, em vez de tratar com seus governos. Através do uso de modernos instrumentos e técnicas de comunicação, pode-se hoje em dia atingir grupos numerosos ou influentes nas populações nacionais – para informá-los, influenciar-lhes as atitudes e, às vezes, talvez, até mesmo motivá-los para uma determinada linha de ação. Esses grupos, por sua vez, são capazes de exercer pressões notáveis e até mesmo decisivas sobre seus governos” (SCHILLER, p.23, 1976).
A ordem estava dada: "informar”, influenciar e motivar. A rede está montada, o financiamento definido.

O jornalista e grande nacionalista, Genival Rabelo, exatamente nesta hora, denuncia no jornal Tribuna da Imprensa do Rio de Janeiro: "Há, por trás do grupo (Abril), recursos econômicos de que não dispõem as editoras nacionais, porém muito mais importante do que isso está o apoio maciço que a indústria e as agências de publicidade americanas darão ao próximo lançamento do Sr. Victor Civita, a exemplo do que já fizeram com as suas 18 publicações em circulação, bem como as revistas do grupo norte-americano Vision Inc.” (RABELO, p.38, 1966)

Mas é necessário mais. É preciso enfraquecer, calar e quebrar tudo que seja contrário aos interesses dos monopólios, tudo que possa prejudicar os interesses das corporações. A General Eletric, General Motors, Ford, Standard Oil, DuPont, IBM, Dow Chemical, Monsanto, Motorola, Xerox, Jonhson & Jonhson e seus bancos J. P. Morgan, Citibank, Chase Manhattan precisam estar seguros para praticar sua concorrência desleal, para remeter lucros sem controle, para desnacionalizar as riquezas do país se apossando das reservas minerais.

Várias são as declarações, nesta época, que deixam claro qual o caminho traçado pelos EUA. Nas palavras de Robert Sarnoff, presidente da RCA – Radio Corporation of America – "a informação se tornará um artigo de primeira necessidade equivalente a energia no mundo econômico e haverá de funcionar como uma forma de moeda no comércio mundial, convertível em bens e serviços em toda parte” (SCHILLER, p.18, 1976). Já a Comissão Federal de Comunicações (FCC), em informe conjunto dos Ministérios do Exterior, Justiça e Defesa, afirmava: "as telecomunicações evoluíram de suporte essencial de nossas atividades internacionais para ser também um instrumento de política externa” (SCHILLER, p.24, 1976).

É esclarecedor o pensamento do delegado dos Estados Unidos nas Nações Unidas, vice-ministro das Relações Exteriores, George W. Ball, em pronunciamento na Associação Comercial de Nova Iorque:
"Somente nos últimos vinte anos é que a empresa multinacional conseguiu plenamente seus direitos. Atualmente, os limites entre comércio e indústria nacionais e estrangeiros já não são muito claros em muitas empresas. Poucas coisas de maior esperança para o futuro do que a crescente determinação do empresariado americano de não mais considerar fronteiras nacionais como demarcação do horizonte de sua atividade empresarial” (SCHILLER, p.27, 1976).
A ação desencadeada pelos interesses externos já havia produzido a falência de muitos órgãos de imprensa nacionais e, por outro lado, despertado a consciência de muitos brasileiros de como os monopólios utilizam seu poder de pressão e de chantagem. Em 1963, o publicitário e jornalista Marcus Pereira afirmava em debate na TV Tupi, em São Paulo: "Em última análise, a questão envolve a velha e romântica tese da liberdade de imprensa, tão velha como a própria imprensa. Acontece que a imprensa precisa sobreviver, e, para isso, depende do anunciante. Quando esse anunciante é anônimo, pequeno e disperso não pode exercer pressão, por razões óbvias. É o caso das seções de ‘classificados’ dos jornais. Mas poucos jornais têm ‘classificados’ em quantidade expressiva. A maioria dos jornais e a totalidade das revistas vivem da publicidade comercial e industrial, dos chamados grandes anunciantes. Acho que posso parar por aqui, porque até para os menos afoitos já adivinharam a conclusão” (RABELO, p.56, 1966).

Não é difícil perceber o quanto a submissão aos interesses econômicos estrangeiros levou a dita "grande mídia” brasileira a se afastar da nação. A se tornar, ao longo dos anos, em uma peça chave da política do Imperialismo. Em praticamente todos os principais momentos da vida nacional se inclinaram para o golpismo e a traição. Já no primeiro golpe contra Getúlio, depois, contra sua eleição, contra sua posse, contra a criação da Petrobrás, contra a eleição de Juscelino, contra João Goulart, contra as reformas de base, apoiando a Ditadura, apoiando a política econômica de Collor, apoiando Fernando Henrique e suas privatizações, atacando Lula.

Hoje, ela novamente tem lado: o das concessões de estradas, portos e aeroportos, o dos leilões de privatização do petróleo e da necessidade da elevação das taxas de juros, do controle do déficit público com evidentes restrições aos investimentos governamentais, ou seja, da aceitação de um neoliberalismo tardio.

Porque atuam desta forma? Genival Rabelo deu a resposta: "Um industrial inteligente desta cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro me fez outro dia, esta observação, em forma de desafio: ‘Dou-lhe um doce, se nos últimos cinco anos você pegar uma edição de O Globo que não estampe na primeira página uma notícia qualquer da vida americana, dos feitos americanos, da indústria americana, do desenvolvimento científico americano, das vitórias e bombardeios americanos. A coisa é tão ostensiva que, muita vez, sem ter o que publicar sobre os Estados Unidos na primeira página, estando o espaço reservado para esse fim, o secretário do jornal abre manchete para a volta às aulas na cidade de Tampa, Miami, Los Ángeles, Chicago ou Nova Iorque. Você não encontra a volta às aulas em Paris, Nice, Marselha, ou outra cidade qualquer da França, na primeira pagina de O Globo, porque, de fato, isso não interessa a ninguém. Logo, não pode deixar de haver dólar por trás de tudo isso...’ Outro amigo presente, no momento, e sendo homem de publicidade concluiu, deslumbrado com seu próprio achado: ‘É por isso que O Globo não aceita anúncio para a primeira página. Ela já está vendida. É isso. É isso!’. ‘E muito bem vendida, meu caro –arrematou o industrial– A peso de ouro’ ” (RABELO, p.258, 1966).


Referências:

COLBY, G; DENNETT, C. Seja feita a vossa vontade: a conquista da Amazônia, Nelson Rockefeller e o evangelismo na idade do Petróleo. Tradução: Jamari França. Rio de Janeiro : Record, 1998.

HERZ, D. A história secreta da Rede Globo. Porto Alegre : Dom Quixote, 2009. (Coleção Poder, Mídia e Direitos Humanos)

RABELO, G. O Capital Estrangeiro na Imprensa Brasileira. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 1966.

SCHILLER, H. I. O Império norte-americano das comunicações. Tradução: Tereza Lúcia Halliday. Petrópolis : Vozes, 1976.

sábado, 20 de julho de 2013

Raízes do Brasil: no levante dos bisturis, ressoa o engenho colonial
(20jul2013)

Por Saul Leblon, no sítio Carta Maior

Credite-se à elite brasileira façanhas anteriores dignas de figurar, como figuram, nos rankings da vergonha do nosso tempo.

A seleta inclui a resistência histórica à retificação de uma das piores estruturas de renda do planeta.

Ademais de levantes bélicos (32,62,64 etc) contra qualquer aroma de interferência num patrimônio de poder e riqueza acumulado por conhecidos métodos de apropriação.

O repertório robusto ganha agora um destaque talvez inexcedível em seu simbolismo maculoso.

A rebelião dos médicos contra o povo.

Sim, os médicos, aos quais o senso comum associa a imagem de um aliado na luta apela vida, hoje lutam nas ruas do Brasil.

Contra a adesão de profissionais ao programa ‘Mais Médicos', que busca mitigar o atendimento onde ele inexiste.

A iniciativa federal tem uma dimensão estrutural, outra emergencial.

A estrutural incorpora as unidades de ensino à política de saúde pública. Prevê um currículo estendido em dois anos de serviços remunerados no SUS.

Prevê, ademais, investimentos que dotem os alvos emergenciais de estruturas dignas de atendimento.

A ação transitória requisitará contingentes médicos, cerca de 10 mil inicialmente, para servir em 705 municípios onde o atendimento inexiste.

Ou naqueles aquém da já deficiente média nacional de 1,8 médico por mil habitantes ( na Inglaterra, pós Tatcher, diga-se, é de 2,7 por mil).

Enquadram-se neste caso outros 1.500 municípios.

O salário oferecido é de R$ 10 mil.

O programa recebeu cerca de 12 mil inscrições.

Mas o governo teme a fraude.

A sublevação branca incluiria táticas ardilosas: uma corrente de inscrições falsas estaria em operação para inibir o concurso de médicos estrangeiros, sobre os quais os nacionais tem precedência.

Consumada a barragem, desistências em massa implodiriam o plano do governo no último dia de inscrição.

Desferir o golpe de morte com a manchete do fracasso estrondoso caberia à mídia, com larga experiência no ramo da sabotagem antipopular e antinacional.

A engenharia molecular contra a população pobre constrange o Brasil.

Cintila no branco da mesquinhez a tradição de uma elite empenhada em se dissociar do que pede solidariedade para existir: nação, democracia, cidadania.

O boicote ao ‘Mais Médicos’ não é um ponto fora da curva.

Em dezembro de 2006, a coalizão demotucana vingou-se do povo que acabara de rejeita-la nas urnas.

Entre vivas de um júbilo sem pejo, derrubou-se a CPMF no Congresso.

Nas palavras de Lula (18/07):
"No começo do meu segundo mandato, eles tiraram a CPMF. Se somar o meu mandato mais dois anos e meio da Dilma, eles tiraram R$ 350 bilhões da saúde. Tínhamos lançado o programa Mais Saúde. Eles sabiam que tínhamos um programa poderoso e evitaram que fosse colocado em prática". 
As ruas não viram a rebelião branca defender, então, o investimento em infraestrutura como requisito à boa prática médica, ao contrário de agora.

A CPMF era burlada na sua finalidade?

Sim, é verdade.

Por que não se ergueu a corporação em defesa do projeto do governo de blindar a arrecadação, carimbando o dinheiro com exclusividade para a saúde?

O cinismo conservador é useiro em evocar a defesa do interesse nacional e social enquanto procede à demolição virulenta de projetos e governos assim engajados.

Encara-se o privilégio de classe como o perímetro da Nação. Aquela que conta.

O resto é sertão.

A boca do sertão, hoje, é tudo o que não pertence ao circuito estritamente privado.

O sertão social pode começar na esquina, sendo tão agreste ao saguão do elevador, quanto Aragarças o foi para os irmãos Villas Boas, nos anos 40, rumo ao Roncador.

Sergio Buarque de Holanda anteviu, em 1936, as raízes de um Brasil insulado em elites indiferentes ao destino coletivo.

O engenho era um Estado paralelo ao mundo colonial.

O fastígio macabro fundou a indiferença da casa-grande aos estalos, gritos e lamentos oriundos da senzala ao lado, metros à vezes, da sala de jantar.

Por que os tataranetos se abalariam com a senzala das periferias conflagradas e a dos rincões inaudíveis?

Ninguém desfruta 388 anos de escravidão impunemente.

Os alicerces do engenho ficaram marmorizados no DNA cultural das nossas elites: nenhum compromisso com o mundo exterior, exceto a pilhagem e a predação; usos e abusos para consumo e enriquecimento.

A qualquer custo.

O Estado nascido nesse desvão tem duas possibilidades aos olhos das elites: servi-la como extensão de seus interesses ou encarnar o estorvo a ser abatido.

A seta do tempo não se quebrou, diz o levante branco contra o 'intervencionismo'.

O particularismo enxerga exorbitância em tudo o que requisita espírito público.

Mesmo quando está em questão a vida.

Se a organização humanitária ‘Médicos Sem Fronteiras' tentasse atuar no Brasil, em ‘realidades que não podem ser negligenciadas', como evoca o projeto que ganhou o Nobel da Paz, em 1999, possivelmente seria retalhada pela revolta dos bisturis.

Jalecos patrulham as fronteiras do engenho corporativo; dentro delas não cabem os pobres do Brasil.

A mídia não mostra a terceira torre do WTC que desabou em NY em 11 de setembro de 2001
(20jul2013)

Estou postando este vídeo porque acessei essa informação há pouco tempo. Pensava eu que era desinformação minha, e que isso fosse do conhecimento geral. No entanto, em conversas com diversas pessoas de meu convívio, percebo que NINGUÉM a quem perguntei sobre isso sabia dessa terceira torre.

O fato é que essas imagens daquele dia que virou do avesso os rumos da nossa civilização não são mostradas pela mídia. Quando há alguma referência ao 11 de setembro, o que é exaustivamente mostrado é o desabamento das duas torres gêmeas.

No entanto, uma torre de 47 andares pertencente ao complexo do World Trade Center e que não ficava tão próxima das torres desabadas desabou no final da tarde daquele dia. Essas imagens são perturbadoras porque qualquer um que tenha visto alguma filmagem de demolições controladas de edifícios verá imediatamente a semelhança total entre os desabamentos.

Uma demolição controlada requer meses de trabalho exaustivo para balancear as explosões de modo a romper as estruturas e a fazer com que o edifício desabe verticalmente, exatamente sobre o terreno onde foi construído, sem causar danos maiores às construções vizinhas. E é exatamente assim que aquela torre "desabou".

Vejam o vídeo da Associação dos Arquitetos e Engenheiros dos EUA - "Desvendando os mistérios do 11 de setembro" - e tirem suas próprias conclusões:

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Teoria da conspiração? Até quando permitiremos que nos explorem e nos escravizem?
(19jul2013)

Do sítio Thrive

THRIVE é um documentário não-convencional que levanta o véu sobre o que está realmente acontecendo no nosso mundo, seguindo o dinheiro corrente acima - revelando a consolidação de poder global em quase todos os aspectos de nossas vidas. Tecendo avanços na ciência, consciência e ativismo, THRIVE oferece soluções reais, capacitando-nos com estratégias inéditas e ousadas para reivindicar nossas vidas e nosso futuro.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Guerra às drogas só faz bem a quem lucra com o crime
(18jul2013)

Do blog Sem Juízo, por Marcelo Semer

Prisões se abarrotam, polícia se degrada, crime organizado ganha corpo. Poucas políticas podem se dar ao luxo de tamanho estrago

Levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) concluiu que nos últimos três anos, o volume de presos por tráfico de entorpecentes cresceu 30%, três vezes mais do que o restante do sistema penitenciário. O comércio ilegal em nada diminuiu nesse período.

Mais de uma dezena de policiais civis de São Paulo, encarregados do combate ao narcotráfico, foram presos nessa semana, suspeitos de vender informações para traficantes ligados à principal facção criminosa do Estado.

O que as duas notícias revelam em conjunto é o fracasso absoluto da guerra contra as drogas, que só tem servido para contribuir e vitaminar o próprio crime.

Entre os presos, um número superior a 80% é formado por microtraficantes, operários de venda a varejo do entorpecente, facilmente substituídos.

O problema é que estes jovens depois de encarcerados criam vínculos que acabam por fortalecer as próprias facções.

As prisões se abarrotam, a polícia se degrada, o crime organizado ganha corpo. Sem nenhuma melhora para a saúde pública, que a lei diz tutelar.

Poucas políticas criminais podem se dar ao luxo de promover tamanho estrago como essa.

Política que, verdade seja dita, não se esgota no Legislativo.

A tônica da repressão permeia também policiais, promotores e juízes, que em parcela considerável se mostram refratários até à aplicação de benefícios expressamente previstos na lei, como por exemplo, as penas restritivas de direito.

O fator criminógeno da guerra contra as drogas é tão grande que daqui a pouco será possível discutir a apologia não daqueles que lutam pela legalização, mas justamente dos que sustentam a bandeira de mais e mais repressão.

A proposta de internação compulsória de viciados em crack, tida como peça de resistência da política, só foi capaz de revelar o enorme déficit para o tratamento pelo sistema de saúde. Representantes do Ministério Público chegaram a denunciar a abertura indevida de vagas em hospitais por desinternações precoces de outros pacientes psiquiátricos mais graves.

Se uma pequena parte dos milionários recursos dispendidos na repressão fosse diretamente destinado à saúde, esse déficit com certeza seria bem menor.

Mas a depender das disposições de governos estaduais e federal, o dinheiro só não faltará quando os tratamentos se terceirizarem, abundando recursos a entidades mais ou menos terapêuticas, a maior parte delas religiosas.

É bem provável que a guerra contra as drogas também derive assim pelo caminho da privatização, como quase toda política social dos últimos tempos.

A saúde pública se deteriorou há décadas, abrindo largo espaço para as seguradoras que passaram a controlar a iniciativa privada. Mecanismo não muito distinto do que aconteceu com a educação, convertida progressivamente em uma mercadoria valiosa.

A indústria da segurança privada floresce com o esquartejamento progressivo das polícias e as empresas já se ouriçam para oferecer respostas à superpopulação carcerária.

Não é a má gerência dos serviços públicos que abre espaço para a privatização. É a volúpia do mercado que provoca o sucateamento do Estado.

Enfim, se não fosse por outros motivos, só por seu alto custo, pela ineficiência e pelo paradoxal estímulo ao que se pretende reprimir, a guerra contra as drogas deveria ser seriamente repensada no país.

terça-feira, 16 de julho de 2013

A verdade não falada: Golpe de Estado na América
(16jul2013)

Por Dr. Paul Craig Roberts

Global Research, 14 de julho de 2013
paulcraigroberts.org

O povo estadunidense sofreu um golpe de Estado, mas está hesitante em reconhecer isso. Falta legitimidade constitucional e legal ao regime hoje no poder em Washington. Estadunidenses são governados por usurpadores que proclamam que o poder executivo está acima da lei e que a Constituição dos EUA é um mero "chumaço de papel".

Um governo inconstitucional é um governo ilegítimo. O juramento de obediência requer a defesa da Constituição "contra todos os inimigos, externos ou domésticos". Conforme os Pais Fundadores deixaram claro, o principal inimigo da Constituição é o próprio governo. O poder não gosta de ser limitado e manietado, e constantemente trabalha para se libertar de restrições.

A base do regime em Washington não é nada mais do que um poder usurpado. O Regime de Obama, assim como o Regime de Bush/Cheney, não tem legitimidade. Estadunidenses são oprimidos por um governo ilegítimo atuando não pela lei e pela Constituição, mas por mentiras e pura força [sem disfarces]. Aqueles que estão no governo veem a Constituição dos EUA como uma "corrente que prende nossas mãos".

O regime do apartheid na África do Sul era mais legítimo do que o regime em Washington. O apartheid israelense na Palestina é mais legítimo. O Taliban é mais legítimo. Muammar Gaddafi e Saddam Hussein eram mais legítimos.

A única proteção constitucional que os regimes Bush/Obama deixaram em pé é a Segunda Emenda, uma emenda sem sentido se se considera a disparidade nos braços entre Washington e o que é permitido à cidadania. Nenhum cidadão com um rifle poderá proteger a si próprio e à sua família de um dos 2.700 tanques do Departamento de Segurança da Pátria [Department of Homeland Security], de um drone ou de uma força da SWAT com armaduras e armamentos pesados.

Da mesma forma que servos das idades das trevas, os cidadãos estadunidenses podem ser apanhados pela autoridade de uma pessoa desconhecida do braço executivo e atirados num calabouço, sujeitos a torturas, sem que nenhuma evidência nunca seja apresentada para um tribunal ou que qualquer informação sobre seu paradeiro seja repassada a seus familiares. Ou eles podem ser incluídos sem explicação numa lista que cerceie suas viagens aéreas. Toda comunicação de todos os estadunidenses, exceto por conversas cara a cara em ambientes não grampeados, é interceptada e gravada pela National Stasi Agency, da qual frases podem ser postas juntas para produzir um "extremista doméstico".

Se atirar um cidadão estadunidense num calabouço for muito problemático, o cidadão pode simplesmente ser explodido com um míssil lançado de um drone. Nenhum esclarecimento é necessário. Para o tirano Obama, o ser humano exterminado era somente um nome em uma lista.

O presidente dos estados unidos [em minúsculas no original em inglês] declarou que ele possui esses direitos constitucionalmente proibidos, e seu regime os tem usado para oprimir e assassinar cidadãos estadunidenses. A proclamação do presidente de que sua vontade está acima da lei e da Constituição é do conhecimento público. Todavia, não há uma demanda pelo impedimento do usurpador. O Congresso está indiferente. Os servos estão obedientes.

O pessoal que ajudou a transformar um presidente democraticamente responsável em um César inclui John Yoo, que foi recompensado por sua traição sendo aceito como professor de leis na Universidade da Califórnia, Berkeley, escola de direito de Boalt. Jay Scott Bybee, colega de Yoo na traição, foi recompensado com sua indicação como juiz federal do Nono Circuito na Corte de Apelação dos Estados Unidos. Agora temos um professor de direito ensinando, e um juiz federal regulamentando, que o poder executivo está acima da lei.

O golpe do poder executivo contra os EUA teve êxito. A questão é: vai ficar assim? Hoje, o poder executivo consiste de mentirosos, criminosos e traidores. O mal sobre a Terra parece concentrar-se em Washington.

A resposta de Washington à evidência posta por Edward Snowden de que Washington, em total desrespeito à lei tanto doméstica quanto internacional, está espionando o mundo inteiro demonstrou a todo o país que Washington coloca o prazer da vingança acima da lei e dos direitos humanos.

Sob ordens de Washington, seus estados fantoches europeus recusaram permissão de sobrevoo ao avião presidencial boliviano que transportava o Presidente Morales e forçaram o avião a pousar na Áustria e ser revistado. Washington imaginou que Edward Snowden poderia estar a bordo do avião. Capturar Snowden era mais importante para Washington do que o respeito à lei internacional de imunidade diplomática.

Quanto tempo sinda falta para que Washington ordene ao seu fantoche Reino Unido que envie uma tropa SWAT para arrancar Asange da embaixada equatoriana em Londres e entregá-lo para a CIA simular seu afogamento?

Em 12 de julho, Snowden encontrou-se no aeroporto de Moscou com organizações de direitos humanos de diversas partes do mundo. Ele afirmou que o exercício ilegal de poder em Washington o impede de viajar para qualquer dos três países latino-americanos que lhe ofereceram asilo. Consequentemente, Snowden disse que aceitou as condições do presidente russo Putin e requereu asilo na Rússia.

Estadunidenses despreocupados e os jovens desconhecedores do passado não sabem o que isso significa. Durante minha vida profissional era a Rússia Soviética que perseguia os reveladores de verdades, enquanto que os EUA lhes davam asilo e tentavam protegê-los. Hoje é Washington que persegue aqueles que falam a verdade, e é a Rússia que os protege.

O público estadunidense não caiu, desta vez, na mentira de Washington de que Snowden é um traidor. As pesquisas mostram que uma maioria dos estadunidenses vê Snowden como um denunciante.

Não é aos Estados Unidos que as revelações de Snowden causam danos. São os elementos criminosos no governo dos EUA que executaram um golpe contra a democracia, a Constituição, e o povo estadunidense é quem sofreu danos. São os criminosos que capturaram o poder, e não o povo estadunidense, que estão exigindo o escalpo de Snowden.

Sob a tirania de Obama, não é somente Snowden quem é visado para extermínio, mas todo estadunidense no país que diga a verdade. Foi a chefe do Departamento de Segurança da Pátria, Janet Napolitano - recentemente recompensada por seus serviços à tirania com sua indicação para Reitora do sistema da Universidade da Califórnia - quem disse que a Segurança da Pátria havia migrado seu foco dos terroristas muçulmanos para os "extremistas domésticos", um termo elástico e indefinido que facilmente inclui divulgadores da verdade como Bradley Manning e Edward Snowden que embaraçam o governo com a revelação de seus crimes. Os criminosos que alcançaram poder ilegítimo em Washington não podem sobreviver a menos que a verdade possa ser suprimida ou redefinida como traição.

Se os estadunidenses aquiescerem ao golpe de estado, eles se colocarão firmemente nas garras da tirania.


Paul Craig Roberts, ex-secretário assistente do Tesouro dos EUA e editor associado do Wall Street Journal, ocupou vários cargos universitários. É um colaborador frequente do Global Research.

Tradução: Aquiles Lazzarotto

BLACK BLOCS: de vândalos (na grande mídia) a Linha de Frente
(16jul2013)

Reproduzido do sítio Fazendo Media

Os anarquistas em passeata na Alemanha

Em ‘assembleia’, ‘black blocs’ discutem como escapar da polícia

da Folha.com

Com bandeiras pretas nas mãos, um grupo discutia estratégias para escapar do monitoramento de policiais e imprensa. Em sua maioria, eram jovens que vestiam roupas pretas, característica dos adeptos da filosofia anticapitalista “black bloc”.

A assembleia foi improvisada após protesto “pela democratização dos meios de comunicação”, que foi até a sede da TV Globo, zona sul de São Paulo, anteontem.

Antes, eles picharam muros da emissora e tentaram depredar um ponto de ônibus e uma agência bancária, alvo preferencial dos atos do grupo.

Os “blocs” surgiram na Europa, apoiando movimentos sociais em protestos. No Brasil, começaram a aparecer durante os atos do Movimento Passe Livre, em junho.

Segundo seus criadores, trata-se de uma forma de protestar — com a depredação de patrimônio público e privado –, e não um grupo.

Na reunião, acompanhada pela Folha, não havia líderes. Quem queria falar levantava o braço e aguardava sua vez. Quem concordava, sacudia as mãos de forma semelhante a palmas em libras, a língua brasileira de sinais.

O grupo discutia sua participação em protestos futuros e a melhor forma de comunicação entre os membros. Um deles, que dizia ser moderador da página “Black Bloc SP” no Facebook, reclamava que frequentemente tinha o acesso bloqueado.

A avaliação entre todos é que a página, por ser aberta, é monitorada “pelos P2″ (policiais disfarçados).

Uma garota sugeriu, então, que todos passassem a usar a rede social N-1 (alternativa ao Facebook) e que fosse criado um código de acesso.

Outro rapaz defendeu que fosse criada uma página hospedada em servidores na Rússia ou em Taiwan, “impossíveis de derrubar”. “A tecnologia evolui muito e na internet sempre vai ser uma disputa de gato e rato”, afirmou.

O assunto mudou quando outro jovem pediu para que adeptos participassem de seu programa na internet para falar da filosofia do grupo anarquista. Ele carregava uma bandeira preta e vermelha, que disse ter sido usada pelo avô anarquista na Guerra Civil Espanhola (1936-39).

Sem resposta, o jovem agradeceu e se despediu em francês: “Liberté, égalité, fraternité pour tout le monde” –liberdade, igualdade e fraternidade (um dos lemas da Revolução Francesa, 1789) para todo o mundo.


‘Blocs cariocas’

No Rio, quase uma hora depois de iniciada a passeata das centrais sindicais pelo Dia Nacional de Luta, surgiram jovens que tiraram camisetas, máscaras, casacos e bandeiras pretas de mochilas. Nas mãos, pedras e coquetéis molotov.

De repente, uma grande massa se formou e entrou na passeata: eram os “black blocs” cariocas. A presença de partidários do movimento era esperada, tanto que as centrais contrataram seguranças com a incumbência de mantê-los afastados da manifestação.

Grupos de anarcopunks, alguns deles estudantes de universidades como USP, PUC e Mackenzie, estão entre os que agem como “black blocs” em São Paulo, conforme apuração da Delegacia de Crimes de Intolerância (Decradi).

Segundo um investigador, que pediu anonimato, os grupos em atuação no país são diferentes dos europeus, que, em alguns casos, têm líderes.

Ele diz que o movimento de hoje tem entre seus adeptos universitários, de classe média, diferentes do MAP (Movimento Anarcopunk), nascido no Reino Unido dos anos 1970.

(André Monteiro, Flávio Ferreira, Giba Bergamin Jr. e Marco Antônio Martins)


* * * * *

Criminalização dos Black-Blocs: uma armadilha

Por Mariana Corrêa dos Santos*, no Das Lutas, via Facebook

Observamos nos últimos dois dias, e bem de perto, a criminalização do jovem ativismo anarquista, como outros movimentos também foram criminalizados num passado não muito distante. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, os movimentos do campo passaram por criminalizações similares, invenções midiáticas de invasão de terras “supostamente” produtivas, num claro revide contra a Reforma Agrária pleiteada. Com o auxílio da mídia convencional, esses movimentos foram taxados de vândalos, bárbaros, destruidores e um atraso para o desenvolvimento do país.

O que temos pra hoje são “caixas” e “mochilas” de molotovs confeccionados em garrafas de mesma marca, quase uma produção fabril, colocadas no chão por possíveis policiais infiltrados, ao lado dos Black Blocs que marchavam na Av. Rio Branco. Cenas que foram capturadas em câmera pelas mídias independentes. Esses mesmos infiltrados agem como se “descobrissem” os molotovs, e responsabilizam os grupos anarquistas. Ao reproduzir novamente o discurso de que esses jovens são os responsáveis pelos conflitos, a mídia convencional só pode partir da presunção de que toda uma população ainda está imbecilizada. É esquecer que, ao custo de muita bomba e bala de borracha, as mídias independentes retiraram o véu de qualquer mentira e armação, e estão acessíveis a quase todos aqueles que buscam informações.

Quem está desde junho nas ruas sabe que os movimentos anarquistas, em especial os Black Blocs, servem de proteção aos manifestantes, pois colocam-se na linha de frente, com escudos e proteções, prontos para devolver bombas aos seus atiradores. Sem essa linha de frente, quem estava na Presidente Vargas no dia 20/06 não teria saído a tempo sem ser pisoteado, baleado, ou fortemente intoxicado.

O que precisa ser discutido, e parece esquecido nessa busca por culpados e pela criminalização de novos grupos ativistas anti-sistema, é a violência escalonante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Esse é o debate. Não pode ser naturalizado uma criança de cerca de 8 anos desmaiada no meio da Cinelândia por intoxicação de gás lacrimogênio. Não pode ser considerado normal que a polícia faça duas linhas fechando a Av. Rio Branco, e uma linha lateral onde obrigatoriamente seria o escoamento, e jogar spray de pimenta em todos que passavam.

A polícia carioca age na surdina, com carros envelopados sem identificação, atirando em manifestantes que já haviam dispersado. Persegue manifestantes por ruas, bairros, longos percursos, atirando bombas em hospitais, em residências, em passantes, bares, praças, deliberadamente, e planejadamente. Não são despreparados, são uma máquina de repressão comandada pelo Estado.

Aos que tem acesso à informação, não permitam que se criminalize mais um grupo social simplesmente por existir e por questionar o poder vigente. É preciso encampar essa luta, é preciso desmilitarizar, desarmar essa máquina de matar. Pois, como bem diz uma das faixas das manifestações: “A mesma polícia que reprime no asfalto é a que mata nas favelas”. E o que vai acontecer quando esse grupo que é a linha de frente das manifestações for criminalizado? As balas vão deixar de ser de borracha no asfalto também?

“É preciso estar atento e forte…”

*Mariana é integrante Das Lutas

(*) Fonte: Vi o mundo.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Boaventura: “Desculpe, Presidente Evo”
(12jul2013)

Do sítio Outras Palavras


Para a Europa, um Presidente índio é sempre mais índio do que Presidente e, por isso, irremediavelmente suspeito

Por Boaventura de Sousa Santos

Esperei uma semana que o Governo do meu país lhe pedisse formalmente desculpas pelo ato de pirataria aérea e de terrorismo de Estado que cometeu, juntamente com a Espanha, a França e a Itália, ao não autorizar a escala técnica do seu avião no regresso à Bolívia depois de uma reunião em Moscou, ofendendo a dignidade e a soberania do seu país e pondo em risco a sua própria vida. Não esperava que o fizesse, pois conheço e sofro o colapso diário da legalidade nacional e internacional em curso no meu país e nos pa­íses vizinhos, a mediocridade moral e política das elites que nos governam, e o refúgio precário da dignidade e da esperança nas consciências, nas ruas e nas praças, depois de há muito terem sido expulsas das instituições. Não pediu desculpa. Peço eu, cidadão comum, envergonhado por pertencer a um país e a um continente que são capazes de cometer esta afronta e de o fazer de modo impune, já que nenhuma instância internacional se atreve a enfrentar os autores e os mandantes deste crime internacional.

O meu pedido de desculpas não tem qualquer valor diplomático mas tem um valor talvez ainda superior, na medida em que, longe de ser um ato individual, é a expressão de um sentimento coletivo, muito mais vasto do que pode imaginar, por parte de cidadãos indignados que todos os dias juntam mais razões para não se sentirem representados pelos seus representantes. O crime cometido contra si foi mais uma dessas razões. Alegramo-nos com seu regresso em segurança a casa e vibramos com a calorosa acolhida que lhe deu o seu povo ao aterrar em El Alto. Creia, senhor Presidente, que, a muitos quilômetros de distância, muitos de nós estávamos lá, embebidos no ar mágico dos Andes.

O senhor Presidente sabe melhor do que qualquer de nós que se tratou de mais um ato de arrogância colonial no seguimento de uma longa e dolorosa história de opressão, violência e supremacia racial. Para a Europa, um Presidente índio é sempre mais índio do que Presidente e, por isso, é de esperar que transporte droga ou terroristas no seu avião presidencial. Uma suspeita de um branco contra um índio é mil vezes mais credível que a suspeita de um índio contra um branco. Lembra-se bem que os europeus, na pessoa do Papa Paulo III, só reconheceram que a gente do seu povo tinha alma humana em 1537 (bula Sublimis Deus), e conseguiram ser tão ignominiosos nos termos em que recusaram esse reconhecimento durante décadas como nos termos em que finalmente o aceitaram. Foram precisos 469 anos para que, na sua pessoa, fosse eleito presidente um indígena num país de maioria indígena.

Mas sei que também está atento às diferenças nas continuidades. A humilhação de que foi vítima foi um ato de arrogância colonial ou de subserviência colonial? Lembremos um outro “incidente” recente entre governantes europeus e latino-americanos. Em 10 de novembro de 2007, durante a XVII Cúpula Iberoamericana, realizada no Chile, o Rei de Espanha, desagradado pelo que ouvia do saudoso Presidente Hugo Chávez, dirigiu-se-lhe intempestivamente e mandou-o calar. A frase “Por qué no te callas” ficará na história das relações internacionais como um símbolo cruelmente revelador das contas por saldar entre as potências ex-colonizadoras e as suas ex-colônias. De facto, não se imagina um chefe de Estado europeu a dirigir-se nesses termos publicamente a um seu congênere europeu, quaisquer que fossem as razões.

O senhor Presidente foi vítima de uma agressão ainda mais humilhante, mas não lhe escapará o facto de que, no seu caso, a Europa não agiu espontaneamente. Fê-lo a mando dos EUA e, ao fazê-lo, submeteu-se à ilegalidade internacional imposta pelo imperialismo norte-americano, tal como, anos antes, o fizera ao autorizar o sobrevoo do seu espaço aéreo para voos clandestinos da CIA, transportando suspeitos a caminho de Guantánamo, em clara violação do direito internacional. Sinais dos tempos, senhor Presidente: a arrogância colonial europeia já não pode ser exercida sem subserviência colonial. Este continente está a ficar demasiado pequeno para poder ser grande sem ser aos ombros de outrem. Nada disto absolve as elites europeias. Apenas aprofunda a distância entre elas e tantos europeus, como eu, que veem na Bolívia um país amigo e respeitam a dignidade do seu povo e a legitimidade das suas autoridades democráticas.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A Rede Globo no STF
(10jul2013)

Será que, enfim, a Rede Globo sentará no banco dos réus dos tribunais desse país?

Editorial da edição 541 do Brasil de Fato

O jornalista Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho, denunciou que a Rede Globo, em 2002, ainda no governo FHC, promoveu uma sonegação de impostos milionária. Foram sonegados 183 milhões de reais dos cofres públicos.

Em 2006, quando a Receita Federal concluiu o processo, somados os juros e multas, a sonegação elevou-se para R$ 615 milhões. Mais de meio bilhão de reais, em valores de 2006, surrupiados do povo brasileiro. Terá sido este roubo o motivo da Globo enfatizar com insistência, e repetido em coro pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, que o chamado mensalão petista era o maior caso de corrupção do país?

O autor d’O Cafezinho é ainda mais contundente: “(...) a ficha criminal da Globo vai muito além dessas estripulias em paraísos fiscais. A Globo cometeu crimes históricos contra o Brasil. Lutou contra a criação da Petrobras. Fez parte do golpe que levou ao suicídio de Vargas. Consolidou-se financeiramente, com dinheiro estrangeiro de um lado, e de golpistas internos, de outro, sobre o cadáver da nossa democracia”.

Acrescenta-se que, durante a CPI do Carlinhos Cachoeira, que investigava as relações promíscuas do bicheiro com a revista Veja, a Globo fez chegar ao Palácio do Planalto a mensagem de que o governo seria retaliado se fossem convocados jornalistas ou empresários de comunicação.

Não é de estranhar o silêncio da revista do grupo Abril sobre essa denúncia e, muito menos, se amanhã ela retribuir o apoio recebido da família Marinho. Os conluios geram compromissos de mútua proteção.

Agora, através do blog O Escrivinhador, do jornalista Rodrigo Vianna, soube-se que a Receita Federal, quando concluiu o processo, solicitou a abertura de uma Representação para Fins Penais – uma investigação criminal – contra os donos da Globo. Isso em 2006!

Por que o Ministério Público Federal engavetou esse pedido e tornou-se conivente dessa ação criminosa? O mesmo MPF que, liderado por Gurgel e com apoio da Globo, fez a população brasileira acreditar que a aprovação da PEC 37 iria favorecer a corrupção no Brasil. Ambos, Globo e MPF, ao segurar os cartazes nas passeatas, não estavam somente nus. Estavam, também, cagados. Deve, o MPF, uma resposta à população brasileira sobre o porquê não investiga a Rede Globo.

Vianna faz outra denúncia grave: os funcionários da Receita Federal no Rio estão em pânico porque o processo contra a Globo simplesmente sumiu! É um processo que vai além dos R$ 615 milhões sonegados. Ele revela as contas da família Marinho nos paraísos fiscais.

Ora, é assim que os ricos se livram das condenações, fazendo os processos desparecerem? Atestam suas inocências promovendo novas ações criminosas? Certamente, se comprovada essa denúncia, o sumiço do processo exigiu corromper alguns novos funcionários públicos. O cheiro de esgoto que exala da vênus platinada é cada vez mais forte.

Dizem, os gaúchos, que o diabo faz a panela, mas não faz a tampa. Espera-se que este caso da Globo sonegar impostos não desacredite o ditado.

Mas há sinais desalentadores. Em março o jornal O Globo premiou Joaquim Barbosa como Personalidade do Ano. Em maio, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, usou o dinheiro público para pagar a passagem aérea de uma jornalista do jornal O Globo para cobrir sua participação em um seminário sobre liberdade de impressa (não há ironia nesse fato!), na Costa Rica. No dia 02 de junho, o presidente do STF e seu filho, Felipe, assistiram ao jogo Brasil x Inglaterra, no Maracanã, no camarote de Luciano Huck, apresentador da Rede Globo. Agora em julho, a Rede Globo contratou Felipe para ser seu funcionário.

A jornalista Helena Sthephanowitz, da Rede Brasil Atual, revela, nessa semana, outra coincidência envolvendo Felipe, o filho de Barbosa. De 2010 até ser contratado pela Globo, ele foi funcionário do grupo Tom Brasil. Essa empresa é investigada no inquérito 2474/STF, derivado do chamado mensalão petista. O inquérito identificou pagamento da DNA propaganda, de Marcos Valério, para a Casa Tom Brasil, com recursos da Visanet, no valor de R$ 2,5 milhões. O pagamento foi autorizado por Cláudio de Castro Vasconcelos, gerente-executivo de Propaganda e Marketing do Banco do Brasil, desde o governo FHC. Estranhamente não foi denunciado na AP-470 junto com o petista Henrique Pizzolato.

Parece que a Rede Globo realmente chegou no STF. Infelizmente não para sentar no banco dos réus.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Forma opinião por spam apócrifo? Parabéns, você é um otário
(9jul2013)

Por Leonardo Sakamoto, no Blog do Sakamoto

Se você forma sua opinião baseado nas milhares de correntes apócrifas que circulam pela internet, parabéns. Você é, oficialmente, um otário. Ou quer muito ser um.

Nunca entendi muito bem porque as pessoas acreditam piamente naquilo que recebem aleatoriamente em suas caixas de mensagem. Será que entendemos o anonimato daquilo que é apócrifo como uma espécie de “sinal” divino? Do tipo: “Senhor, dê-me os números vencedores do jogo do bicho!” – e, minutos depois, você interpreta uma foto de um pug com um chapéu de orelhas grandes, que chegou acidentalmente por e-mail, como resposta para apostar no “coelho”.

Vai que, da mesma forma que o Altíssimo escreve certo por linhas tortas, ele também “emeia” justo por internet frouxa, não é?

O mais interessante é que algumas dessas mensagens contam com mentiras tão bem construídas que tem mais gente acreditando nelas do que em boas matérias, com dezenas de fontes, feitas por jornalistas com decantada credibilidade, que – com paciência e tristeza – desmentem ou explicam o caso.
- Pô, o texto é super bem escrito. Não deve ser falso.
- O e-mail trouxe vários números. Ou seja, não pode ser mentira.
- Ele tem fotos. É mais difícil manipular fotos.
- Envolve o filho do Lula/a filha do Serra, então, vai por mim, é fato.
- Recebi isso do Ronaldo, irmão da Ritinha, casada com o Roberval, filho do seu Romeu, lembra? É, Ro-meeeeeu, mano. Ele repassou um e-mail que recebeu do Rui, que é chefe dele na Ramos e Ramos, aquela empresa de retroescavadeiras. Homem decente o Ronaldo… então é coisa séria.
Até porque é muito mais quente e saboroso acreditar que todas as desgraças do mundo são causadas por um político X ou Y do que lembrar que, não raro, o comportamento bizarro deles não é muito diferente do que fazemos no microcosmo. Lá como reflexo daqui, pois somos feitos do mesmo caldo. Mas culpar o espelho, assusta, não? E não é tão glamouroso quanto personificar o mal na figura do outro.

A rede mundial de computadores nos abriu um mundo de possibilidades. Hoje, um leitor – se quiser – consegue acessar fontes confiáveis e encontrar números, checar dados, trocar ideias com amigos, comparar governos ou mesmo desmentir pataquadas. Então, mexa esse traseiro gordo e faça uma análise dos fatos, a sua análise. Não jogue fora sua autonomia por conta de uma mensagenzinha mequetrefe. E cuidado! Ao se debruçar sobre questões do seu cotidiano, ao informar-se, debater com outras pessoas, você vai estar fazendo Política, com “P” maiúsculo e não fofoca. E enterrando muitos dos preconceitos que hoje professa. Em suma, mudando de fato o “estado das coisas”.

Coisa que o Povo do Spam não quer. Pois, o Povo do Spam quer você ignorante para que seja massa burra de manobra.

Algumas mensagens de spam travestem opinião como dados isentos e descontextualizam ou ocultam fatos que não são interessantes para o argumento defendido. Trago novamente algumas sugestões reunidas tempos atrás por Rodrigo Ratier, jornalista e mestre em pedagogia, grande especialista na área de educação e comunicação, para usar a lógica a fim de perceber problemas nos textos.

Quem já adota essas ferramentas, pode parar a leitura por aqui e vá apagar o lixo acumulado na caixa de entrada. Caso contrário, fica aqui a sugestão:
“A camisinha não protege contra o vírus HIV. A epidemia de Aids cresceu justamente porque se confia nessa proteção”, disse um bispo certa vez.
Desconfie dos argumentos de autoridade. Não é porque o Papa, o Patriarca de Istambul ou a Bispa Sônia disseram algo que você tem que acreditar, não é? O mesmo vale para o presidente da sua associação de moradores ou o diretor do seu sindicato. É preciso provar o que se diz. Exija confirmação dos fatos ou vá atrás dela.
“Não ouviremos as posições do antropólogo Luiz Mott sobre o casamento gay: ele é homossexual.”
Para desmontar um discurso, não se ataca o argumentador, mas sim o argumento.
“Nesta eleição, vamos escolher entre um Sartre e um encanador.”
Não se ridiculariza o outro apenas por ser seu adversário.
“Antes do MST existir, não havia violência no campo.”
Falsa relação de causa e consequência – um fato que acontece depois do outro não necessariamente foi causado pelo primeiro.
“Na guerra contra o terrorismo, ou você apoia a invasão do Iraque ou está alinhado com o mal.”
É errado excluir o meio termo. Um debate maniqueísta é mais fácil de ser entendido, mas o mundo real não é um Palmeiras e Corinthians, um Fla-Flu, um Grenal, enfim, vocês entenderam.
“Ou se dá o peixe ou se ensina a pescar.”
Isso é uma falsa oposição. Não se opõe curto e longo prazo necessariamente. Uma ação não invalida a outra. Elas podem ser, inclusive, subsequentes ou coordenadas.
“Isso não é demissão. A empresa apenas avisou que precisará passar por um redimensionamento do quadro de colaboradores.”
Não se deixe levar pelos eufemismos. Nem por quem fala bonito. Uma pessoa pode te xingar e você, às vezes, nem vai perceber se não se atentar para as palavras que ela escolheu.
“Avenida Faria Lima, Águas Espraiadas, Imigrantes, Minhocão, Rodovia dos Trabalhadores: alguém aí consegue imaginar São Paulo sem todas essas obras feitas pelo Maluf?”
Desconfie dos e-mail que contém um monte de acertos de alguém e ignorem, solenemente, os erros.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Apenas apresentem seu bilhete Eu-Sou-Um-Filho-Do-Criador e subam a bordo
(8jul2013)

Miguel

Canalizado por Ron Head em 7 de julho de 2013, publicado no blog Síntese


Que criaturas maravilhosamente complexas que vocês são: capazes de dizer que as coisas não estão progredindo tão rapidamente quanto vocês gostariam, mas pensando que não têm tempo para concluir tudo.

Não é de se estranhar que às vezes vocês deixem vocês mesmos espantados.

Vejamos as coisas de outra perspectiva, que tal?

Há mudanças ocorrendo em toda partícula da criação nesta época.

Não há um ser, micro, macro ou cósmico, do seu ponto de vista, que não é afetado.

Todo átomo que vocês podem perceber, toda forma de vida em sua Terra e todo planeta do seu sistema estão passando por grande mudança.

Seus cientistas estão bem cientes disso, apesar de eles não lhes dizerem.

Alguns estão com medo, alguns estão simplesmente confusos.

Eles nunca viram e não entendem o que estão vendo agora.

Alguns outros pensam que sabem, mas nós nos apressamos em dizer a eles que eles não sabem.

Há mudança, evolução, ascensão relativamente instantânea em preparação.

Mas vocês, queridos amigos, sendo os seres complexos que são e sendo capazes de criar coisas como incrementos de tempo, conseguem ver isto tão minuciosamente que vocês acabam declarando haver falta de mudança.

Bem, meus amigos, nós lhes dizemos que se existe uma constante em seu universo, ela é a mudança.

Simplesmente vocês não podem viver um único momento que seja igual a um momento que já passou ou que ele venha a se repetir.

Então, basicamente, tudo que vocês dizem é: Estou descontente com o estado das coisas do modo como eu o percebo. Eu quero mais para mim. Já chegamos?

E nossa resposta poderia ser: Enquanto vocês ficarem agarrados aos seus preciosos pontos de vista, vocês não verão as mudanças que querem.

Mas nós não dizemos isso.

Nós não dizemos isso porque cada átomo, molécula e célula em seus corpos estão passando pelas mesmas mudanças que os outros de que falamos.

Vocês terão o mundo que sonham mesmo que pareçam estar se arrastando em seu caminho até ele.

Muitos daqueles que seguem estas mensagens e mensagens de outros estão cientes, sentem e estão gostando muito da mudança pessoal.

Como dissemos antes, é isto que está conduzindo as coisas em seu planeta.

Por quê?

Porque no seu planeta a humanidade é a força motriz.

Como um aparte, vocês estiveram indo para a direção errada.

E a humanidade é algo que somente existe como um conjunto de indivíduos.

Em outras palavras: vocês determinam o que está acontecendo.

Então reclamar do estado das coisas não os levará para onde vocês desejam estar.

Mas vocês nos veem aparentemente comemorando seus progressos.

Bem, queridos, olhem ao seu redor.

Ultrapassem seus preconceitos.

Vocês estão avançando.

As coisas estão mudando.

E seus mundos, interior e também exterior, estão se tornando muito melhores.

Amor e bênçãos para aqueles que estão experimentando isto em primeira mão.

E ainda mais amor e bênçãos para aqueles que ainda não começaram a experimentar isto.

Verdadeiramente é hora de começarem a olhar para si.

Nossa promessa é esta: se vocês começarem a olhar em seus corações, se vocês começarem a pedir diariamente pelas mudanças em vocês de que nós falamos, vocês as encontrarão.

Vocês não são desmerecedores.

Vocês não são indignos.

Vocês não serão deixados para trás.

Apenas apresentem seu bilhete Eu-Sou-Um-Filho-do-Criador e subam a bordo.

Vocês serão recebidos de braços abertos.

Nesse momento a resposta para a sua pergunta: já chegamos? mudará de "não" para "sim".

E para aqueles que já estão nesta viagem, dizemos que vocês ficariam surpresos ao ver quantos outros estão encontrando a luz todos os dias.

Estejam em paz e encontrem-se conosco em seus corações.

Bom dia.

sábado, 6 de julho de 2013

Press TV: "Game Over" para Morsi, Israel
(6jul2013)


Por Gordon Duff, em 4 de julho de 2013, reproduzido no sítio 2012: What's the 'real' truth

Oponentes de Morsi mantêm manifestações de protesto no Cairo em 3 de julho de 2013


O sinal é mais certo do que alguns no Egito, e do que todos no Ocidente, podem começar a entender.

O governo de Morsi era um jogo, um pouco mais, de fato, não mais do que a venda de um regime totalitário construído sobre a supressão de liberdade de pensamento e de expressão e sobre o aliciamento do extremismo e a adesão servil ao que pretendia ser um plano altamente secreto, tão complexo, tão torcido que sua descoberta era impossível.

O grande jogo, Morsi tentando comprar o lugar do Egito no tabuleiro com os novos "Mestres do Universo", a coalizão dos sonhos otomanos ressurgentes da Turquia, rumores que somente existem no cérebro doentio de Erdogan, a busca sem fim de Netanyahu para provar à raça humana que a depravação não conhece limites, mas que apenas começamos.

Ele vai muito mais longe, muito mais fundo, camada sobre camada, um grande desenho claramente voltado para por fim a todas as considerações morais humanas, substituindo-as por um novo "relativismo", todo um pouco velado comércio feito a meia-boca por vigaristas em festa.

O jogo - vendendo "O Choque de Civilizações" é um plano de "cobertura e decepção", encobrindo a verdade, decepcionando quem busque esclarecimento - visava obscurecer a realidade simples de que um grupo de sociedades secretas, algumas com vários séculos de idade - homens servindo a um mestre invisível melhor descrito como "Satânico" - acredita que elas foram escolhidas para supervisionar o fim da humanidade.

Por mais insano que isso possa soar, a lista daqueles que buscam por adesão não tem fim. Eu realmente não acredito que isso ainda seja um segredo. Nenhuma pessoa racional poderia acreditar de outra forma, pois estamos nos afogando, em alguns casos literalmente, em evidências.

Somente um tolo não conseguiria ver esses padrões. Chamá-los de predadores é muito generoso. Nossas "elites" são mais parecidas com uma desagradável cepa de sífilis. Vocês sabem os nomes, e Morsi estava simplesmente tentando entrar na lista. Para ser honesto, eu não acredito que Morsi tenha de fato feito isso.

Bem, com o "Game Over", uma coisa é certa: o povo do Egito e suas forças armadas não foram tão facilmente enganados como o foi o povo estadunidense após o 11 de setembro.

Muitos condordam que o ponto de virada para as forças armadas foi a chamada de Morsi para um guerra contra a Síria. Aqueles que ainda guardavam ilusões sobre Morsi, desculpando seu comportamento como "desequilibrado" ou "insano", simplesmente não estavam prestando atenção.

A mídia estadunidense também não teve problema, não viu inconsistências em sua traição aos palestinos, sua sistemática sabotagem à economia do Egito, seus curiosos alinhamentos políticos com os neocons da América, os likudistas em Israel e a Al Qaeda na Síria.

Os estadunidenses adquiriram uma deliciosa "flexibilidade moral", uma habilidade para racionalizarem, para traírem, para decepcionarem e serem decepcionados, e parece que eles amam isso.

O povo egípcio viu, as forças armadas viram. Talvez seja simplesmente o caso de que o Ocidente esteja tão auto-condicionado com o absurdo e com o ofuscamento, que questionar qualquer coisa, não importa quão fantasiosa seja, pareça, por si só, um ato sem sentido. Talvez eu esteja dando muito crédito.