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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

domingo, 31 de março de 2013

Saul Leblon: a narrativa que ensombrece o país capturou a Petrobras para a pauta da crise sem fim
(31mar2013)


O sequestro da Petrobras

Por Saul Leblon, no sítio Carta Maior

É preciso evitar que a agenda da crise paralise e ensombreça o Brasil.

Quem adverte são economistas simpáticos ao governo, preocupados com a prostração em que se encontra o debate do desenvolvimento.

Seriam eles os últimos a subestimar o teor sistêmico da desordem internacional, cuja implosão, na verdade, previram e advertiram.

Mais que isso.

Atuam para mitigar seus efeitos no país. São ouvidos e consultados pelo governo na implantação de contrapesos estratégicos.

Baixar as taxa de juros, reduzir o superávit primário e corrigir o câmbio, por exemplo. No limite, se necessário, adequar a meta de inflação.

O fundamental é assegurar a travessia do colapso mundial sem trazer a crise para dentro do Brasil, como anseia o conservadorismo.

A agenda mercadista mal disfarça esse propósito.

Com os meios generosos a sua disposição, difunde a fatalidade cinza em cada esquina.

A ênfase sobressaltada atende a interesses de bolso, ideologia e palanque.

É um bloco respeitável. Exacerbado pelo poder desigual de vocalização que o monopólio midiático lhe confere.

Tome-se o Brasil das manchetes, que não raro agridem o próprio texto. Tome-se a negligência diante das decisões estratégicas anunciadas na reunião dos BRICS, em Durban.

As cinco maiores economias emergentes criaram nada menos que um ensaio de FMI keynesiano; e um Banco Mundial de investimento, fora da hegemonia dos EUA. As manchetes preferiram espetar em Dilma a 'negligência com a inflação'.

Tome-se, ainda, o silencioso, mas expressivo processo de reindustrialização dos EUA, que está trazendo de volta a manufatura de alta tecnologia.

Enfim, a crise continua, mas o mundo se move.
A prostração inoculada diuturnamente pelo noticiário econômico recusa ao Brasil a capacidade de dizer: ‘eppur si muove’.

É um objetivo político, não um recorte isento.

Dilma manda seguir em frente com a guerra pela audiência
(31mar2013)


...dessa guerra não sairá um vencedor, apenas um país mais embrutecido, dividido e hostil

Por Gilberto de Souza - do Rio de Janeiro - no sítio Correio do Brasil

José Genoíno é alvo de ataques da mídia conservadora

Têm duas funções as cenas lamentáveis nas quais um dos mais importantes líderes da esquerda brasileira, guerrilheiro contra a ditadura que de branda não teve nada, é assediado por um comediante nos corredores da Câmara dos Deputados e, em seguida, ludibriado na sua boa-fé ao receber. com cortesia. um menino e o pai dele, a mando de um programa humorístico na TV Bandeirantes. A primeira delas é a prova mais cabal que o Brasil goza de um período esplendoroso quanto à liberdade de expressão, após a luta de milhares de brasileiros e brasileiras contra a censura ditatorial, entre os quais estava aquele homem que quiseram enxovalhar. A segunda serve para mostrar ao grande público o que a mídia conservadora anda fazendo com a liberdade que aquele senhor de cabeça grisalha e aspecto sisudo ajudou o país a construir.

A questão maior que o episódio levanta, no entanto, é a importância de não matar o mensageiro e prestar atenção no que diz a mensagem. Instruídos por seus donos, os brincalhões industriados do CQC fazem o papel do palhaço no espetáculo encomendado por seus patrões. Quem aí já se esqueceu do festim diário nas tardes de julgamento da Ação Penal 470? Se não faz mais ideia do que se está falando, tem o livro do “imortal” Merval Pereira para lembrar, tintim por tintim, tudo o que interessa que seja lembrado pela audiência global. Com outro do jornalista Paulo Moreira Leite, desmentindo-lhe cada palavra, em A outra história do ‘mensalão’. O público para o qual as marionetes que se fazem de engraçadas tentaram ridicularizar o deputado José Genoíno é o mesmo que aplaudiu o ‘Domínio do fato’ e colocou dinheiro público no processo, sem uma prova sequer, como mostra o jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, supervisor editorial da revista Retrato do Brasil, em uma reportagem que será tema de análise na Corte Interamericana de Justiça.

Tão logo Genoíno possa recorrer da sentença a que se vê submetido, a revisão integral do julgamento se fará necessária em uma instância judicial apartada da tentativa de golpe midiático ocorrida no Brasil, em plenas eleições do ano passado. Sorte para os brasileiros que a extrema-direita, patrocinadora da sanha jurídico-televisiva, levou umas belas palmadas nas urnas. A diferença é que, mesmo depois de sofrer sua mais fragorosa derrota na capital econômica do país, o resultado do julgamento na Suprema Corte de Justiça continua válido. E, qual uma ampulheta sinistra, guarda cenas ainda mais lastimáveis do que a execração pública sofrida por Genoíno.

A mensagem é justamente essa: o que o bobalhão da corte midiática fez será apenas brincadeira de mau gosto, quando um dos homens mais distintos e corretos que esse país já produziu, coerente com sua história de resistência, for jogado na cela escura do presídio para onde será mandado, caso não lhe seja garantido o direito de recorrer, em liberdade, do destino a que os mais altos magistrados do país o condenaram. Essa, sim, será a imagem a ser estampada nos meios conservadores de comunicação, em riqueza de detalhes. Dias a fio.

O que o bufão travestido de repórter conseguiu produzir, além de um nó na garganta de quem já percebeu a imensa manobra em curso para minar o avanço do Brasil na direção da justiça social e de um Estado pleno para todos os brasileiros, e não apenas para a elite à qual esta Nação verteu sua riqueza, ao longo dos últimos 500 anos,

sexta-feira, 29 de março de 2013

Dilma enfrenta a pátria rentista, a mídia uiva
(29mar2013)


Na África, a presidenta afirmou que não elevará a ração dos juros reivindicada pelos batalhões rentistas, a pretexto de combater a inflação. Foto oficial da reunião dos BRICS. 
Foto: Roberto Stuckert Filho/Blog do Planalto

Por Saul Leblon, em Carta Maior, reproduzido do sítio Viomundo

Um dia de estupefação e revolta no circuito formado pelos professores banqueiros, os consultores e a mídia que os vocaliza.

Na reunião dos Brics, na África do Sul, nesta 4ª feira, a presidenta Dilma afirmou que não elevará a ração dos juros reivindicada pelos batalhões rentistas, a pretexto de combater a inflação.

A reação instantânea das sirenes evidencia a cepa de origem a unir o conjunto à afinada ciranda de interesses que arrasta US$ 600 trilhões em derivativos pelo planeta.

Equivale a dez voltas seguidas no PIB da Terra.

Trinta e cinco vezes o movimento das bolsas mundiais.

Os anéis soturnos desse garrote reúnem – e exercem – um poder de extorsão planetária, capaz de paralisar governos e asfixiar nações.

Gente que prefere blindar automóveis a investir em infraestrutura. O Brasil tem a maior frota de carros blindados do mundo.

E uns R$ 500 bi estocados em fundos de curto prazo; fora o saldo em paraísos fiscais.

Carros blindados, dinheiro parado, paraísos fiscais e urgências de investimento formam a determinação mais geral da luta política em nosso tempo.

Em Chipre, como lembra o correspondente de Carta Maior em Londres, Marcelo Justo, o capital a juros compunha uma bocarra equivalente a 67 bilhões de euros, uns US$ 90 bilhões de dólares.

Três vezes o PIB. De um país com população menor que a de Campinas.

A fome pantagruélica desse organismo requeria rações diárias indisponíveis no ambiente retraído da crise mundial.

A gula que quebrou Chipre é a mesma que já havia quebrado a Espanha, Portugal, Irlanda, Islândia e alquebrado o mercado financeiro dos EUA.

A falência cipriota assusta o mundo do dinheiro não por suas dimensões.

Mas porque ressoa o uivo cavernoso de uma bancarrota, só anestesiada a um custo insustentável na UTI mundial das finanças desreguladas.

No Brasil o mesmo uivo assume o idioma eleitoral ao gosto do dinheiro graúdo: ‘dá para fazer mais’.
O governo Dilma acha que sim.

Mas com a expansão do investimento produtivo. Não com arrocho e choque de juros.

CQC e Genoíno
Nazijornalismo
(28mar2013)


Por Leandro Fortes, na CartaCapital, reproduzido no sítio Escrevinhador

A violência do CQC contra o deputado José Genoíno alcançou, essa semana, um grau de bestialidade que não pode ser dimensionado à luz do humorismo, muito menos no campo do jornalismo. Isso porque o programa apresentado por Marcelo Tas, no comando de uma mesa onde se perfilam três patetas da tristeza a estrebuchar moralismos infantis, não é uma coisa nem outra.

Não é um programa de humor, porque as risadas que eventualmente desperta nos telespectadores não vem do conforto e da alegria da alma, mas dos demônios que cada um esconde em si, do esgoto de bílis negra por onde fluem preconceitos, ódios de classe e sentimentos incompatíveis com o conceito de vida social compartilhada.

Não é jornalismo, porque a missão do jornalista é decodificar o drama humano com nobreza e respeito ao próximo. É da nobre missão do jornalismo equilibrar os fatos de tal maneira que o cidadão comum possa interpretá-los por si só, sem a contaminação perversa da demência alheia, no caso do CQC, manipulada a partir dos interesses de quem vê na execração da política uma forma cínica de garantir audiência.

A utilização de uma criança para esse fim, com a aquiescência do próprio pai, revela o grau de insanidade que esse expediente encerra. O que se viu ali não foi apenas a atuação de um farsante travestido de jornalista a fazer graça com a desgraça alheia, mas a perpetuação de um crime contra a dignidade humana, um atentado aos direitos humanos que nos coloca, a todos, reféns de um processo de degradação social liderado por idiotas com um microfone na mão.

A inclusão de um “repórter-mirim” é, talvez, o elemento mais emblemático dessa circunstância, revelador do desrespeito ao ofício do jornalismo, embora seja um expediente comum na imprensa brasileira. Por razões de nicho e de mercado, diversos veículos de comunicação brasileiros têm lançado, ao longo do tempo, mão dessa baboseira imprestável, como se fosse possível a uma criança ser repórter, ainda que por brincadeira.

Jornalismo é uma profissão de uma vida toda, a começar da formação acadêmica, a ser percorrida com dificuldade e perseverança. Dar um microfone a uma criança, ou usá-la como instrumento pérfido de manipulação, como fez o CQC com José Genoíno, não faz dela um repórter – e, provavelmente, não irá ajudá-la a construir um bom caráter. É um crime e espero, sinceramente, que alguma medida judicial seja tomada a respeito.

Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins.

Existem, sim, cretinos adultos.

E, a estes, dedico o meu desprezo e a minha repulsa, como cidadão e como jornalista.

Leia outros textos de Outras Palavras

quinta-feira, 28 de março de 2013

Vocês podem ver claramente o castelo de cartas colapsando que o sistema financeiro global se tornou
(28mar2013)


Mensagem de Saul
Por John Smallman, no blog Síntese
Em 27 de março de 2013

O campo de energia divina envolvendo vocês se fortalece e intensifica diariamente, compatibilizando-se com sua habilidade de se fundir com ele mais e mais eficazmente, e, claro, sua energia é Amor, que está penetrando os corações daqueles que estão abertos para Ele - a vasta maioria dos humanos - e ajudando a liberar as atitudes e comportamentos, as crenças inflexíveis mantidas por tantos por tanto tempo.

Os resultados disto estão visíveis por todo o mundo, pois as novas ideias para lidar com os maiores problemas e questões que vocês enfrentam são expressas e compartilhadas.

As velhas crenças inflexíveis e as ferramentas utilizadas para mantê-las ainda estão em evidência, mas sua ineficácia não pode mais ser disfarçada por culpar os outros por seu fracasso na resolução das questões que elas deveriam resolver.

A organização antiga, a organização estabelecida, está no controle, dirigindo os negócios políticos, comerciais, éticos, morais, religiosos - na verdade, qualquer coisa em que as pessoas interagem conjuntamente de qualquer forma possível - por muito tempo.

Esta organização tem permanecido escondida nas "sombras" enquanto dirige as atividades das figuras públicas para que suas agendas ocultas fossem realizadas invisível, discreta e facilmente.

E frequentemente, algumas dessas figuras públicas agiram de boa fé, acreditando na integridade e honestidade desses "mais velhos sábios e intelectualmente brilhantes" - seus mentores e guias na arte da liderança - cujo objetivo declarado era trazer paz e abundância para todos na Terra.

Mas, claro, esses ocultos, a elite, sempre tiveram suas próprias agendas privadas e completamente egoístas, e agora a intenção real dessas agendas é revelada, pois mais e mais delatores de irregularidades encontram a coragem de revelar os enormes segredos de que eles tornaram-se parte para tirar os véus do sigilo sob os quais muito se tem escondido.

A antiga organização está ruindo.

Ela não tem mais o mundo no pulso de ferro com que ela tentava controlar todos vocês por tanto tempo.

Algo de podre no estado de Israel
(28mar2013)

Por Lawrence Davidson, To The Point Analysis, reproduzido do Blog do Bourdoukan

Diz-se que o diabo arrasta com ele um fedor de fogo e enxofre. Os feitos do diabo são frequentemente descritos como “o mal mais alucinado”1. E quem pareça (seja ou não seja) inocente é sempre descrito como “cheirando a rosas”. Parece haver, pois, associação antiga entre feitos e fedores.

O exército israelense recentemente se empenhou em demonstrar essa associação. Dia 6 de março, o Middle East Monitor noticiou2 que
o exército de Israel atacou casas de palestinos na vila de Nabi Saleh com jatos de água podre de esgoto, como punição aos palestinos que organizavam protestos semanais contra o Muro do Apartheid construído em terra roubada. O grupo de defesa de direitos humanos B’Tselem publicou um vídeo3 no qual se veem caminhões-tanques blindados israelenses, armados com ‘canhões d’água’, lançando água podre de esgotos sobre casas de palestinos.
A água podre de esgoto é líquido tão mal-cheiroso que não há quem não se afaste para o mais longe que possa, de quem feda como fede aquela água podre. Não é a primeira vez que o exército de Israel usa esse tipo de tática imunda.

Os colonos sionistas orgulham-se muito da prática de lançar os esgotos4 bem longe das próprias colônias, quase sempre erguidas nas áreas mais altas, diretamente nos campos e cidades palestinas, nos vales abaixo. Ao que tudo indica, são práticas conhecidas e, muito provavelmente, aprovadas pelo estado de Israel.

Duvido que muitos dos israelenses envolvidos nessas manobras tenham algum dia lido O Inferno, de Dante. Naquele poema épico, o inferno é lugar afogado em esgoto e podridão: as ações dos israelenses parecem desejar reproduzir o mesmo cenário. Estarão os israelenses dedicados a converter em inferno a Terra Santa? Sim, pelo menos no que tenha a ver com os palestinos. Por isso os colonos e os soldados copiam os passos dos amaldiçoados de Dante.

Até onde vai o fedor das ações dos israelenses? Com certeza chega até Londres. Recentemente, o deputado David Ward, do partido Democrático Liberal escreveu num livro de visitas do Memorial do Holocausto que
(...) tendo visitado Auschwitz duas vezes (...) muito me entristece ver que os judeus, vítimas de níveis inacreditáveis de perseguição durante o Holocausto, já estivessem, poucos anos depois de libertados daqueles campos de morte, a infligir tais atrocidades aos palestinos no novo Estado de Israel e que continuem a fazer o mesmo até hoje, diariamente, na Cisjordânia e em Gaza.5
A referência que Ward fez a “os judeus” é qualificada, porque nem todos os judeus apoiam o sionismo nem a ideia de que Israel tenha algum direito a ocupar “ Judeia e Samaria”, muito menos a comandar pogroms6 como se veem hoje, em ações de limpeza étnica em áreas que o estado israelense controla. A verdade é que cada dia mais e mais judeus norte-americanos manifestam-se contra o que Israel faz na Palestina7.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Documento oficial do governo FHC informa ao FMI que vão privatizar tudo: água, esgoto, minérios, energia, estradas, imóveis, até a Petrobras
(25mar2013)


Do Blog do Mello (destaques meus)

Página oficial do Ministério da Fazenda do governo FHC de 8 de março de 1999 publica o Memorando de Política Econômica, com alguns ajustes que se tornaram necessários ao "programa do governo brasileiro apoiado pelo FMI Banco Mundial BID BIS e pela maioria dos países mais industrializados", em 13 de novembro de 1998. O ajuste se fazia necessário porque em janeiro de 1999, primeiro mês do segundo mandato de FHC, houve a desvalorização do Real (que o governo sempre negara que iria fazer), que quase quebrou o país.

Numa parte do documento, que publico a seguir, fica claro que a opção preferencial do governo Fernando Henrique Cardoso era vender tudo para cumprir as metas determinadas pelo FMI. Para tanto, no parágrafo 27 deixava claro:
27. O Governo pretende acelerar e ampliar o escopo do programa de privatização - que já se configura como um dos mais ambiciosos do mundo. Em 1999 o Governo pretende completar a privatização das companhias federais geradoras de energia e no ano 2000 iniciará o processo de privatização das redes de transmissão de energia. No âmbito dos Estados espera-se que a maioria das companhias estaduais de distribuição de energia seja privatizada ainda em 1999. O Governo também anunciou que planeja vender ainda em 1999 o restante de sua participação em empresas já privatizadas (tais como a Light e a CVRD) bem como o restantes de suas ações não-votantes na PETROBRAS. O arcabouço legal para a privatização ou arrendamento dos sistemas de água e esgoto está sendo preparado. O Governo também pretende acelerar a privatização de estradas com pedágios e a venda de suas propriedades imobiliárias redundantes. Estima-se que a receita total do programa de privatização para o ano de 1999 seja de R$ 27 8 bilhões (quase 2 8 por cento do PIB) (do total cerca R$ 24 2 bilhões serão gerados no nível federal) com mais R$ 22 5 bilhões no período 2000 - 2001.
Confira a íntegra do documento AQUI. O título da página, para que não reste dúvida é "Acordo Brasil e FMI".

Está aí a prova inconteste de que o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso pretendia queimar a casa para vender carvão.

Dica do Stanley Burburinho (@stanleyburburin)

sábado, 23 de março de 2013

Agora eles tentam derrubar Lula da ex-Presidência da República
(23mar2013)


Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania (destaques meus)

A frase que intitula este texto deriva de brincadeira que tomou as redes sociais na internet na última sexta-feira por conta de mais uma “denúncia” do jornal Folha de São Paulo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – sobre palestras que ele dá no exterior.

A tal “denúncia” virou motivo de piada porque pretendeu negar a um cidadão em pleno exercício de seus direitos constitucionais a prerrogativa de todo ex-presidente da República de ter apoio do Estado ao fim de seu mandato e o direito a atividades estritamente privadas que a outros ex-presidentes jamais foram negadas.

Aqui e em muitos outros países democráticos – como nos Estados Unidos, por exemplo – ex-presidentes se tornam instituições nacionais. Além de direito a segurança e a proventos, quase todos eles se tornam palestrantes e são remunerados por isso – com maior ou menor êxito.

De Bill Clinton a Fernando Henrique Cardoso, ex-presidentes fundam institutos que levam seus nomes e que reúnem acervos contando a história de suas passagens pela Presidência, além de desenvolverem estudos políticos, econômicos e sociais.

Outro ex-presidente norte-americano que tem um instituto que atua fortemente em consonância com seu patrono é o prêmio Nobel da Paz Jimmy Carter, que atua em direitos humanos e até em fiscalização de eleições em várias partes do mundo, além de o próprio Carter ser um renomado palestrante.

FHC deu muita palestra remunerada, tem direito a todos os benefícios do Estado concedidos a Lula, inclusive suporte em missões no exterior, pois não se imagina que quando um ex-presidente visita outro país a representação diplomática desse país o trate como qualquer um.

No entanto, no dia seguinte à denúncia da Folha de que Lula faz o que tantos outros ex-presidentes fazem em termos de palestrar no exterior com despesas e até honorários pagos pelos anfitriões, o jornal voltou à carga “denunciando” que as representações diplomáticas brasileiras lhe dão suporte quando visita os países em que estão sediadas.

Nunca se viu isso em relação a nenhum outro ex-presidente. Até uma doação de quase meio milhão de reais de dinheiro público ao ex-presidente FHC não mereceu da própria Folha mais do que uma notinha escondida nas páginas internas – e que após ser publicada nunca mais foi notícia.

quinta-feira, 21 de março de 2013

A história bíblica da Torre de Babel: o rompimento da unidade
(21mar2013)

Ouviste? Podemos fazê-lo hoje!

Por Inelia Benz, Publicado em setembro de 2012 no sítio Ascension101

A informação contida neste artigo é altamente empoderadora, e revela fatos profundamente conhecidos, ainda esquecidos, sobre a nossa verdadeira natureza. Sinta-se livre para compartilhá-lo, enviá-lo e postá-lo para alguém que você sente que vai se empoderar. Apesar de simples, ele vai para o núcleo de como o Paradigma Luz/Trevas tem sido capaz de funcionar por tanto tempo e como podemos conscientemente voltar para nossa verdadeira natureza da Luz/Amor, trazendo o Novo Paradigma conosco para o que conhecemos como uma "realidade física".

A maioria de nós já ouviu falar da "Torre de Babel". Se você não tiver, a história bíblica é assim (copiado da wikipedia em http://en.wikipedia.org/wiki/Tower_of_Babel):
"De acordo com o relato bíblico, uma humanidade unida das gerações seguintes do Grande Dilúvio, falando uma única língua e migrando a partir do leste, veio para a terra de Sinar, onde eles resolveram construir uma cidade com uma torre 'com seu topo nos céus ... para que não sejamos espalhados sobre a face da Terra'. Deus desceu para ver o que eles fizeram e disse: 'Eles são um só povo e têm uma linguagem, e nada os impede de fazerem o que eles têm o propósito de fazer'. Então Deus disse: 'Vinde, desçamos e confundamos seu discurso'. E assim Deus os espalhou sobre a face da Terra, e confundiu suas línguas, e cessaram de edificar a cidade, que foi chamada de Babel 'porque Deus confundiu a língua de toda a terra' (Gênesis 11:5-8)."
 [Atualização em 22/03/2013. Nota do tradutor: Na Bíblia Sagrada traduzida por João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, o trecho citado apresenta-se assim (grifos meus):
"Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam; e disse: eis que o povo é um e tem a mesma linguagem. Isto é apenas o começo: agora não haverá restrição para tudo o que intentam fazer. Vinde, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro. Destarte, o Senhor os dispersou dali pela superfície da terra; e cessaram de edificar a cidade."]

O que a história da Torre de Babel tem a ver com nossa Ascensão para um novo nível vibracional? Esta história ilustra o que aconteceu há milhares de anos, quando ainda estávamos conectados como UM como espécie. E ela vai para o núcleo de reconexão com o campo da verdadeira energia de Gaia, a expansão de nossa consciência pessoal, e também o movimento da espécie humana em uma realidade vibracional superior.

Em algum lugar do passado, uma espécie tecnologicamente avançada removeu a capacidade dos seres humanos de se comunicarem naturalmente com eles mesmos e com o planeta. Eles programaram, ou desconectaram, a nossa capacidade de nos tornarmos um com alguém no planeta a qualquer momento. De perceber a vibração de todas as pessoas e localizá-las. De unir e compartilhar experiências com qualquer espécie ou ser humano à vontade. Eles nos separaram uns dos outros. E nós fomos programados para acreditar que éramos seres singulares incapazes de nos conectarmos com os outros, exceto por voz, pelo toque ou por imagens. Mas como o planeta se eleva em vibração, ele está naturalmente removendo todos os programas e conexões quebrados. Estamos evoluindo de volta para o nosso estado conectado, natural.

A comunicação humana, tal como a conhecemos hoje, envolve um comunicador projetando uma mensagem que é recebida pelo destinatário. Para a comunicação funcionar, a pessoa que projetar tem que ter a intenção de ser recebida não só pelos sentidos físicos do destinatário, mas também pela sua atenção consciente ou inconsciente. Esta é uma relação direta entre a história da Torre de Babel ea maneira como nos comunicamos. Basicamente, este tipo de comunicação vem da ilusão de que somos separados uns dos outros, e que a única maneira em que podemos alcançar os outros é projetando-nos lá fora, com força suficiente para incidir no campo de atenção da outra pessoa.

No entanto, a nossa verdadeira forma de comunicação é diferente. Quando entendemos a diferença, podemos entender o ditado, "dividir e conquistar" em uma escala global.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Coisas que a elite de nosso planeta não quer que você saiba ou pense sobre
(20mar2013)


Inelia Benz: Um ser extraordinário numa missão extraordinária

Do sítio Observatório Cósmico (com alguns destaques meus)


Entrevista com a pessoa que tem a história mais incrível que já ouvi. Confira abaixo a TRANSCRIÇÃO COMPLETA:


Olá. Eu sou Bill Ryan, do Projeto Avalon. E o vídeo que você está prestes a ver é uma entrevista com uma mulher muito extraordinária que eu vim a conhecer recentemente e que se tornou uma amiga próxima.

O tema da entrevista é a missão dela neste planeta e as habilidades que ela possui, que são extraordinárias e significativas. Nas duas horas que se seguem, ela detalha o que ela pode fazer, o que ela tem feito. A diversão e os problemas que ela passou quando era menina e o que ela está fazendo de forma responsável com esses poderes incríveis, neste momento.

É uma história muito extraordinária que recomendo que você ouça até o fim.

A razão pela qual estou fazendo esta pequena introdução aqui é porque é realmente importante ressaltar que as habilidades psíquicas mais extraordinárias que são recontadas nesta entrevista não são as dádivas de uma pessoa extraordinariamente especial, às quais não podemos eventualmente aspirar. Estas dádivas são inatas em todos os seres humanos. Esta é a mensagem de Inelia para nós.
Ela afirma que, embora ela venha, digamos, de um lugar extraordinário, essa é uma missão normal. É uma vida incomum. Os dons que ela possui são humanos. E uma mensagem que ela quer que todos nós compreendamos é que estes dons são o nosso direito de nascença, que os controladores do planeta NÃO querem que saibamos que os temos. Eles os usam, é claro, em proveito próprio.

A outra observação importante na entrevista, é que a magia – por falta de uma palavra melhor – é interessante, espetacular e tem fascinado por gerações os seres humanos, por razões compreensíveis, há milhares de anos. Não é um fim em si mesmo. É importante entender que, como diz Inelia na entrevista, essas habilidades serão adquiridas, como subprodutos, por quem está num caminho espiritual genuíno.

E, claro, muitos dos grandes mestres em muitas tradições vão atestar isso. Elas são interessantes, mas não são um fim em si mesmas. Elas não devem ser perseguidas como um fim em si. Isso seria uma armadilha. Isso é um beco sem saída. Isso, na verdade, não leva a lugar nenhum, a não ser, provavelmente, satisfazer as necessidades do ego.

E à medida que você escuta Inelia contando a história dela, você verá que há muito, muito pouco ego ali. Ela conta a história de uma forma que, de fato, você também pode fazer exatamente o que ela faz. Você também tem essa capacidade para mudar o universo ao seu redor. Você também tem a capacidade, como ela diz, de criar a sua própria linha de tempo. Você pode criar seu próprio futuro. E, aqui entre nós, assumir a responsabilidade total e suster o nosso poder, nós podemos criar o mundo que queremos.

*****

Bill: Sou Bill Ryan do Projeto Avalon. Hoje são 10 de marco de 2011. Eu estou aqui com Inelia. E, Inelia, você poderia dizer o seu nome de família maravilhoso e melódico que sou incapaz de pronunciar?

Inelia Benz (Inelia): Ok, meu nome é Inelia del Pilar Alhumada Avila. Eu também sou conhecida como Inelia Benz.


Bill: Certo. E, você nasceu no Chile. Isto está certo?

Inelia: Sim.


Bill: OK. Então, para encurtar uma história muito longa, que é uma história diferente, você deixou o Chile como refugiada. Certo?

Inelia: Certo. Sim.


Bill: E terminou na Inglaterra. Está correto?

Inelia: Nós nos mudamos para Nottingham, na Inglaterra. E, de certa forma, cresci lá. Morei lá por alguns anos. Então fui... Eu me mudei para a Irlanda por nove anos. Fui para a faculdade na Irlanda. Depois voltei ao Chile por alguns anos, já adulta, para resolver os assuntos das propriedades da família e coisas assim. Após isso, fui morar na Espanha por alguns anos e depois voltei para a Inglaterra. Agora estou nos Estados Unidos há seis anos.


Bill: E como tudo isto é possível, uma vez que você parece ter 22 anos de idade? [Ri]

Inelia: Ah, ok. Bom você não pergunta a idade a uma mulher. [ri]


Bill: [ri]

Inelia: Então, eu não vou te contar. Mas eu não sou jovem. De qualquer forma, muito obrigada.


Bill: Ok. A razão pela qual estou falando com você... E nós adoraríamos ver se podemos descrever algumas das coisas que você tem feito e passado, em uma linguagem que as pessoas possam entender. Você – posso dizê-lo – é uma das pessoas mais extraordinárias que eu já conheci e já conheci algumas pessoas extraordinárias.

Pelo que pude perceber, de uma forma meio engraçada, você nem mesmo descreveria a si mesma como uma pessoa. Agora, isso vai soar estranho para as pessoas assistindo. [Ri]

Inelia: [ri] Certo. Sim. É porque... [limpa a garganta] Quando eu olho para uma pessoa ou olho para as pessoas na Terra... normalmente – e isso nem sempre é o caso – terá havido uma alma ou, algo como, uma centelha da divindade entrando na linha do tempo-espaço. Ela teria ido da completa unidade para um período de talvez mil – eu não sei quantas vidas – transformando-se num indivíduo e num ser consciente, que está separado da unidade.

Assim... Quando eu olho para as pessoas no planeta... Isso já aconteceu algumas vezes no planeta Terra. Muita gente fez toda a trajetória no planeta Terra.

Agora, nós estamos vendo como que milhares, senão milhões, de pessoas que fizeram as trajetórias em outros planetas e agora estão encarnados na Terra para experimentar essas coisas incríveis que estão acontecendo nesse momento aqui... Então, eu consideraria que uma dessas almas tenha evoluído no tempo e no espaço, para se tornar um ser consciente e evoluído, como uma pessoa ou um ser. Certo?

Eu não me descreveria como tal, porque vim diretamente, sem qualquer evolução, neste momento, para poder fazer um trabalho específico no planeta. E uma vez que o trabalho for feito, aquela individualidade, aquela... "singularidade", que é essa pessoa que você está vendo, não existirá mais. Assim, o conceito de uma pessoa, ou de uma alma, não estará aqui.


Bill: Ok. Então. Uma ou duas pessoas que acompanharam isto talvez já estejam fazendo uma dupla interpretação. Você não está apenas dizendo que você não esteve aqui neste planeta antes, que nunca encarnou, mas que você nunca esteve em qualquer lugar do universo físico, ou em qualquer lugar em toda a matriz da existência, por assim dizer. Você é, com certeza, novata.

Inelia: Correto. Entrei na “matriz” – esta é uma boa palavra – de espaço-tempo, meia hora antes de nascer.

PSDB e PSOL se unem contra blogosfera
(20mar2013)


Por Miguel do Rosário, nO Cafezinho, reproduzido do sítio Viomundo

Tucano cobra explicações sobre gasto oficial na internet
O Globo – 20/03/2013

BRASÍLIA O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), protocolou ontem pedido de informações para que o governo explique o aumento de gastos com publicidade na internet, de 483%, no período de 2000 a 2011, segundo o partido. De acordo com o líder tucano, os gastos informados pelo governo não permitem saber a razão do aumento dessas despesas, passando de R$ 15 milhões, em 2000, para R$ 90 milhões, em 2011.

Aloysio quer que a Secretaria de Comunicação da Presidência explique se há financiamento público dos chamados “blogs sujos”, que são, segundo ele, sites de jornalistas contratados para atacar opositores do governo.

- Muitos dados que temos não são suficientemente pormenorizados. É impossível saber o que é gasto com empresas que concorreram no mercado, e as que não são. É um exército, uma milícia no “cyberespaço”. Eu quero saber onde e como esse dinheiro está sendo gasto – disse Aloysio.

O líder do PSOL, senador Randolfe Rodrigues (AP), que disse que irá subscrever o requerimento do tucano, afirmou que um site que veicula publicidade de uma empresa estatal teria “massacrado” o senador Pedro Taques (PDT-MT), um dos mais críticos ao governo no Senado:

- Se recebe verbas públicas para isso, mais do que ameaça à liberdade de expressão, é uma ameaça à democracia. É o financiamento do achincalhamento de quem tem alguma divergência – disse Randolfe.

*****

Diz o Miguel:

A “denúncia” de Aloysio Nunes é antes de tudo burrice. Em 2000, a internet quase não existia no Brasil. Eu, que fui um dos primeiros blogueiros do país, entrei por aqui em 2004. Essa é a explicação óbvia porque o aumento da publicidade estatal na internet cresceu 483%.

Mais grave que a burrice, porém, é que Nunes na verdade está tentando perseguir a blogosfera. O Cafezinho já identificou que mais de dois terços da publicidade federal vai para UOL, Globo, Abril. Até o site da Fox recebe dinheiro. A blogosfera não ganha nada. Alguns blogs de grande circulação recebem anúncios de estatais. É triste sobretudo ver um senador de esquerda, como Randolfe Rodrigues, adotar uma postura tão mesquinha, apenas porque viu ataques de um blog ao senador Pedro Tacques. E daí?

A grande mídia não ataca diariamente políticos e instituições, e não é justamente por isso que é considerada “crítica” e “independente”? Quer dizer que o senhor Randolfe Rodrigues, que nunca abriu a boca para reclamar contra a concentração midiática no país, e contra uma lógica de direcionamento de verbas estatais que apenas beneficia os grandes, agora vai entrar na turma dos que querem asfixiar financeiramente os dois ou três blogs que receberam uns caraminguás? E por que?

segunda-feira, 18 de março de 2013

Dedicado a quem gosta de replicar ("compartilhar") mensagens ofensivas contra Lula e Dilma
(18mar2013)


Do sítio de Luis Nassif

Contra ofensas que conservadores fazem a Lula e Dilma

Um dos mais importantes especialistas do País na área trabalhista, o advogado Valter Uzzo criou um fato político ao enviar para amigos e-mail remetido para um de seus conterrâneos da cidade de Pompéia, no interior de São Paulo, chamado apenas por Lara, listando uma série de argumentos contrários à proliferação de spams jocosos sobre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Roussseff. Ex-presidente do Sindicato dos Advogados de São Paulo, Uzzo, no texto, descreve o cenário histórico da presença e influência das forças conservadoras na política brasileira.

O e-mail de Uzzo está sendo velozmente disseminado pela internet, ganhando status de peça política contra a discriminação ideológica às forças de esquerda.

Abaixo, o conteúdo completo:
Caros
Um amigo meu de infância passou a me mandar um volume enorme de e-mails com piadas, comentários e afirmações sempre depreciativas em relação ao Lula, Dilma, PT, etc. A situação foi em um crescendo tal, que atingiu as raias da provocação e do insulto, até que, outro dia, resolvi responder. E mandei este pequeno texto, que é, em verdade, o que penso de pessoas como ele que, a pretexto de criticar, escondem hipocritamente suas ideias e concepções.
Abcs.
Valter Uzzo
Sent: Tuesday, February 05, 2013 3:42 PM

Caro Lara:

Tenho, quase que diariamente, recebido os seus e-mails, que trazem piadas, “fotos interessantes”, e propaganda daquilo que, politicamente, você acredita. Quero crer que estou me dirigido à pessoa certa, ou seja, ao Lara que conheci em Pompéia, na infância e adolescência. Se assim é, tenho algumas gratas recordações, de nossa convivência que, ao tempo, pela idade e sem as agruras que viríamos a experimentar durante a vida, era muito boa. Recordo-me mesmo que uma das suas habilidades, invejada por todos nós da mesma classe ginasial, era a incrível capacidade que tinha de “colar”, já que você se abastecia de um grande estoque das “sanfoninhas” (era o tipo de “cola” da época), que escondia perfeitamente em sua mão direita e que lhe permitia – grande perfeição! – colar sem interromper a escrita e, – perfeição maior! –, até mesmo diante do olhar atento do professor. Ao que me recordo, nunca, nenhum dos professores, na fiscalização que faziam, conseguiu algum êxito diante de você. Nesse particular, você era imbatível.

Mas, deixando-se de lado tais reminiscências, eu estou me dirigindo à você para tratar de assunto que, diante de sua volumosa correspondência eletrônica, parece lhe interessar: trata-se de questões que envolvem a visão que temos da forma como vem sendo dirigido este país, melhor dizendo, a questão política. Para se ter uma conversa franca, devo dizer que temos uma visão de mundo muito diferente. Acho mesmo, oposta. Em minha profissão (sou advogado) acabei aprendendo a conviver na divergência, já que, diariamente, senta do lado de lá da mesa de audiência, ou dos autos do processo, um colega de mesmo grau de escolaridade que defende justamente o contrário. Adversário. Mas, terminada a audiência, retomamos o relacionamento, ou seja, é um aprendizado constante e permanente, a nos ensinar que devemos respeitar os que pensam de forma diversa. Transposta tal relação para a política, também aprendi a respeitar aqueles que têm uma visão de mundo diferente da minha, embora com eles não concorde. Entre tais “adversários” de pensamento existem dois tipos: os que assim agem por convicção, e os que agem por interesse. Creio que você se enquadra entre os primeiros, ou seja, você tem ideias, a meu ver, que eu classifico como “conservadoras”, mas que são catalogadas no jargão político comum como “reacionárias”, ou por alguns “direitistas”, ou, se formos levar ao extremo a sociologia política, “fascistas”. Para mim, no entanto, você é um “conservador”, por convicção. E é aí que eu quero conversar com você.

domingo, 17 de março de 2013

Em Zurique, e em toda a Europa, Comunidades Grileiras estão em fortalecimento
(17mar2013)



Por Ed Sutton, no sítio Occupy Wall Street

(Via Occupy.com) Podemos todos parar de torcer as mãos sobre "o próximo Ocupar". Quaisquer que sejam nossas razões para fazê-lo - preocupando-se com que isso possa varrer o mundo com uma força irresistível, ou se preocupando com que não possa - podemos ter certeza de que ele está chegando, apenas de uma forma que ainda não tínhamos imaginado ainda.

Temos de nos lembrar que o fenômeno global que chamamos de "Ocupar" ("Occupy") foi a coalescência (longe de ser espontânea) de várias correntes e códigos baseados em auto-organização que já andavam por aí há décadas - e ainda estão por aí. Este ethos anarquista invadiu a mais ampla consciência pública de uma maneira nova, e ainda que tenha sido batido de volta para a subsuperfície por surpreendente repressão do Estado em uma escala global, ele vai surgir novamente.

E se essa coalescência chamada "Occupy" foi em parte um produto de avanços nas comunicações, um breve momento quando as pessoas estiveram um passo à frente das autoridades - organização utilizando tecnologias ainda não totalmente compreendidas, monitoradas, ou de alguma maneira comprometida pelo poder estatal - a próxima coalescência global também o será. A democratização da tecnologia de comunicação continua a navegar para a frente, e os movimentos continuam a se desenvolver em paralelo.

Onde estão esses movimentos, então, essas comunidades e redes de resistência auto-organizadas em oposição às forças mais fortes do que nunca do neoliberalismo global militarizado e do fascismo corporativo?

Diante de nossos olhos, francamente. Eu só posso falar o que eu sei: por exemplo, na minha cidade de Minneapolis, que eu tenho acompanhado com interesse de longe, o Occupy Homes tem sido ativo e bem sucedido na luta contínua contra os despejos, às vezes usando a tática que seu nome descreve e que tem sido praticada na Europa há décadas: a grilagem.

sábado, 16 de março de 2013

JN esquece do jornalismo, se ajoelha para o papa e presta enorme serviço à igreja católica
(16mar2013)


Don Odilo fala em deus e Patrícia responde emocionada: “Que assim seja”

Por Lino Bocchini no sítio Desculpe a Nossa Falha

A exemplo de quarta-feira, quando foi eleito o novo papa, o Jornal Nacional de ontem também foi quase todo dedicado ao assunto. Com a íntegra em mãos, planejava contar quantas vezes, em 33 minutos de noticiário, determinadas palavras apareceram. Desisti após o primeiro bloco, quando já se somavam 23 “papas”, sete “Jesus Cristo”, seis “missa” e uma pilha de “cardeais”, “igreja”, “basílica”, “deus”, “cúria”, “senhor” etc. Montei então o roteiro de frases abaixo, todas ditas pelos apresentadores William Bonner (nos estúdios da Globo no Rio) e Patrícia Poeta (no Vaticano) e pelos repórteres da emissora que fizeram a cobertura por lá, na Argentina e em Jerusalém. É bom sublinhar que esse texto nem de longe consegue retratar o que foi essa edição do JN de fato. Tudo o que é descrito a seguir vinha acompanhado da entonação certa, trilha “emocionante”, edição cuidadosa, sorrisos etc. As frases estão em ordem de aparição no programa:
“O primeiro dia do novo papa, a primeira missa”
“Como o papa se tornou conhecido pela simplicidade”
“Um papa matutino”
“Começou impondo um estilo novo ao papado e recusou o carro oficial”
“´Também sou um peregrino´, disse”
“Comportou-se como um padre, quase um pai de família. Nem usou o trono para a homília”
“Tem a simplicidade evangélica de João 23 e o sorriso paterno de João Paulo I”
“O papa Francisco começa a conquistar um certo fascínio que já existia entre os cardeais”
“O colégio de cardeais, num grande e inteligente gesto, em poucas horas mudou o rosto da igreja”.

Uchôa se questiona: “De onde vem essa inspiração, esse sentimento de humildade?”

Aí entra ao vivo Don Odilo Scherer, que respondeu a 4 perguntas rápidas. Terminou a última, sobre a “torcida brasileira” a seu favor, dizendo que “os cardeais deveriam escolher aquele que deus indicasse”. E Patrícia, emocionada: “Que assim seja”.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Nobel da Paz nega que Bergoglio tenha colaborado com ditadura argentina
(14mar2013)


Publicado na Folha de SP e reproduzido do sítio de Luis Nassif

O ativista argentino de direitos humanos Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do prêmio Nobel da Paz em 1980, negou nesta quinta-feira que o cardeal Jorge Mario Bergoglio, o novo papa Francisco, tenha vínculos com a última ditadura militar do país sul-americano (1976-1983).

Em entrevista ao portal BBC Mundo, o ativista disse que alguns bispos foram cúmplices da ditadura, mas não foi o caso do novo pontífice.

"Questionam Bergoglio porque dizem que ele não fez o necessário para tirar dois sacerdotes da prisão, sendo ele o superior da congregação de jesuítas. Mas eu sei pessoalmente que muitos bispos pediam à junta militar a liberação dos presos e sacerdotes e não eram atendidos".

A rede britânica relaciona as acusações de participação da ditadura com reportagens do jornal "Página/12" que o acusavam de colaborar com os ditadores da época.

As notícias, de um dos donos da publicação, Horacio Verbitsky, acusavam Bergoglio de ter tirado a proteção de dois padres jesuítas, Orlando Yorio e Francisco Jalics, que faziam trabalhos sociais em bairros pobres.

No mesmo ano, ele negou as acusações, em sua autobiografia "O Jesuíta". "Fiz o que pude com a idade que tinha e as poucas relações com as que contava, para advogar pelas pessoas sequestradas".

Perfil

Bergoglio nasceu na capital argentina e, depois de cursar o seminário no bairro Villa Devoto, entrou para a Companhia de Jesus aos 19 anos, em 1958. Foi ordenado padre pelos jesuítas um ano depois, quando estudava teologia e filosofia na Faculdade de San Miguel.

De 1973 a 1979, ele foi provinciano pela Argentina e, a partir de 1980, reitor da faculdade de San Miguel --cargo que ocupou por seis anos. O papa obteve o título de doutor na Alemanha.

Foi nomeado bispo em 1992 e elevado a arcebispo em 1997, passando a chefiar a arquidiocese de Buenos Aires desde então. O argentino ingressou no Colégio de Cardeais em 2001.

Na Santa Sé, participava de diversos órgãos: era membro da Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos, da Congregação para o Clero e da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e das Sociedades da Vida Apostólica, além do Conselho Pontifício para a Família e da Comissão Pontifícia para a a América Latina.

Ele era considerado "papável" desde o conclave que elegeu o alemão Bento 16 para suceder o polonês João Paulo 2º, em 2005. Com a renúncia do primeiro, o nome do arcebispo de Buenos Aires voltou a ficar entre os mais cotados ao posto de papa.

Em 2010, quando a modalidade foi permitida pela legislação argentina, o então arcebispo de Buenos Aires --que já disse que a adoção de uma criança por um casal gay é uma forma de discriminação ao jovem-- entrou em confronto com o governo de Cristina Kirchner. A presidente argentina, por sua vez, replicou dizendo que a posição da Igreja evocava a época medieval.

Sugestão para os pessimistas do Brasil: que tal irem morar por alguns anos na Europa?
(14mar2013)


O artigo reproduzido a seguir apresenta um quadro estarrecedor, para dizer o mínimo, para qualquer um daqui da ex(?)-Colônia que sempre tiveram o hemisfério norte como modelo de economia, bem-estar, tranquilidade, etc. É certo que a Europa guarda tesouros culturais da história da civilização ocidental. Mas tesouros culturais não podem ser comidos, não abrigam as pessoas contra as intempéries, não protegem os corpos das manifestações climáticas climáticas mais agudas.

Ainda falando do hemisfério norte, tenho a impressão, e de certa forma experimentei pessoalmente, de que o ambiente norte-americano não é mais aquele que Hollywood nos vendeu por décadas. Há ali uma forte militarização do cotidiano das cidades, além de disseminação de medos e desconfianças. Ali não se encontra mais a tão decantada terra da liberdade. O medo e a desconfiança impostos cotidianamente no imaginário de todos os estadunidenses permitiram que fossem naturalizadas violações a praticamente todas as bases dos direitos humanos. O governo estadunidense tem "carta branca" para romper soberanias de outras nações, cometer assassinatos em qualquer parte do mundo, sobrevoar com seus aviões não tripulados qualquer área que lhes dê na telha (ou mesmo na de quem tenha interesses escusos e não-confessáveis de lucrar com isso).

Temo que esteja chegando a hora de toda a América Latina ser o alvo dos interesses do hemisfério norte. A morte de Hugo Chávez com um câncer fulminante que não reagiu positivamente a nenhum tratamento. Um papa argentino com estreitos laços históricos com a ditadura cruel e sanguinária de seu país. Uma infiltração (com precedentes históricos, diga-se de passagem) monstruosa do discurso imperialista e antidemocrático, além de uma pregação apocalíptica cotidiana quanto ao futuro da economia da região, nas grandes e venais mídias latino-americanas. Uma legião de leitores, ouvintes e telespectadores que se deixam hipnotizar pelo discurso do pessimismo, criando expectativas para o pior e, o que é mesmo pior, atuando para materializar as pioras e torcendo para que nada do que aqui se faz dê certo. Tudo embalado no velho complexo de colonizados, em que tudo o que é bom vem do norte.

Por isso a sugestão do título. Leiam o artigo de Pepe Escobar e depois avaliem se gostariam de ir, agora, morar alguns anos na Europa. Ou nos Estados Unidos, onde todo brasileiro será tratado como mais um latino a ser ou explorado em seu trabalho, ou, se for turista (mesmo rico), como alguém para ser mantido à parte, junto com negros e os demais latinos. E tem gente que gosta! Fazer o quê?

A queda da Casa de Europa

Por Pepe Escobar, do Asia Times, reproduzido do sítio Luis Nassif

Não se tem, infelizmente, versão pós-moderna de Dante guiado por Virgílio para contar a um mundo perplexo o que está realmente acontecendo na Europa, passada a recente eleição geral na Itália.

Na superfície, os italianos votaram um retumbante “não” – contra a austeridade (imposta à moda alemã); contra mais impostos; contra cortes no orçamento, desenhados, em teoria, para salvar o euro. Nas palavras do prefeito de Florença, de centro-esquerda, Matteo Renzi, “Nossos cidadãos falaram alto e claro, mas talvez ainda não tenhamos entendido completamente sua mensagem.” De fato, não é difícil entender.

Há quatro principais personagens nessa peça moral/existencial digna da mais ensandecida tradição da commedia dell 'arte.

O vencedor pírrico é Pier Luigi Bersani, líder da coalizão de centro-esquerda; mas não consegue formar governo. O perdedor indiscutível é o tecnocrata e ex-serviçal de Goldman Sachs, primeiro-ministro Mario Monti.

E há também os reais vencedores: “dois palhaços” – pelo menos de um ponto de vista alemão e da City de Londres, via The Economist. Os “palhaços” são o movimento comandado pelo comediante Beppe Grillo, “Movimento 5 Estrelas”, e o notório bilionário e ex-primeiro ministro Silvio “Bunga Bunga” Berlusconi.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Os vínculos do novo papa com a ditadura militar da Argentina
(13mar2013)


Por Oscar Guisoni, na Carta Maior, reproduzido do sítio Viomundo

Buenos Aires – “Quando João Paulo II morreu todos nos iludimos com a possibilidade de que nosso cardeal Bergoglio assumisse como papa. Mas não aconteceu. Oxalá desta vez ocorra”, exclama sem ruborizar uma conhecida jornalista local em uma das tantas transmissões improvisadas da televisão argentina surpreendida, como o resto do mundo, com a renúncia de Bento XVI. “Deus não o permita”, responde o colunista Fernando D’Addario, no Página/12.

Como ocorreu em 2005, quando foi eleito o Papa Joseph Ratzinger, os conservadores e ultramontanos argentinos voltam a se iludir com a possibilidade de colocar seu homem no Vaticano: o cardeal Jorge Bergoglio. Mas o papel desempenhado pela Igreja argentina e pelo citado cardeal em particular durante a última ditadura militar (1976-1983) torna quase impossível que o Vaticano opte por habilitar com a “fumaça branca” um personagem com semelhante currículo.

Salvo que “assim como nos anos 80 escolheram Karol Wojtyla para canalizar religiosamente a luta do povo polonês (isto é, a do mundo ocidental e cristão) contra o totalitarismo soviético”, sustenta D’Addario com acidez, “agora escolham um papa argentino para salvar-nos do populismo gay e favorável ao aborto que se expande como uma peste por estes pampas”.

A polêmica, que em apenas algumas horas voltou a impregnar grande parte da imprensa argentina, trouxe à tona de novo a triste memória do papel desempenhado pela Igreja local durante a última ditadura militar e suas implicações no presente.

Assim, enquanto o setor mais conservador e católico da classe média local volta a sonhar em ter seu próprio Papa, os organismos de Direitos Humanos e as associações que agrupam os familiares dos 30 mil detidos desaparecidos na última ditadora recordam que a Igreja não só colocou uma venda nos olhos diante da matança organizada pelo Estado, como se fez de distraída inclusive frente o assassinato de seus próprios sacerdotes, comprometidos com a “opção pelos pobres’ e com a Teologia da Libertação que havia iluminado o Concílio Vaticano II.

"Futebol atual é delineador da mantença do elitismo oligárquico"
(13mar2013)


Siga la pelota?

Por João Hermínio Marques, no sítio Sul 21

O jogo segue. As regras não são nossas. Inventaram. Alguém inventou. Quem? Não se sabe. Ninguém sabe. A quem favorece? Aos mesmos de sempre.

A bola do conservadorismo corre mais no gramado. Afinal, poucos são os heroicos volantes de contenção. Os carrinhos desarmadores são sempre sistematicamente reprimidos. Uma goleada é marcada com liberdade no flanco direito. E, os arqueiros nada podem fazer. Ao contrário, a bola progressista chega quadrada, o passe é dificultado, e o gol pelo lado esquerdo é quase utópico. A derrota para o futebol conservador é a confirmação da derrota para o conservadorismo social.

Indaga o futebol: espelho, espelho meu, existe alguém mais sociedade do que eu?

Reflexo da sociedade, o futebol atual é delineador da mantença do elitismo oligárquico. O feudo-capital-neoliberalismo do futebol hodierno é disfarçado por uma alegórica neo-administração sustentadora da pseudo-modernização do esporte, com o notório processo de higienismo social e arenização dos estádios. Muito mais vale manter o povo inertizado em paixões antenadas na TV, em estado de lobotomia profunda. Pois, o dinheiro das propagandas comerciais e a alienação torcedora são fatores garantidores do novo futebol velho, muito mais lucrativo e seguro aos interesses do grande capital. Qual o risco desse rentável business? O mesmo risco da burguesia: a organização proletária. Ora, a massa torcedora organizada: as nada benditas torcidas organizadas. E, ainda tem gente de esquerda, reproduzindo o discurso sensacionalista criminalizador da cultura torcedora e da extinção das torcidas. O problema não é a torcida em si. O problema é a violência urbana, que atinge a sociedade, e por óbvio, também, o futebol, que está inserido naquela, configurando o fenômeno da violência urbano-futebolística. Entretanto, a conscientização torcedora é propulsora de avanços sociais, ainda que isso tenha sido pouco trabalhado até hoje. E, a pior violência no futebol está na cartolagem.

Mesmo em países que vivenciam transformações sociais, como no caso de Brasil e Argentina, os capos da máfia da bola seguem intocáveis. Não adiantará somente Cristina Kirchner concretizar o “Fútbol para Todos”, derrotando o monopólio das transmissões do Grupo Clarín, se ela não trabalhar pela queda de Julio Grondona (presidente da AFA – Asociación del Fútbol Argentino) e pela reestruturação democrático-popular no esporte de Maradona. Da mesma maneira, não basta Dilma evitar Teixeira, e agora Zé Medalha Marin. Dilma precisa liderar o plano de regulamentação desportiva, formatar a agenda positiva do esporte brasileiro, e alavancar as mudanças necessárias para a moralização do futebol nacional. Não se pode acreditar em avanços com o simplório discurso de que a “presidenta não deseja ficar próxima dos comandantes da CBF“. Aliás, é crucial que a presidenta auxilie no processo de queda do atual comandante, que, inclusive, poderia ter sido seu algoz, como foi de Vlado Herzog. É fundamental que a presidenta seja liderança implacável de uma revolução democrática na organização esportiva

terça-feira, 12 de março de 2013

A solidariedade aos palestinos também já é zona ocupada?
(12mar2013)



Por Gilad Atzmon, Counterpunch

Para envolver-se em ações de solidariedade aos palestinos, você, antes, tem de aceitar que os judeus seriam especiais; e que o sofrimento dos judeus seria mais sofrimento que o de qualquer outro povo; e que os judeus seriam povo escolhido; e que o Holocausto dos judeus teria sido o pior de todos os genocídios que a humanidade conheceu; e que o antissemitismo seria racismo mais vil que todos os racismos vis que a humanidade conheceu. E por aí vai.

Mas, quando se trata de palestinos... É exatamente o contrário! Por alguma razão incompreensível, deve-se crer que os palestinos, o povo palestino e a luta dos palestinos, absolutamente nada teriam de especial.

De fato, os palestinos foram vítimas de um movimento racista, nacionalista e expansionista judeu como jamais o mundo conheceu outro. Mas temos de aceitar que, como se os palestinos fossem indianos ou africanos como outros, o seu padecimento não passaria de sofrimento resultante do colonialismo do século 19 – e ali estaria implantado mais um caso de algum já nosso velho conhecido sistema de Apartheid.

Por essa contabilidade, os judeus, os sionistas e os israelenses seriam excepcionais, superiores, nada se compararia a eles; e os palestinos seriam comuns, vulgares, apenas mais um capítulo de uma narrativa política maior, sempre um caso a mais, dentre outros semelhantes. O sofrimento dos palestinos nada teria a ver com os traços específicos que têm o nacionalismo judeu e o racismo judeu; nem, sequer, com a política externa dos EUA dominada pelo AIPAC. Nada disso. Os palestinos são sempre vítimas de uma mesma dinâmica tediosa, banal, geral, abstrata, sem nada, sem nenhuma, sem uma única especificidade, coisa ‘histórica’, que acontece sempre.

Se é assim... há perguntas muito sérias a serem respondidas.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Orquestra Sinfônica Juvenil Simón Bolívar, da Venezuela, toca mambos
(11mar2013)

Regência: Gustavo Dudamel

Orquestra Sinfônica Simón Bolívar, da Venezuela, apresenta Sinfonia nº 2 "Resurrection", de Mahler
(11mar2013)

Grande Orquestra Sinfônica Simón Bolívar e Coro Juvenil Nacional da Grã-Bretanha, regência de Gustavo Dudamel, com Miah Persson e Anna Larsson, interpretando a Segunda Sinfonia de Gustav Mahler, "A ressurreição", no Festival dos Proms da BBC de 2011.

Para os amantes de música erudita, um concerto memorável da orquestra bolivariana da Venezuela:

Vergonha alheia - Um midiopasteurizado estudante de Oxford "mete os pés pelas mãos"
(11mar2013)

Mais um vídeo que produz o que tem sido chamado de vergonha alheia. Um estudante loquaz, do alto de sua informação deformada e enformada pela mídia dominante, questiona o deputado George Galloway sobre seu apoio à "ditadura Chávez" e sobre a execução pública de condenados à morte no Irã. O vídeo é curto, quase 9 minutos, mas é muito bom ver quantos danos a pouca informação pode causar às pessoas. E causa na gente a famosa "vergonha alheia". Se eu fosse o rapaz, pediria para que se abrisse um buraco sob meus pés naquele momento, para poder desaparecer dali.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Cuiabá: PM demite comandante de base e afasta soldados da Rotam
(8mar2013)


Policiais militares agrediram seis alunos da UFMT, durante uma manifestação em Cuiabá

Reprodução
Vídeos mostram ação truculenta de policiais 
militares contra os manifestantes

Por Katiana Pereira, no sítio Midia News
Da Redação

O comandante do Comando Regional I, coronel Jadir Metelo Costa, exonerou, nesta sexta-feira (8), o comandante da Base Comunitária da Polícia Militar do bairro Boa Esperança, em Cuiabá, o capitão PM Gilson Vieira da Silva.

Ele foi apontado como o responsável pela ação desastrosa na última quarta-feira (7), quando PMs agrediram estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), durante uma manifestação, na Avenida Fernando Corrêa da Costa.

Pelo menos 10 alunos ficaram feridos, depois de serem atingidos por balas de borracha. Outros foram agredidos com socos e pontapés.

Além do comandante, dois policiais militares da Rotam (Ronda Ostensiva Tático Móvel) foram afastados pela Corregedoria da Polícia Militar. Os PMs, cujos nomes não foram revelados, aparecem em um vídeo agredindo os estudantes.

No lugar de Silva, assume o capitão PM Marcos Amorim.

“Fizemos análise das imagens e chegamos à conclusão que o responsável pela ação era o comandante da base comunitária e quem iniciou toda a confusão foram os dois policiais da Rotam, que também foram afastados”, disse o coronel Costa ao Midianews.

A Secretaria de Estado e Segurança Pública (Sesp) informou que foi instaurado um inquérito administrativo para apurar o fato, e nomeou um oficial superior como encarregado para acompanhar o procedimento.

Caso sejam comprovadas as agressões, as punições vão desde a advertência à exclusão da corporação.

Os alunos protestavam contra o fechamento de 50 vagas nas casas de estudantes mantidas pela Universidade, no bairro Boa Esperança. A desocupação deve acontecer até o próximo dia 22.

Os estudantes afirmam que vão acionar o Estado, por conta das agressões.


Policia acionada 

A Secretaria de Segurança informou, por meio de nota, que, por volta das 11h de quarta-feira, o chefe de segurança do campus da UFMT de Cuiabá, Rubens Malcon, por orientação da prefeitura do campus, telefonou com o comandante da Base Comunitária do bairro Boa Esperança, para informar sobre a manifestação dos estudantes.

Durante a manifestação, no período da tarde, o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) recebeu diversas chamadas telefônicas solicitando o desbloqueio da Avenida Fernando Correa, em Cuiabá.

Devido aos chamados, mais equipes da Polícia Militar se deslocaram ao local da manifestação.

Agressão de policiais contra estudantes da UFMT
(8mar2013)

Mais um acontecimento que somente vem corroborar a instalação a passos largos, em nosso país, da criminalização de movimentos sociais. Os estudantes da UFMT protestavam, no dia 6 de março último, contra o fechamento de 50 vagas de moradia estudantil decidido pela Reitoria da UFMT. A reitora, Maria Lúcia Cavalli Neder, em seu segundo mandato, evita comentar o cerne da reivindicação dos estudantes repetindo um bordão de que a UFMT tem a melhor política de assistência estudantil do país. A grande mídia tratou da agressão, mas, ao invés de apresentar e explicitar as reivindicações dos estudantes, dá destaque ao discurso oficial da reitoria, mascarando o real problema. Ou seja, a reitoria desalojou os estudantes carentes e não preparou com antecedência qualquer alternativa para sanar o problema que ela mesma criou.

Aí os prejudicados protestam, e com toda a razão.

Abaixo, o vídeo postado no Youtube que mostra o ocorrido na Av. Fernando Correia da Costa, num dos vértices do campus de Cuiabá da UFMT:




Rotam dispara balas de borracha e prende alunos da UFMT que protestavam contra fechamento de CEUs na Fernando Corrêa

Por Bruna Pinheiro, publicado no sítio No Poder
Fonte: Jornal A GAZETA

Confronto fere 10 estudantes


Fotos de Reprodução Internet

Seis estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foram presos durante uma manifestação contra a decisão da reitoria da universidade em fechar as 5 Casas de Estudantes Universitários (CEUs). Os manifestantes bloquearam uma das pistas da avenida Fernando Corrêa da Costa na tarde desta quarta-feira (06). Policiais militares agiram no local para liberar o trânsito na região. Além das 6 prisões, mais de 10 estudantes foram atingidos por disparos de balas de borracha feitos por policiais da Rondas Ostensivas Tático Móvel (ROTAM).

Com gritos de “estudante na rua, reitora a culpa é sua” e “tem dinheiro para a Copa, mas não tem para a educação” a manifestação foi organizada por alunos da UFMT que moram nas Casas de Estudantes Universitários (CEUs), localizadas nas proximidades da universidade. De acordo com eles, a reitora Maria Lúcia Cavalli, tomou a decisão de fechar as casas sem comunicá-los previamente do fato. Além disso, alegam também que souberam que o contrato feito entre a universidade e as casas alugadas havia sido encerrado por meio dos próprios locatários e não através da UFMT.

A estudante de Comunicação Social, Celly Alves Silva, 22, é moradora há 2 anos de uma das 5 CEUs, localizada no bairro Boa Esperança. Segundo ela, são antigos os problemas no local, entre eles, a falta de assistência a problemas da casa. Ela conta que ao todo, são 50 estudantes morando nas CEUs, sendo um grande número vindo de outras cidades do Estado e do país.

“Para os estudantes, a Casa é um ponto mais seguro para morar. Muitos são de fora de Cuiabá, não conhecem a cidade direito, estudam à noite, ou seja, morar perto da UFMT é sem dúvida, o melhor para eles. Agora, sem a Casa, a maioria não sabe nem para onde ir”.

O documentário que desmontou a farsa midiática e política preparada para derrubar Chávez em 2002
(8mar2013)

Ponte Llaguno - As chaves de um massacre

Texto postado no Youtube como descrição do vídeo:

"Este documentário do jovem cineasta Ángel Palacios é uma obra prima de reportagem investigativa que desmonta contundentemente a intensa e inescrupulosa manipulação e tergiversação da realidade praticada de modo coordenado pelos meios de comunicação privados da Venezuela em abril de 2002.

Este trabalho serve como um poderoso alerta a todas as pessoas de bem, para que elas possam detectar próximas manobras de igual teor em qualquer outro país ou na própria Venezuela e, assim, contribuir para que os preceitos da democracia e do respeito aos direitos humanos não voltem a ser impunemente violados por grupos quase (ou totalmente) mafiosos que, sob o pretexto de agir em defesa da liberdade de expressão, se esmeram por passar por cima da vontade popular com o objetivo de fazer valer os interesses econômicos e políticos das oligarquias locais e das grandes corporações capitalistas multinacionais."


Vergonha alheia - Triste papel do repórter de O Globo!!
(8mar2013)

Chamo de vergonha alheia a consternação que a gente sente ao ver alguém sendo "desmontado" com argumentos ao tentar colocar outrem em situação desconfortável. Isso aconteceu com um jornalista de O Globo quando o mesmo participou de entrevista coletiva concedida por Hugo Chávez em Caracas. Chávez, com sua sempre cordial elegância e bom humor, reduziu a pó o pobre jornalista que ali cumpria sua missão - preencher alguns vazios em matéria já decidida na redação no Rio de Janeiro. Ou seja, tentar desmoralizar o presidente venezuelano ao acusá-lo de coisas que a mídia vive dizendo que ele fez, mas que na verdade não fez.

Está aí o vídeo. Como poderia dizer um caipira (como eu) lá no interior de São Paulo: "É tão bão de vê que inté dói".

quinta-feira, 7 de março de 2013

Nestes novos tempos, toda "sujeira" vem à tona, aparece e desmascara os poderosos
(7mar2013)


Parlamento Europeu cria "patrulha de trolls" para controlar a opinião pública

Do sítio Bloco de Esquerda - Grupo Parlamentar Europeu (destaques meus)

O Parlamento Europeu decidiu investir 2,5 milhões de euros numa campanha de propaganda para infiltrar "trolls" nas redes sociais com o objetivo de "controlar a opinião pública", sobretudo em casos onde se manifeste "euroceticismo".

A formação dos "trolls" começa ainda este mês, para que a sua ação se faça sentir antes e durante as eleições europeias de 4 a 8 de Junho de 2014.

A informação foi divulgada a partir de documentos secretos sobre despesas e estratégias de ação obtidos pelo correspondente em Bruxelas do jornal britânico Daily Telegraph. Os gastos vão ser feitos numa ocasião em que as instituições comunitárias procedem a cortes orçamentais nunca vistos na história da integração europeia.

Os "trolls", que em terminologia de internet se podem caracterizar segundo os conceitos de agente provocador ou agente desestabilizador, devem funcionar, segundo um documento interno do Parlamento Europeu, como instrumentos de controle da opinião pública de modo a identificar o mais cedo possível se debates de natureza política entre seguidores de redes sociais e blogues têm potencial para atrair "o interesse" dos cidadãos e dos meios de comunicação social.

A atividade da "patrulha de trolls", como já é conhecida entre alguns eurodeputados, deve prestar "especial atenção" aos países onde os sentimentos eurocéticos têm vindo a desenvolver-se.

Um documento interno do Parlamento Europeu citado pelo Daily Telegraph afirma que "os comunicadores institucionais do PE têm que estar preparados para controlar as conversações e os sentimentos no terreno em tempo real, para identificar tópicos dominantes e de ter a capacidade de reagir rapidamente, de maneira direta e relevante, associando-se às conversas e influenciando-as, por exemplo contribuindo com fatos e números para desconstruir mitos".

A notícia do correspondente do Daily Telegraph cita ainda um documento interno que revela a existência, no interior do setor administrativo do Parlamento Europeu, de opiniões dissonantes sobre o assunto, ao reconhecer que "são muito ténues as linhas que separam a comunicação institucional da comunicação política".

No entanto, a estratégia do processo foi aprovada pelo gabinete administrativo do Parlamento já em Julho do ano passado. O documento principal intitula-se "linhas políticas para a informação institucional e a campanha de comunicação". Parte do principio de que é necessário combater a degradação constante da imagem da União Europeia decorrente da gestão da crise e da aplicação das políticas da austeridade. Situação que o documento define como um "nítido contraste" entre uma realidade de "insegurança crescente e instabilidade financeira" e as promessas de "liberdade, segurança e justiça social com um próspero mercado interno".

Instruções para os "trolls" sobre este assunto são exemplificadas da seguinte maneira: "de maneira a contrariar a percepção de que 'a Europa é o problema' necessitamos de comunicar que a resposta aos desafios existentes é 'mais Europa' e não 'menos Europa'".

Congresso Nacional concorre com os stand-ups
(7mar2013)

Parece piada o que acontece no Congresso Nacional. Seria cômico se não fosse devastador.

Um deputado pastor, MARCOS FELICIANO, que afirma coisas como:
“Índio nasce índio, não tem como mudar. Negro nasce negro, não tem como mudar. Mas quem nasce homossexual pode mudar. Até a palavra ‘homossexual’ deveria ser abolida do dicionário, já que se nasce homem ou mulher”
"Aids é um câncer gay"
"Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé" 
é indicado para presidir a COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS da Câmara Federal.

Com relação a essa indicação, há um abaixo assinado que está chegando a 80.000 assinaturas - há três dias, quando assinei, eram 5.000 - e pode ser acessado aqui por quem quiser confirmar ou, de preferência, assinar.

Mas não para por aí!

Adivinhem quem é o escolhido para presidir a COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE, FISCALIZAÇÃO E CONTROLE do Senado Federal? O senador BLAIRO MAGGI. Uma liderança do agronegócio que vem contribuindo com a devastação do Cerrado brasileiro para a implementação de seus projetos. E não somente isso. Levou o agronegócio em Mato Grosso a circundar apertadamente as áreas indígenas, construindo diversas estradas em seu entorno e estimulando o avanço da fronteira agrícola até o norte do Estado (enquanto Governador de Mato Grosso), onde imensas áreas da floresta amazônica vêm sendo devastada para dar espaço a extensas pastagens de baixa produtividade e para algumas plantações. Os grandes pecuaristas lá de Barretos, por exemplo, trouxeram seu "gadinho" para pastar no Mato Grosso (ou em Tocantins e Goiás) para dar espaço à rentável monocultura canavieira que, por sinal, inferniza a vida dos moradores daquela região.

Essas indicações são piada pronta. Basta lê-las para rir. Ou chorar.

Colocam as raposas para tomar conta do galinheiro. Para finalizar reproduzo os últimos parágrafos da postagem de Leonardo Sakamoto, intitulada "Não acredito no demônio. Só na intolerância da bancada evangélica", publicada em seu blog:

"A partir da brilhante exposição de Marco Feliciano, citada no início deste texto, um comentário: intolerante não nasce intolerante, tem como mudar. Preconceituoso não nasce preconceituoso, tem como mudar. Homofóbico não nasce homofóbico, foi criado para ser assim. Tenho fé que, um dia, as palavras “intolerante” e “preconceito” sejam abolidas do dicionário por não fazerem mais sentido. Já que – não importa a etnia, a cor da pele ou a orientação sexual – nascemos iguais em direitos perante a lei.
Agora, que ele deve assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos, desejo boa sorte. Como também desejo boa sorte por conta de Blairo Maggi, que tornou-se presidente da Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle do Senado Federal.
Não aos dois, mas a todos nós. Porque vamos precisar."

Os falsos dogmas democráticos e a proliferação de zumbis medrosos
(7mar2013)


Chávez, intelectualismo vendido e falsos dogmas democráticos

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho (os destaques sublinhados são meus)

Tentava falar com meu amigo Theofilo Rodrigues sobre o coquetel que estamos organizando nesta quinta-feira em nome de nossa humilde e ainda informal organização blogueira no estado do Rio (e para o qual todos os leitores estão convidados), quando ele me cortou: Chávez acaba de morrer! Corri para a televisão para confirmar a informação. Mas logo renunciei ao desejo de assistir a qualquer coisa sobre o tema. Só punha os olhos na tv, quando passava pela sala, para ver cenas documentais, e ainda sim esforçando-me em fechar os ouvidos a qualquer comentário dos âncoras. Mesmo assim, ouvi algumas coisas, não necessariamente equivocadas.

As multidões nas ruas de Caracas forçaram um respeito inicial na Globonews. Que evidentemente não duraria muito, taí meu cuidado para não contaminar os ouvidos. Hoje, já refeitos do susto, inchados de pressentimentos eufóricos, veremos os grandes grupos de mídia entoando um coro único, ou antes um grito, simultâneo e desafinado, de alívio, e ainda assim cheio de um rancor mal contido, ódio ideológico e, sobretudo, incompreensão histórica.

Daí que hoje eu decidi, em nome da minha saúde mental, fazer uma anti-análise de mídia. Não quero ler editoriais, colunas, artigos de nenhuma espécie. Depois os lerei, todos, mais tarde, como tenho feito nos últimos anos, com uma atenção nervosa, irritada, entrecortada por risadas de desprezo e crises de náusea. Mas hoje eu ansiava por um pouco de pureza. Não gostaria de escrever com irritação, não dessa vez, não sobre este assunto.

No entanto, tinha que ler alguma coisa para me inspirar. Pensar a história, a política, a morte, ou qualquer coisa, sem uma referência, é para mim como navegar sem bússola, sem estrelas. Então lembrei de uma primorosa conferência de Thomas Carlyle, transposta em livro, sobre os heróis políticos, que eu já usara, anos atrás, para escrever um post sobre Lula. Reli calmamente o capítulo, sublinhei algumas frases, meditei, e sinto-me agora um pouco mais seguro para comentar a morte de Hugo Chávez, um acontecimento que naturalmente provoca reverberações trágicas, transcendentais, políticas, até mesmo metafísicas, em toda a imensa América morena (aí incluindo os 30 ou 40 milhões de hispanos que vivem no Norte).

Não preciso ler os jornais porque já sei o que vão falar. Há anos que acompanho a evolução da guerra antichavista na imprensa. Durante a crise que levou ao golpe de 2002 na Venezuela, eu acompanhei, por vários meses, a imprensa local, lendo diariamente editoriais do Universal, do El Tiempo, e até de um site de análises políticas chamado Analisis.com. Todos antichavistas radicais. Era muito impressionante o grau de sofisticação daquele jornalismo político. Ou pelo menos foi o que me pareceu à época. Editoriais repletos de citações de grandes filósofos, escritos às vezes com alguma virtuose literária, ofereciam um espetáculo todavia deprimente de incompreensão social, radicalismo conservador, racismo e toda sorte de preconceitos antidemocráticos. Para mim, foi uma verdadeira aula de como o intelectualismo se vende facilmente ao poder da mídia e do dinheiro, e como, neste quesito, os governos são frágeis. Não foi à tôa que Vargas se matou e Jango aceitou tão docilmente um golpe de Estado. Não foi à tôa que o socialismo real, para ganhar força e se estabilizar, teve que vender parte de sua alma (e em seguida, sua alma inteira), em troca de uma vitória covarde, brutal – mas necessária do ponto-de-vista político, histórico e militar – sobre a opinião livre. Anos mais tarde, quando o demônio cobrou sua dívida, o socialismo começou a ruir. O capitalismo agora espera, morbidamente, o momento em que a China quitará seu débito com a liberdade, cujo pagamento o Partido Comunista conseguiu adiar, com muita astúcia, comprando títulos do Tesouro americano, de um lado, e oferecendo produtos tecnológicos a baixo custo para sua classe média, de outro.

Entretanto, suspeito que não exista alma mais corrupta, vaidosa e tola do que a de um intelectual. Quando um escapa e ganha independência, em geral o faz em virtude de graves desordens, mentais ou físicas. O capital contrata os fortes e alija os fracos, doentes ou loucos; e mesmo assim, nem tanto. Há tempos que o mercado percebeu o potencial de muitos que antes o mundo considerava loucos.
Outro fator que pode salvar o intelectual é seu instinto, suas vísceras, seu coração, ou mesmo seu demônio ou anjo interior, seja lá do que quiserem chamar, mas que compõe o seu lado não-intelectual. Ou seja, o que pode salvar um intelectual é o que possui, em si, de não-intelectual.

Fiz essas digressões porque, para analisar o fenômeno Chávez com alguma criatividade, evitando tropeçar em clichês ideológicos, é preciso logicamente usar ferramentas intelectuais, sociológicas, mas ao mesmo tempo se afastar radicalmente de qualquer impostura, de qualquer pose. O que é quase impossível. Mas vamos tentar.

terça-feira, 5 de março de 2013

Onde assistir alguma notícia sobre a morte de Hugo Chávez?
(5mar2013)

Ao ler, no sítio de Luís Nassif, a notícia da morte do presidente venezuelano Hugo Chávez, minha primeira reação foi a de me dirigir à televisão para assistir as notícias nos canais de notícias da TV por assinatura. Aí, pensei: em qual emissora?

Ora, se eu estou triste e lamento muito essa perda sofrido pelo povo latino-americano, como é que vou poder assistir aos noticiários de empresas que eu sei que torciam, mais ou menos abertamente, pela morte do presidente? Empresas que fazem seus apresentadores referirem-se a Hugo Chávez como "ditador", ignorando maliciosamente que o mesmo foi eleito sucessivamente por maioria inquestionável da população venezuelana, em eleições livres e limpas.

Daí fica fácil esclarecer porque se faz necessário reformar amplamente o sistema de concessões públicas do espectro eletromagnético televisivo. Não há alternativas para quem busca por informação equilibrada e qualificada. Não há imparcialidade na mídia. Todos terão, sempre, um substrato político e ideológico que determinará o que mostrar e o que não mostrar. Eu somente gostaria de poder acessar um canal onde jornalistas, apresentadores e editores fossem de minha confiança, merecedores de meu respeito.

Todos os canais de que dispomos falam a partir de uma perspectiva exclusivamente do interesse dos seus patrocinadores. Logo, de um ponto de vista que diverge do meu. Não se abrem espaços para o contraditório. Portanto, para não ficar a ouvir baboseiras e mensagens subliminares desagradáveis, e para manter minha serenidade e saúde, mantive a televisão desligada e resolvi acessar a TeleSur, televisão venezuelana (que pode ser acessada clicando-se aqui), onde está sendo feita uma cobertura ao vivo que se mostra sincera e respeitosa em relação ao infausto acontecimento.

Aqui pelo Brasil, fico torcendo para que algum dia nossas mídias sejam realmente livres e diversificadas de modo que tenhamos a verdadeira liberdade de informação, que deve nos chegar de fontes diversificadas, tanto nas formas quanto nos conteúdos.

Ao povo venezuelano que lamenta a perda de seu presidente, deixo aqui minhas sinceras condolências. Lamento junto com vocês a perda que todos tivemos de uma liderança tão importante para todos nós que fazemos parte deste fantástico, múltiplo, belo e vibrante povo latino-americano. De todos nós que tercemos para a liberdade e soberania desta América Latina por tanto tempo humilhada e submetida aos interesses colonialistas e neocolonialistas.

segunda-feira, 4 de março de 2013

“Os 42 anos mais sórdidos do catolicismo”
(4mar2013)


Por Amy Goodman, no sítio Outras Palavras

Cardeais que elegerão sucessor de Bento XVI aplaudem Papa. Para Matthew Fox, 
não há esperanças no atual conclave; renovação cristã terá de ser reviravolta

Teólogo revela como papas Ratzinger e Wojtyla reintroduziram a Inquisição, perseguiram divergentes e tornaram quase impossível renovação da Igreja

Entrevista a Amy Googman e Juan Gonzalez, no DemocracyNow| Tradução: Gabriela Leite

Desde que o Papa Bento XVI formalmente se retirou, na quinta-feira, as especulações passaram a ser sobre quem vai substitui-lo. Na quarta, Bento deu um adeus emotivo em sua última audiência geral, dizendo que compreendia a gravidade de sua decisão de tornar-se o primeiro pontífice a renunciar, em um período de cerca de 600 anos. Com 85 anos de idade, apontou sua saúde frágil como razão para a partida. Dirigindo-se a cerca de 150 mil fiéis na Praça de São Pedro, disse que está renunciando pelo bem da Igreja.

O mandato do papa Bento foi marcado por muitos escândalos, talvez mais notadamente por sua postura diante dos abusos sexuais. Há alegações de que ignorou ao menos um caso assim, quando era cardeal. Documentos mostram que, em 1985, o estão cardeal Ratzinger adiou esforços para afastar um padre condenado por abusar de crianças. Enquanto isso, Bento supervisionou, no ano passado, uma sentença do Vaticano segundo a qual o maior e mais influente grupo de freiras católicas norte-americanas sofria “sérios problemas doutrinários”, por ter questionado os ensinamentos da Igreja sobre pontos como homossexualidade e a proibição das mulheres exercerem o sacerdócio. Mais recentemente, novas fontes italianas revelam que três cardeais foram investigados por terem vazado documentos que mostram a corrupção sem limites nos postos do Vaticano.

Para saber mais, fomos a San Francisco, onde entrevistamos o teólogo Matthew Fox. Ele é autor de mais de vinte livros, o mais recente dos quais é “The Pope’s War: Why Ratzinger’s Secret Crusade Has Imperiled the Church and How It Can Be Saved” (tradução livre: “A guerra do Papa: Por que a cruzada secreta de Ratzinger ameaçou a Igreja e como ela pode ser salva”). Fox é um ex-padre católico, que foi primeiro impedido de ensinar a Teologia da Libertação e Espiritualidade da Criação pelo então cardeal Ratzinger. Mais tarde, foi expulso pela Ordem Dominicana, à qual pertenceu por 34 anos. Hoje é padre na Igreja Episcopal. Eis sua entrevista:


Amy Goodman: Bem vindo ao Democracy Now! Você pode começar respondendo sobre a renúncia do Papa e seu significado?

Obrigado. Eu realmente aprecio o jornalismo de vocês. Ele significa muito, para muitos de nós.

Penso que eu vou acreditar na palavra do Papa, quando ele diz que está cansado. Eu estaria cansado também, se tivesse deixado atrás de meu mandato tanta devastação, como ele fez, primeiro como inquisidor-geral durante o papado anterior. Bento trouxe de volta a Inquisição. É verdade que fui um dos teólogos expulsos por ele, mas relaciono outros 104 em meu livro, e a lista continua crescendo. É assim que a História vai lembrar deste homem: como quem trouxe a Inquisição de volta, o que é o completo oposto do espírito e dos ensinamentos do Segundo Conselho do Vaticano. Portanto, acredito realmente que o Papa está deixando seu posto porque não o suporta mais.

O Vaticano tornou-se um ninho de serpentes. Como teólogo, vejo o trabalho do Espírito Santo em tudo isso. A Igreja Católica como a conhecemos, a estrutura do Vaticano, está obsoleta. Estamos nos movendo para além dela. O que está ocorrendo é doentio e me refiro, por exemplo, à proteção dos padres pedófilos. Você pode ver este fenômeno em muitos lugares: com o Cardeal Mahony em Los Angeles; o cardeal escocês que acaba de renunciar; o Cardeal Law, que foi elevado após ter saído de Boston, promovido para dirigir uma basílica do século IV, em Roma; e o próprio Papa, segundo informações recentes.

Estamos tomando conhecimento das coisas horríveis que ocorreram em uma escola para surdos em Milwaukee, onde mais de 200 garotos, garotos surdos, foram abusados por um padre, e Ratzinger sabia disso. O Padre Maciel, que era tão próximo do último Papa que o levou para passeios de avião, abusou de vinte seminaristas; tinha duas esposas e abusou de quatro de seus próprios filhos. Ratzinger soube sobre esse caso por dez anos. Os documentos estavam em sua mesa, e ele não fez nada até 2005.

A história e a bajulação dos papas, que chamo de papolatria, não vão encobrir os fatos. Foram os 42 anos mais sórdidos do catolicismo, desde o Borgias. Acho que é algo realmente relacionado ao fim dessa Igreja, como a conhecemos. Acredito que o protestantismo também necessita de um reinício. Acho que o cristianismo pode voltar mais atrás, e se aproximar dos ensinamentos de Jesus, um revolucionário do amor e da justiça. É disso que se trata. E é por isso que tem havido uma resistência tão feroz, na ala direita. A própria CIA esteve envolvida, especialmente com o Papa João Paulo II, no esmagamento da Teologia da Libertação em toda a América do Sul, substituindo líderes heróicos, inclusive bispos e cardeais, por integrantes da Opus Dei, uma organização fascista. Tudo reduziu-se a uma questão de obediência: não se trata de ideias ou teologia. Eles não produziram um teólogo em quarenta anos. Produziram advogados canônicos e pessoas que se infiltram onde o poder está: na mídia, na Suprema Corte, no FBI, na CIA e nas finanças, especialmente na Europa.