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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Copa 2014: rapinagem política e governos incompetentes atrasam Cuiabá há décadas
(30abr2012)

Campo Grande já fez bem mais do que Cuiabá fará até a Copa

Vista aérea da cidade

Por Rodrigo Vargas | Diário de Cuiabá | No Mídia News

Três anos depois de perder para Cuiabá a indicação para sede pantaneira da Copa de 2014, a capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, cumpriu a maior parte das exigências de infraestrutura que haviam sido prometidas à Fifa antes da decisão.

No período, a cidade abriu mais de 100 quilômetros de novas vias, inaugurou sua nova rodoviária, concluiu o PAC 1, habilitou-se para o PAC 2, inaugurou um hospital de traumas, levou asfalto a 99% das linhas de ônibus e recuperou áreas de valor histórico.

Na semana passada, o prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) assinou em Brasília o convênio para o PAC 2 da Mobilidade Urbana: R$ 180 milhões para a implantação de 58,7 quilômetros de corredores exclusivos para ônibus (o BRT).

“Tudo o que nós prometemos para a Fifa, e que competia ao município, vamos deixar pronto até 2014. Só não fizemos a reforma do estádio porque obviamente não havia necessidade”, relata João Antônio de Marco, secretário de Infraestrutura, Transportes e Habitação.

Em novembro passado, a cidade concluiu a última das quatro obras do PAC 1 (R$ 140 milhões), que incluiu investimentos em drenagem, pontes, pavimentação e implantação de ciclovias e dois parques lineares – acompanhando as margens dos córregos.

Enquanto em Cuiabá as obras do PAC 1 foram embargadas na Operação Pacenas, que prendeu inúmeras pessoas acusadas de corrupção, Campo Grande já se habilitou a buscar o PAC 2, que prevê investimentos de R$ 160 milhões para, entre outras obras, manejo de águas pluviais – um problema recorrente na capital sul-mato-grossense. “O horizonte para conclusão é de dois anos”, diz.

Entre as obras viárias concluídas desde 2009, uma delas chama diretamente a atenção de quem chega à cidade pelo aeroporto.

O acesso ao centro da cidade, antes realizado por uma via estreita e sinuosa, foi substituído por uma avenida duplicada, com três faixas de rolagem e uma ciclovia de quatro quilômetros.

Mais adiante, ao longo do traçado da antiga linha ferroviária, foi inaugurada no final de 2010 a Orla Morena, um parque linear com ciclovias, pista para caminhada e aparelhos de ginástica que se estende por 2,5 quilômetros.

domingo, 29 de abril de 2012

Cuiabá: "Prefeito deve fazer autocrítica e pedir pra sair", diz Lúdio
(29abr2012)

Pré-candidato do PT, vereador Lúdio Cabral disputará prévias e diz que sonha com apoio de Lula e Dilma

Foto: Anderson dos Santos
Vereador Lúdio Cabral, que acredita que vai
pacificar as diferentes alas do PT em Cuiabá

Por Ana Adélia Jácomo
Da Redação | Midia News

O vereador Lúdio Cabral diz, em entrevista ao MídiaNews, que sua candidatura a prefeito de Cuiabá pelo PT será consolidada pelo apoio da maioria dos grupos nos quais se divide o partido. Ele aposta que terá  o apoio de 80% da legenda, nas prévias marcadas para o mês de maio próximo, quando disputará com o colega Jairo Rocha. "O PT sempre foi um partido democrático e discutimos tudo, muito intensamente. Essa postura veio da luta dos trabalhadores e dos movimentos sociais", afirma.

Ao analisar a gestão do prefeito Chico Galindo (PTB), Lúdio afirma que o atual Governo "é a continuação de um modelo que vem governando a nossa cidade há duas décadas". De 1992 até agora, todos os prefeitos foram eleitos pelo PSDB, com um modelo de gestão que, segundo ele, não conseguiu resolver os problemas estruturais que a cidade tem. "Os prefeitos precisam fazer uma autocritica e pedir para sair. A população quer mudança na forma como a cidade é governada", diz o vereador.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Universidades : sistema de cotas: necessário, mas não suficiente
(27abr2012)

Um tema bastante discutido neste momento, a decisão unânime do Supremo Tribunal Federal quanto à política de cotas da UnB veio ratificar um princípio constitucional que não tem a ver com racismo, especificamente.

Minha percepção é a de que o que foi decidido no STF tem muito mais a ver com a Autonomia da Universidade. O Tribunal não obriga, com seu julgamento, as universidades a instituírem políticas de cotas. Cada universidade tem autonomia, agora sem receios legais, para definir, em parceria com sua comunidade acadêmica e com a comunidade, sob a necessária pressão das reivindicações dos movimentos sociais regionais, qual política adotar para a oferta de suas vagas para ingressantes. Pode, inclusive, fixar-se tão somente no critério meritocrático até então dominante na maioria dessas instituições.

Assim, a abertura de cotas para ingressantes pode ter critérios variados quando uma universidade passa a entender que deve estabelecer políticas afirmativas. Há casos em que os afrodescendentes foram o foco das cotas, mas há, também, casos em que o critério utilizado foi o de os candidatos a uma vaga de cota terem sido estudantes de escolas públicas durante toda sua educação básica.

O enfoque dado em blogs e na mídia à cota racial possibilita acender polêmicas antigas quanto à existência de racismo no Brasil. Ninguém, em sã consciência, pode negar esse que é o pior tipo de racismo. O racismo cordial, encoberto, mas facilmente detectável. Trazer esse tema à baila com intensidade é fato que considero positivo. As pessoas precisam refletir sobre isso, tentando, com sinceridade e coragem, detectar em si mesmas ranços de racismo, seja na linguagem, no humor, nos “ditos populares” e mesmo em atitudes bem concretas de segregação.

Voltando ao reconhecimento legal das cotas, penso que nada será alterado nas políticas que as diversas universidades têm buscado desenvolver. Em todas, certamente, há a preocupação com melhores oportunidades para aqueles que até poucos anos atrás sequer seria capaz de sonhar com uma vida acadêmica. Quantos jovens valorosos devem ter sido perdidos por nossa academia! Quantas boas cabeças e lideranças devem ter sido podadas pela raiz! A universidade não era para filhos de pobres. Entravam estudantes pobres nas universidades públicas? Sim, certamente. Mas eram as exceções que confirmavam a regra de aquele ser um ambiente para privilegiados que tiveram uma educação básica de qualidade. E educação básica de qualidade não tem sido, nas últimas décadas, o traço marcante da imensa maioria das escolas públicas do país.

Cuiabá 2014 - Trevo do Tijucal tem
licitação para obras
(27abr2012)

A concorrência inclui, também, o recapeamento na Av. Miguel Sutil, na região do bairro Areão


Maquete da construção de viaduto e trincheira, na região do Tijucal, em Cuiabá

Da Redação | Mídia News

A Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) abriu o processo licitatório para construção da obra que visa a melhorar o acesso a uma das principais chegadas em Cuiabá, na região do Coxipó.

No entroncamento das BR-163/364/070/MT, os visitantes que vierem do Sul e Sudeste do Brasil estarão diante um grande viaduto e uma moderna trincheira, denominados Complexo Viário do Tijucal. O aviso de concorrência está disponível no Diário Oficial do Estado que circulou hoje (27).

O aviso de concorrência 003/2012 está subdividido em dois subtrechos. No primeiro, a obra compreende a construção de um Complexo Viário no bairro Tijucal, composto de uma trincheira e um viaduto. No segundo, a intervenção compreende o recapeamento de um trecho da avenida Miguel Sutil, nas proximidades do viaduto da av. Fernando Correa da Costa, no bairro Areão.

O empreendimento é uma parceria entre os governos estadual e federal, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), envolvendo um montante R$ 165,7 milhões para realizar as grandes obras na Avenida Miguel Sutil e a construção do Complexo Viário do Tijucal.

O secretário interino da Secopa, Mauricio Guimarães, destacou a importância da licitação de mais uma grande obra para o Estado e Cuiabá. “"O Governo do Estado, por meio da Secopa, está abrindo a licitação de mais um grande legado para a Capital. Já licitamos três trincheiras na Avenida Miguel Sutil, e mais duas estão em licitação. O legado para o Estado é fundamental na construção de obras para a Copa do Mundo", disse.

A terceira derrota de Ali Kamel: 10 x 0! Brasil vira a página do “racismo cordial” (27abr2012)

Por Rodrigo Vianna / Escrevinhador

Não somos racistas!

O Ali Kamel, diretor da Globo, levou uma sova no STF. Por 10 x 0 (dez votos a zero), o tribunal decidiu que são constitucionais - sim!!! – as quotas para negros nas universidades brasileiras.

Kamel, como se sabe, nega que haja racismo no Brasil. “Não somos racistas” é o título de um livro dele. Kamel é contra as quotas. E não está sozinho. Outros ideólogos contra as quotas são Demetrio Magnoli, ex-trotskista hoje especializado em dizer o que a Globo gosta de ouvir, e Demostenes Torres, amigo de sala e cozinha de Carlinhos Cachoeira.

Foi a terceira derrota acachapante sofrida por Ali Kamel em 6 anos. Em 2006, ele apostou tudo contra a reeleição de Lula. Eu trabalhava na Globo, e vi de perto todo o processo. A indignação seletiva nos telejornais, a forma como os aloprados eram sempre caracterizados como “do PT”, enquanto os tucanos eram tratados como “funcionários do governo anterior”, a forma como se escondeu o que havia no famoso dossiê contra Serra que os “aloprados” supostamente iriam comprar, a maneira como o “dinheiro dos aloprados” foi parar no JN na antevéspera do primeiro turno, a trama do delegado Bruno exposta pelo Azenha e depois pela CartaCapital… Tudo isso é história – que um dia precisa ser contada com mais detalhes.

O bombardeio da Globo contra Lula começara antes, em 2005, na cobertura do chamado Mensalão. O jornalista Marco Aurélio Mello escreveu um belo texto sobre isso. A Globo queria “sangrar Lula”, para derrotá-lo nas urnas em 2006. Aliou-se até ao pequeno ACM Neto. Não deu. Ali Kamel perdeu feio.

Em 2010, Ali Kamel pôs a Globo contra Dilma. Quem não se lembra do episódio da bolinha de papel? O perito Molina - que já atuara a favor de Kamel em causas pessoais do diretor da Globo no Judiciário – foi usado no JN para criar a teoria de que Serra fora atingido por um misterioso objeto. Só faltou acharem um Lee Osvald! A Globo passou ridículo. Serra virou Rojas. E Ali Kamel perdeu pela segunda vez.

A terceira derrota veio agora, no STF. “Ninguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera”. Ninguém encampou a tese kameliana de que quotas seriam uma forma de “acirrar” as disputas raciais no Brasil. Demóstenes (recolhido à cozinha de Cachoeira) fez falta, porque era valoroso defensor dessa tese. Chegou a dizer, numa audiência pública, que o racismo não fora tão violento assim, e que a mistura entre negros e brancos se deu através de estupros cometidos pelos senhores, sim, mas que eram ”consentidos” pelas escravas. Segundo ele, “uma história tão bonita de miscigenação”. Essa é a turma contra as quotas.

Ali Kamel é um pouco mais sutil. Mas também encampa teses estranhas: por exemplo, relativiza a cor da pele como elemento definidor da Escravidão no Brasil. Por que digo isso? Porque ele me falou sobre o tema numa troca de e-mails pessoal, em 2005. Eu cobrira, pela Globo, a visita a São Paulo de um enviado especial da ONU sobre racismo. A matéria não foi ao ar no JN. Kamel derrubou. Escrevi a ele no Rio, para saber o que acontecera. Trocamos e-mails de forma muito civilizada. E fiquei sabendo como ele pensava.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Assembleia Geral dos professores da UFMT reafirma indicativo de greve para 17 de maio
(26abr2012)



Docentes reunidos em Assembleia Geral

Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) se reuniram em Assembleia Geral da categoria na manhã desta quarta-feira, 25, no auditório da Associação dos Docentes da UFMT (ADUFMAT-S.Sind), com o intuito de deliberar acerca dos encaminhamentos da reunião do Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). Foram aprovados com ampla maioria todos os pontos de pauta enviados pelo Setor das Ifes, entre eles o indicativo de greve para o dia 17 de maio e uma agenda para sincronizar as ações do Movimento Docente nacionalmente (veja abaixo).

O indicato de greve já havia sido aprovado em Assembleia anterior, no dia 3 de maio, quando também foram aprovadas as paralisações dos dias 19 e 25 de abril. Contudo, conforme orientação da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN) a data foi adiada por dois dias para garantir a legalidade da greve. Como os professores das universidades federais não têm direito de greve garantido, é preciso avisar à reitoria sua deflagração com 48 horas de antecedência.

Foi aprovada também a realização de uma Assembleia Geral no dia 9 de maio, às 14h, para construir a pauta de reivindicações interna que será protocolada na reitoria da UFMT. Os docentes devem se reunir novamente em um momento posterior, dia 14 de maio, também às 14h, para eleger o Comando de Greve, indicar representantes para o movimento nacional e, por fim, aprovar ou não a deflagração da greve por tempo indeterminado a partir de 17 de maio.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Universidades federais podem entrar em greve em 17 de maio de 2012
(25abr2012)

Setor das Ifes indica greve nas Federais a partir de 17 de maio

Indicativo de greve nacional dos docentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), por tempo indeterminado, a partir do dia 17 de maio. Essa foi uma das deliberações da reunião do Setor das Ifes, realizada neste final de semana (21 e 22), que contou com a participação de quatro diretores nacionais e 48 representantes de 35 seções sindicais do ANDES-SN.

Tendo como referência a pauta da Campanha 2012 dos professores federais, aprovada no 31º Congresso do Sindicato Nacional e já protocolada junto aos órgãos do governo desde fevereiro, os docentes reivindicam a reestruturação da carreira - prevista no Acordo firmado em 2011 e descumprido pelo governo federal-, a valorização do piso e incorporação das gratificações.

Os professores também querem a valorização e melhoria das condições de trabalho dos docentes nas Ifes. Foi definida uma agenda de atividades – confira abaixo.

Na próxima reunião entre o ANDES-SN e o governo, que acontece na quarta-feira (25), o Sindicato Nacional irá reiterar na mesa a indignação dos docentes pelo descumprimento do Acordo (no que diz respeito ao prazo conclusivo sobre a reestruturação de carreira) e em relação à postura intransigente, que os representantes do governo têm demonstrado, descaracterizando o processo de negociação.

Os representantes do setor das Ifes aprovaram ainda por unanimidade que o ANDES-SN exija do governo uma mudança de postura e agilidade no calendário.

O setor das Ifes indicou que seja realizada nova rodada de assembleias nas seções sindicais, entre 2 e 11 de maio, e volta a se reunir no dia 12, para deliberar sobre a deflagração da greve nacional dos docentes das Ifes.


Agenda:

terça-feira, 24 de abril de 2012

A maior rebelião estudantil que você nunca ouviu
(24abr2012)

Do blog Aldeia Gaulesa


Em um dia excepcionalmente quente no final de março, mais de 250 mil estudantes universitários se reuniram nas ruas de Montreal para protestar contra o plano do governo liberal de aumentar as taxas de ensino em 75% nos próximos cinco anos. Enquanto a multidão marchou em uma aparente onda interminável de estudantes, da Place du Canada, pontilhada com os Rouges Carrés, ou quadrados vermelhos, em referência ao símbolo do movimento estudantil no Quebec, era claramente óbvio que essa manifestação foi a maior no Quebec e talvez da história do Canadá.

A manifestação do dia 22 de março não foi o ponto culminante, mas o ponto médio de um levante estudantil de 10 semanas de duração que viu, no seu auge, mais de 300.000 estudantes universitários se juntarem a uma ilimitada e soberbamente coordenada greve geral. Quase 180 mil estudantes permanecem em piquetes nos departamentos e faculdades que foram fechados desde fevereiro, não só na universidade de Montreal, mas também em pequenas comunidades em todo Quebec.

Neste vídeo, vista aérea do grande protesto do dia 22 de março.

A greve estudantil foi apoiada por ações quase diárias de protesto, que vão desde ações voltadas para as famílias dos estudantes, mini-comícios, ocupações de prédios, bloqueios de ponte, e, mais recentemente, por uma campanha de perturbação dirigida contra os ministérios do governo, empresas da coroa e empresas privadas. Embora geralmente pacíficas, essas ações têm encontrado cada vez mais brutais atos de violência policial: estudantes são espancados, uso indiscriminado de spray de pimenta pela polícia de choque, e um estudante, Francis Grenier, perdeu um olho após ser atingido por uma granada de atordoamento a uma curta distância. Enquanto isso, os administradores das universidades têm implantado uma série de liminares e outras medidas legais em uma tentativa frustrada de quebrar a greve. O primeiro-ministro de Quebec, Jean Charest, continua intransigente, apesar dos apelos crescentes para o seu governo negociar com os líderes estudantis.

Então, por que você não ouviu falar nada sobre isso ainda?

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A Copa no Brasil será um sucesso (23abr2012)

Por Alberto Carlos Almeida | De São Paulo, no Valor | Trazido do sítio Luis Nassif Online

É interessante ver como pessoas inteligentes afirmam hoje que a Copa do Mundo de 2014 no Brasil será um fracasso. O Brasil é o país do futebol. Como uma Copa do Mundo poderá ser um fracasso no país do futebol? O raciocínio é tão simples quanto óbvio: será que essas pessoas não se deram conta que é impossível que uma Copa do Mundo fracasse justamente no país do futebol?

Há pouco tempo, o secretário- geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jerome Valcke, deu um show de preconceito ao afirmar que o Brasil tinha que levar um chute no traseiro porque não estaria cuidando adequadamente dos preparativos para a Copa. Duvido que Valcke compreenda o Brasil. Exatamente por isso a afirmação foi inteiramente preconceituosa. Bem fez o Senado ao não querer recebê-lo, bem fez o senador Roberto Requião ao afirmar que os senadores não queriam conversar com o "porteiro" da Fifa. É preciso deixar claro para esses europeus preconceituosos que eles precisam compreender a diferença, que precisam entender que nem todos no mundo são europeus, muito menos nós, brasileiros.

Poderíamos também ser preconceituosos contra a Europa. Poderíamos afirmar: vamos dar um chute no traseiro da Europa, para eles aprenderem a não mergulhar em crises econômicas tal qual vivem hoje com, por exemplo, 50% de desemprego entre os jovens espanhóis. Vamos dar um chute no traseiro da Europa para que ela aprenda a não ter governos tão gastadores, com déficits públicos insustentáveis. Poderíamos ainda dar um chute no traseiro da Europa retroativamente, por conta das duas guerras mundiais e pelo extermínio de mais de seis milhões de judeus. Nada disso, não iremos fazer isso porque compreendemos os europeus, sabemos que eles gostam de um Estado de bem-estar-social bastante gastador e ineficiente, entendemos isso perfeitamente. Sabemos que franceses odeiam alemães, que odeiam ingleses, e assim por diante, e sabemos também que esse nacionalismo resultou, no passado, nas piores guerras que o mundo já viu. Entendemos isso perfeitamente, sem preconceitos. Sabemos também que os europeus só se pacificaram depois de muitas limpezas étnicas e que a última de grande magnitude ocorreu outro dia, na década de 1990, liderada por Slobodan Milosevic. Somos compreensivos e nem mesmo isso justifica uma declaração preconceituosa.

É fundamental que a Fifa compreenda o que é o Brasil. Mais do que isso, é preciso que muitos brasileiros que hoje afirmam que nossa Copa será um fracasso também passem a compreender o Brasil pelos parâmetros genuinamente brasileiros. Só assim eles vão perceber que a nossa Copa do Mundo será um grande sucesso.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Humor sempre faz bem (20abr2012)


(Cemitério dos Veteranos de guerra)
"Descobriram que ele era gay."



"Um desfile excêntrico, de homens travestidos, de vestes extravagantes, sem dúvida é...
A PARADA GAY!"


Inês: Lula, Dilma e Maquiavel. Pobre oposição (20abr2012)

Do sítio Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim


Saiu na Carta Maior artigo imperdível de Maria Inês Nassif:


A política brasileira, a virtude e a fortuna

Depois de 27 anos de redemocratização do país, e de um período prolongado de luta aberta entre forças que se opõem no cenário político, talvez seja conveniente lembrar Maquiavel também no nosso pedaço de mundo, onde atribuímos à velha ordem excessivo poder para decidir nosso futuro.

Por Maria Inês Nassif

Houve um tempo em que a desenvoltura de velhas raposas da política tradicional, e uma vocação dessas lideranças para remar a favor da maré, davam a impressão, para quem as assistia do lado de fora do palco institucional, de que elas tinham um quase monopólio, um poder ilimitado de construir a história. Depois de 27 anos de redemocratização do país, e de um período prolongado de luta aberta entre forças que se opõem no cenário político, talvez seja conveniente lembrar Maquiavel também no nosso pedaço de mundo, onde atribuímos à velha ordem excessivo poder para decidir nosso futuro.

Dois governos de Luiz Inácio Lula da Silva e pouco mais de um ano com Dilma Rousseff – três gestões onde a disputa política saiu dos porões do poder e se escancarou para outros setores sociais – mostraram que o jogo político, mesmo quando escamoteado, é virtude e fortuna. Ou seja, nunca é produto exclusivamente da vontade de um governante, embora a virtude seja fundamental para mover um governo, e a fortuna, isto é, a roda da história, nunca acontece descolada da virtude.

As virtudes de um e outro governante não são iguais, mas já se pode dizer, com um alto grau de certeza, que o correr dos acontecimentos – a fortuna – foi adequada às diferenças entre Dilma e Lula. Dilma está no lugar e na hora onde tem que estar; Lula cumpriu o seu papel no seu momento. E o processo histórico, como se move, saiu de uma realidade onde o governo era defensivo e tinha como contraponto um presidente com raras qualidades de conciliação; para uma outra, em que o governo é ofensivo e a presidenta, sem habilidades específicas para manobrar a política institucional, encontra terreno para exercer a sua vocação maior, que é a de se contrapor.

A rápida intervenção de Dilma nos juros domésticos (o pesadelo para todos os governantes das últimas duas décadas) tanto pela via institucional, o Copom, como da pressão direta sobre os bancos, é o estilo Dilma, beneficiado pelo gradual abandono da ortodoxia econômica iniciada no governo Lula e pela crise mundial. A volta por cima da crise política do chamado “mensalão” de 2005, via apoio popular, é estilo Lula.

Nos mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), exceto em um breve primeiro ano de lua-de-mel com as elites políticas brasileiras, o governo foi mantido acuado na política institucional por uma minoria oposicionista amplificada por uma mídia hegemônica; e, no plano da sociedade civil, manteve uma aproximação permanente com setores não organizados, beneficiados pelos programas sociais e/ou atraídos pelo carisma do chefe do Executivo.

Com os movimentos sociais organizados o governo Lula não teve sempre um bom diálogo, mas o fato de ser entendido como um mal menor, contra um partido, o PSDB, que criminalizou a ação política desses setores, poupou-o de uma oposição forte à esquerda. O MST, por exemplo, nunca se declarou feliz com o PT no governo federal, mas foi atraído pelas suas próprias bases e pela opção do “mal menor” a se encontrar com o partido em períodos eleitorais, e a aliviar a pressão quando os setores conservadores tocavam fogo na política institucional.

O governo Dilma Rousseff mostrou algumas coisas mais. Primeiro, que no final das contas os estilos diferentes dos dois presidentes petistas vieram na hora certa. Em segundo, que a vontade pessoal de um mandatário popular conta, mas desde que ele entenda, conflua e aproveite o processo histórico que o levou ao poder.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Argentina rompe com a espoliação praticada pela empresa de petróleo espanhola Repsol e reassume o controle estratégico de seus recursos petrolíferos (19abr2012)

Algumas notas sobre a nacionalização da YPF

Por Pedro Migão | Ouro de Tolo


Sem dúvida alguma, a notícia econômica desta semana foi a nacionalização da petroleira argentina YPF por parte do governo deste país. É medida polêmica, com custos e benefícios, e que merece uma análise um pouco mais detalhada.

A YPF foi vendida no auge do surto privatizador empreendido pelo ex-Presidente Carlos Menem na década de 90. Sem dúvida alguma, a experiência argentina foi a mais radical e, diria eu, desastrosa, aplicação do neo-liberalismo em terras latino americanas. O custo social e econômico se faz sentir até hoje, com um país visivelmente empobrecido e cuja economia ainda possui vários problemas decorrentes das políticas da época - e outros trazidos na tentativa muitas vezes populista de corrigir os custos sociais.

Vendida para a espanhola Repsol, a petroleira argentina passou a obedecer à lógica de mercado global da empresa, que possui negócios em países como o Brasil, a Venezuela e Angola. A avaliação é de que os investimentos nestes três países eram mais atrativos, então a Argentina passou a ter o papel de gerar lucros para permitir o investimento nos países citados, sem quaisquer novos ativos.

Resultado: a produção de petróleo argentina hoje é praticamente a mesma de 1995 - cerca de 800 mil barris diários - e o governo é obrigado a cada ano importar maior valor em derivados para suprir a demanda crescente. Além disso, o país é bastante dependente do gás natural (inclusive para calefação de residências), cuja produção está decrescendo e que exigiu a importação de gás via Bolívia e via compra de GNL (gás natural liquefeito), mais caro. Para o leitor ter uma ideia, em 2011 a Argentina importou US$ 10 bilhões em derivados de petróleo, o que impacta de maneira dramática não somente as contas externas quanto o câmbio.

Vale lembrar que o gás natural representa 53% da matriz energética do país, e o petróleo 32%. Somados representam 85% da energia produzida no país, o que torna ainda mais problemática a falta de investimentos e a estagnação da produção. Embora a YPF não seja monopolista ela detém a esmagadora parcela da produção do país.


Somando-se a isso, a YPF/Repsol desde 2009 não perfura um único poço de petróleo no país. Vale lembrar que há perspectivas muito interessantes de exploração marítima na região próxima às Ilhas Malvinas, bem como reservas de óleo e gás natural de xisto em campos (acima) terrestres - ambas inexploradas pela empresa pois sua estratégia é global e ainda há a questão da recessão na Espanha. O governo argentino sabe que pode resolver parte dos seus problemas fiscais com os royalties e as taxas da exploração destes novos campos, o que impulsionaria à decisão tomada.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Veja + PiG + Civita + Cachoeira: uma associação para romper com o Estado de Direito brasileiro? (18abr2012)

Mais peças do quebra-cabeças Civita-Cachoeira

Por Luis Nassif

A Folha tem dois bravos repórteres – Cátia Seabra e Rubens Valente – lutando com um braço amarrado. É isso que explica o fato do lide da matéria sobre Cachoeira (a informação mais importante, que deveria estar na abertura) ter ficado no pé:
"Em conversas no primeiro semestre de 2011, Cachoeira disse a Claudio Abreu, diretor da Delta no Centro-Oeste, que estava fornecendo informações sobre irregularidades no Dnit para a revista "Veja" durante a apuração de uma reportagem".
Na verdade, a Folha (e a Globo) têm muito mais que isso. Pelas matérias divulgadas, a Globo teve acesso às gravações do Guardião – a máquina de grampo da Polícia Federal. A Folha tem acesso a relatórios da Operação Monte Carlo, provavelmente do material reservado que está no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo o senador Demóstenes Torres e dois deputados federais.

Nesse relatório existem informações relevantes sobre a relação Veja-Cachoeira – que a Folha ainda não deu.

O primeiro, a íntegra das conversas entre Cachoeira e e o diretor da Delta, Cláudio Abreu, comprovando que estavam por trás da denúncia da Veja. O segundo, as negociações da Veja, Cachoeira e o araponga Jairo para combinar a invasão do Hotel Nahoum - na qual foram feitos vídeos ilegais de encontros do ex-Chefe da Casa Civil José Dirceu com políticos e autoridades.

A matéria da Veja sobre o DNIT saiu em 3 de julho de 2011. A diretoria estava atrapalhando os negócios da Construtora Delta. Foi o mesmo modo de operação do episódio dos Correios: Cachoeira dava os dados, Veja publicava e desalojava os adversários de Cachoeira.

Coincidiu com investigações que já estavam em curso na Casa Civil, alimentando algumas versões de que o próprio governo vazara os dados para a revista. Fica claro que era Cachoeira.

CPMI do Cachoeira aprovada com 394 assinaturas (18abr2012)

Líderes protocolam requerimento para criação de CPMI

Por Mariana Jungmann e Iolando Lourenço | Agência Brasil | No Viomundo

Brasília – Com 340 assinaturas de deputados e 54 de senadores, o requerimento de criação da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que irá investigar o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e suas relações com agentes públicos e privados foi protocolado esta noite (17), na Mesa Diretora do Senado.

Os líderes partidários da Câmara compareceram ao Senado, todos juntos, para levar os documentos que reuniam as assinaturas de suas bancadas. Em seguida, foi a vez do líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), levar à secretária-geral da Mesa Diretora, Claudia Lira, o requerimento subscrito pelos senadores. Segundo ele, ainda há mais 13 assinaturas com o líder do PTB, senador Gim Argello (DF), que deverão ser entregues ainda hoje. Com elas, são 67 assinaturas de senadores ao todo.

Agora, segundo Cláudia Lira, o Senado e a Câmara farão a conferência das assinaturas para verificar possíveis irregularidades, como duplicidade de nomes. São necessárias a subscrição de 27 senadores e 171 deputados. Se o número for atingido corretamente, a primeira-vice-presidente do Congresso Nacional, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), será comunicada para que possa convocar uma sessão conjunta para ler o requerimento e oficializar a criação da CPMI. A deputada está presidindo o Congresso na licença do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), internado no Hospital Sírio-Libanês.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Barack Obama não é capaz de compreender, profundamente, o que lhe disse Dilma (17abr2012)

O mundo não é o mesmo. A América, menos ainda

Por Fernando Brito | Tijolaço


Aprendemos na escola que a Doutrina Monroe,  embora nascida como uma tese de  defesa da soberania das nações do continente americano frente às potências européias – a América para os americanos – foi reescrita, na prática, como a afirmação dos interesses – ou de um direito “natural”  de comando -  dos Estados Unidos em toda a região, a América para os norte-americanos.

Mas, depois de quase dois séculos de hegemonia continental e quase um de hegemonia mundial, o império americano reduziu-se a uma caricatura, embora perigosa.

No resto do mundo, sobrevive em razão de seu poderio bélico – e bélico nuclear.

Aqui, na América, nem isso, pela falta de tensões militares e pela ascensão de governos de esquerda nos países mais importantes da América Latina, o argumento da “democracia” esbarra no fato de que estes governos são e foram livremente eleitos.

Embora possam, ainda, demonizar um Chávez ou  Evo Morales, ou um Rafael Correa, não lhes é possível fazer o mesmo quando uma Cristina Kirchner ou uma Dilma Rousseff, partilham as posições de uma América Latina onde a soberania nacional seja a regra básica de convívio.

Exceto por uma elite rançosa e raivosa, ninguém lhe dá eco para isso, e mesmo essa hoje pratica de forma menos aberta a americanofilia.

Os EUA pagam o preço de décadas – ou já séculos -  de intervencionismo e desprezo pelos povos latinoamericanos, os quais no início do século 19 tomavam a revolução americana e seus ideais como paradigmas de seu sentido libertário.

sábado, 14 de abril de 2012

Demóstenes continua a editar a Veja (14abr2012)

Pig na mira da CPI

O Conversa Afiada reproduz comentário do amigo navegante Lenilton:

VEJA: QUEM ESTÁ ALIMENTANDO O PIG.


Nos últimos dias, o grande alimentador das matérias jornalísticas é o senador Demóstenes Torres. Ele, na condição de réu, passou a ter acesso às peças do inquérito Monte Carlo e, agora, vem vazando as informações que interessam a ele e a Cachoeira serem veiculadas pela imprensa amiga, do jeito que é conveniente a esta veicular. Todo circo montado pela Globo em torno dos telefonemas de Protógenes e em torno da Delta, visam unicamente a tirar Cachoeira, Demóstenes e Perillo do centro das discussões e chantagear os integrantes da CPI. Como na Itália, antes da operação Mãos Limpas, a imprensa brasileira tornou-se hoje um monstrengo em que o partidarismo político casou-se com a criminalidade. Ajudou a sepultar a Operação Satiagraha e a operação Castelo de Areia; fez de conta que não viu o livro Privataria tucana e, agora, quer sepultar a Operação Monte Carlo. Assim, protege os seus aliados políticos e seus aliados criminosos, que, são ao mesmo tempo suas fontes e seus patrocinadores.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

"Los gestos de hostilidad traen consecuencias", dijo un ministro español (13abr2012)

Amenaza de un país en crisis

El ministro de Industria hizo una declaración pública para advertir, sin mencionar a YPF ni a la Argentina, que el gobierno español defiende los intereses de sus empresas en el mundo y que cualquier hostilidad se entenderá como una agresión al país.

 Por Tomás Lukin | Página/12

“Los gestos de hostilidad contra los intereses de las empresas españolas traen consecuencias”, advirtió ayer al mediodía el ministro de Industria, Energía y Turismo de España, José Manuel Soria López. Las declaraciones del funcionario llegaron después de que Santa Cruz confirmara la quita de tres nuevas áreas de explotación que representan el 12 por ciento de la producción total de YPF y en medio de versiones sobre la supuesta presentación de un proyecto de ley para declarar de “utilidad pública” la producción de petróleo que permitiría al Estado argentino adquirir una porción mayoritaria de la compañía. El argumento del funcionario fue el mismo que había utilizado un mes atrás: “El gobierno de España defiende los intereses de todas las empresas españolas que actúan dentro y fuera del país”. Pero esta vez Soria redobló la apuesta del gobierno de Mariano Rajoy y, aunque no se refirió directamente a la petrolera ni a la Argentina, amenazó con represalias.

El mensaje de Soria se puede ver en un video de 31 segundos difundido a los medios españoles por el gobierno de ese país, donde el ministro español mira solemne a cámara y dice casi sin gesticular: “El gobierno de España defiende los intereses de todas las empresas españolas que están actuando dentro y fuera de España. Y si en alguna parte del mundo hay gestos de hostilidad contra los intereses de empresas españolas, el gobierno los interpreta como hostilidad a España y su gobierno. Si hay esos gestos de hostilidad traen consigo consecuencias”.

Según informó la española Cadena Ser, “los servicios de comunicación de La Moncloa (casa de gobierno española) facilitaron a los medios estas declaraciones de Soria, quien se encuentra en Varsovia junto al presidente Rajoy, para participar en una cumbre hispano-polaca”.

Desde que los gobiernos provinciales comenzaron a quitarle concesiones a YPF, Soria, en nombre del gobierno de Rajoy, exhibió una posición pública más dura que la de la propia Repsol. Fue precisamente ese funcionario quien viajó a Buenos Aires para entrevistarse con los ministros de Economía y Planificación, Hernán Lorenzino y Julio De Vido, a fines de febrero, antes de la apertura de las sesiones del Congreso. En ese encuentro también participó el titular de Repsol, Antonio Brufau.

Governo argentino quer retomar petrolífera YPF (13abr2012)

Por Alfeu | Do Opera Mundi

Governo argentino propõe projeto para reestatizar petrolífera

Poder público pode voltar a ser acionista majoritário da YPF   

Agência Efe


Em oposição aos preços cobrados pelos combustíveis da petrolífera YPF, o governo da presidente Cristina Kirchner enviou ao congresso argentino no início da tarde desta quinta-feira (12/04) um projeto de lei que reivindica a retomada de 50,01% dos ativos da companhia.
p>Hoje, os maiores acionistas da empresa são a espanhola Repsol e o conglomerado argentino da família Eskenazi, o Grupo Petersen. Se aprovada, a medida restituirá à administração pública o controle sobre a fabricante de combustíveis.

O projeto chegou ao Legislativo pouco tempo depois de uma reunião entre o ministro do Planejamento do governo Kirchner, Juliode Vido, e Antonio Brufau, presidente da Repsol.

Segundo o projeto, a expropriação retornará às mãos do Estado todos os 100 milhões de ativos detidos pelo Grupo Petersen e mais de 96 milhões que estão sob custódia da Repsol. Enquanto o congresso não chegar a uma decisão final, aproximadamente 57% desses papéis permanecem sob controle da petrolífera espanhola e outros 25% com a empresa da família Eskenazi.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Os movimentos sociais e os processos revolucionários na América Latina: uma crítica aos pós-modernistas (12abr2012)

Por Edmilson Costa [*]

Os anos 90 do século passado e os primeiros dez anos deste século foram marcados por intenso debate entre as forças de esquerda sobre o papel dos movimentos sociais, das minorias, das lutas de gênero e das vanguardas políticas nos processos de transformação econômica, social e política da sociedade. Colocou-se na ordem do dia a discussão sobre novas palavras de ordem, novos agentes políticos e sociais, novas formas de luta, novas concepções sobre a ação prática política.

Esses temas e concepções ocuparam o vazio político nesse período em função de uma série de fenômenos que ocorreram na década de 80 e 90, como a queda do Muro de Berlim, o colapso da União Soviética e dos países do Leste Europeu, o refluxo do movimento sindical, a redução das lutas operárias nos principais centros capitalistas, a perda de protagonismo dos partidos revolucionários, especialmente dos comunistas, além da ofensiva da ideologia neoliberal em todas as partes do mundo, sob o comando das forças mais reacionárias do capital.

A conjuntura de derrota das forças progressistas favoreceu todo tipo modismo teórico e fetiche ideológico. Sob diversos pretextos, certas forças políticas, inclusive alguns companheiros de esquerda, começaram a questionar a centralidade do trabalho na vida social, o papel dos partidos políticos como vanguarda dos processos de transformações sociais e políticas, a atualidade da luta de classes como instrumento de mudança da história e o próprio socialismo-comunismo como processo que leva à emancipação humana.

Esse movimento teórico e político envolveu forças difusas, mas influentes junto à juventude e vários movimentos sociais. O objetivo era desconstruir o discurso dos partidos políticos revolucionários, do movimento sindical e do próprio marxismo, como síntese teórica da revolução. Para estas forças, os discursos de temas abrangentes, como a igualdade, o socialismo, a emancipação humana, os valores históricos do proletariado, as soluções coletivas contra a opressão humana, eram coisa do passado e produto de um mundo que já não existia mais.

No lugar desses velhos temas, tornava-se necessário colocar um novo discurso, como forma de forma reconhecer a fragmentação da realidade e do conhecimento, a constatação da diferença, a emergências de novos sujeitos sociais, com características, valores e reivindicações específicas, como os movimentos sociais, de gênero, raça, etnia, etc, e novas formas de formas de luta, inclusive com renúncia à tomada do poder.

O condensamento desse ecletismo conservador, dessa matriz teórica diluidora, pode ser expresso no que se convencionou chamar de pós-modernismo. Essa é a fonte teórica inspiradora de todos os modismos teóricos e fetiches que se tornou moda as duas últimas décadas. Quais são os principais supostos teóricos dos pós-modernistas, que tanta influência tiveram nesses anos de vazio político? Vamos nos ater a três vertentes fundamentais que norteiam os fundamentos dessa corrente teórica.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Trajetórias opostas (10abr2012)




Por Luiz Cezar | Brasil Que Vai

Seguem trajetórias opostas os dois postulantes à presidência da República nas eleições de 2010. Dilma viu sua aprovação junto ao eleitorado saltar do pouco mais de 50% naquele momento para algo próximo dos 80% agora.

O que aconteceu para que a eleita superasse em prestígio seu patrocinador, o presidente Lula - ele mesmo com índices bem inferiores em momento equivalente de seu segundo mandato - e se pusessse em rota inversa de bem-querência à experimentada por seu oponente no pleito passado ?

O fato decisivo é que o povo está gostando de ser governador por uma mulher. Em que pesem os arroubos de preconceitos abertos de muitos nas classes altas e velada de alguns na mídia, o jeito austero e parcimonioso em palavras de Dilma reforçou no imaginário popular a ideia da mãe enérgica que guia seus filhos.

A fonte original desse mito repousa na tradição católica. O culto a Maria é mais poderoso do que pode supor a ciência política e também as denominações cristãs. A mãe privada do filho pelas forças do império é um arquétipo forte demais para que não seja revivido na saga da militante política torturada ao modo de Cristo.

Na fundação da nacionalidade o amor a Isabel, a princesa a quem negros e mestiços atribuíram um dia a quebra dos grilhões atados pela coroa, deu origem a um sentimento de orfandade nunca atenuada pelo paternalismo, fosse de Pedro II fosse de Getúlio.

domingo, 8 de abril de 2012

Linha do tempo do cinismo ambiental (8abr2012)

Por Raquel Júnia | EPSJV - Fiocruz


Na aula inaugural da EPSJV/Fiocruz, a pesquisadora Camila Moreno faz um histórico detalhado das Nações Unidas, das conferências sobre meio ambiente e explica o que está por trás do discurso da Economia Verde rumo a Rio+20.

Quase ninguém mais consegue negar que o mundo vive hoje uma crise ambiental - poluição do ar, do solo, das águas, extinção de espécies, inundações, desabamentos, falta d'água - enfim, inúmeras evidências de que há um desequilíbrio no meio ambiente. Mas o que pode ainda não estar tão claro é que, apesar de perversa para a maior parte das pessoas, a destruição dos bens naturais pode gerar lucros para uma minoria. E como isso acontece? Essa pergunta foi respondida na aula inaugural da EPSJV/Fiocruz com a conferência Rio+20: a quem serve a economia verde?, proferida por Camila Moreno, no último dia 22 de março. "Se existisse floresta por todos os lados, alguém pagaria por um espaço para que as araras pudessem se reproduzir? Se tivesse água limpa por todos os cantos alguém pagaria por água?", diz a pesquisadora. Ela explica que a Economia Verde carrega uma grande contradição: ela só produz riqueza quando há escassez dos recursos naturais.

Camila Moreno, que é coordenadora de sustentabilidade da Fundação Heinrich Böll e acompanha há vários anos as convenções sobre clima e biodiversidade das Nações Unidas, definiu com riqueza de detalhes a história da ONU e da transformação da economia ao longo do tempo. "Para falar de Economia Verde e Rio+20, primeiro temos que falar sobre o que é uma Conferência das Nações Unidas. As Nações Unidas surgiram no mundo a partir de 1944, antes disso existia algo chamado a Liga das Nações", inicia a pesquisadora, que também é membro do GT de Ecologia Política do Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (Clacso) e do Conselho Internacional da Red por uma America Latina Libre de Transgenicos (RALLT). Com humor, Camila compara a Liga das Nações, que deu origem a ONU, com a reunião dos super-heróis dos desenhos animados "para salvar o mundo do mal". "Depois da 2ª Guerra Mundial é impossível pensar o mundo sem pensar o que é o multilateralismo, que é esse espaço construído pós 2ª Guerra Mundial - as Nações Unidas. E lá cada país tem direito a um voto. O voto de um país africano em tese vale o mesmo que o voto da Alemanha ou da França, mas o que acontece é que essa estrutura que se montou para justamente governar o mundo vem passando por profundas transformações e sendo profundamente questionada", diz. Ela explica que a formação de grupos de países, como os G7 e G20, fez uma alteração na correlação de forças dentro das Nações Unidas, dando mais poder às grandes potências.

A pesquisadora detalha também as transformações no conceito de economia, o que, para ela, é outro conhecimento fundamental para quem quer compreender a proposta de Economia Verde. Camila observa que a palavra economia vem da palavra grega ‘oikos', que significa cuidar da casa, ou seja, fazer toda a gestão do abastecimento, garantir que haja animais para a alimentação, plantio, etc. O dinheiro, símbolo da economia atual, também não era em papel ou moedas como é hoje. "Já foram utilizadas conchas, sementes de cacau, pecinhas de cerâmica. Uma série de coisas foi usada ao longo da história para que as pessoas trocassem e esse valor nas trocas permanecesse estável", comenta. De acordo com a pesquisadora, as ideias de economia ligadas a crescimento fazem parte da história mais recente. "Essas são ideias recentesna história. Porque quando a gente pensa em oikos, esse cuidar da casa não significa derrubar a casa dos outros, ocupar e passar por cima e ir crescendo e acumulando. Porque eu não posso crescer a ponto de expulsar os outros para fora da Terra. Talvez em algum momento eu possa construir naves espaciais e mandar todos os que sobram para outro planeta", ironiza.


Linha do tempo

Camila destaca vários momentos importantes para compreender como o mundo chega hoje à Rio+20 com a proposta oficial da Economia Verde como solução para a crise mundial. Seguindo a linha do tempo, a pesquisadora ressalta a realização da Conferência de Bretton Woods - quando foram criados o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) - e a Guerra Fria, que dividiu o mundo no bloco socialista e o bloco capitalista. Da mesma forma, a própria criação da ONU e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), presidida pelo brasileiro Josué de Castro, é considerada um marco nesse processo. "Josué de Castro coloca bem claro que a fome e a questão da alimentação do mundo são problemas essencialmente políticos. Não é a toa que ele fala isso. Naquele tempo a estratégia da Guerra Fria, de como vencer o bloco comunista, foi fazer uma Revolução Verde baseada na ideia de transformar massivamente os ecossistemas do mundo em grandes monoculturas dependentes de sementes híbridas. Pela primeira vez na história, os camponeses teriam que comprar as sementes a cada colheita e usar todos os químicos que sobraram da 2ª Guerra", critica.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A crucificação de Cristo, o suicídio e a rebelião em Atenas (6abr2012)

Por Mauro Santayana

O homem que prenderam, interrogaram, torturaram, humilharam, escarneceram e crucificaram, na Palestina de há quase dois mil anos, foi, conforme os Evangelhos, um ativista revolucionário. Ele contestava a ordem dominante, ao anunciar a sua substituição pelo reino de Deus. O reino de Deus, em sua pregação, era o reino do amor, da solidariedade, da igualdade. Mas não hesitou em chicotear os mercadores do templo, que antecipavam, com seus lucros à sombra de Deus, o que iriam fazer, bem mais tarde, papas como Rodrigo Bórgia, Giullio della Rovere, Giovanni Médici,  e cardeais como os dirigentes do Banco Ambrosiano, em tempos bem recentes. O papa reinante hoje, tão indulgente com os gravíssimos pecados de muitos de sua grei, decidiu, ex-catedra, que as mulheres não podem exercer o sacerdócio.

Ao longo da História, duas têm sido as imagens daquele rapaz de Nazaré. Uma é a do filho único de Deus, havido na  concepção de uma jovem virgem, escolhida pelo Criador. Outra, a do homem comum, nascido como todos os outros seres humanos, em circunstâncias de tempo e lugar que o fizeram um pregador, continuador da missão de seu primo, João Batista, decapitado porque ameaçava o poder de Herodes Antipas. Tanto João, quanto Jesus, foram, como seriam, em qualquer tempo e lugar, inimigos da ordem que privilegiava os poderosos. Por isso – e não por outra razão – foram assassinados, decapitado um, crucificado o outro.

Um e outro tiveram dúvidas, segundo os evangelistas. João Batista enviou emissário a Jesus, perguntando-lhe se era mesmo o messias que esperava, e Cristo, na agonia, indagou a Deus por que o abandonava. Os dois momentos revelam a fragilidade dos homens que foram, e é exatamente nessa debilidade que encontramos a presença de Deus: os homens sentem a presença do Absoluto quando as circunstâncias o negam. João Batista sentia-se movido pela fé, ao anunciar a vinda do Salvador.

Era um ativista, pregando a revolução que viria, chefiada por outro, pelo novo e mais poderoso dos profetas. Ao saber que Cristo pregava e realizava milagres, supôs que ele poderia ser aquele que esperava, mas duvidou. Nesse momento, moveu-se pela esperança de que o jovem nazareno fosse o Enviado – o que confirmaria a sua fé. Cristo, na hora da morte, talvez levasse a sua dúvida mais adiante, e se perguntasse se a sua morte, que previra e esperara, serviria realmente à libertação dos homens – desde que salvar é libertar. O Reino de Deus, sendo o reino da justiça, é a libertação. Daí a associação entre essa felicidade e a vida eterna, presente em quase todas as religiões. Na pregação de Cristo, a libertação começa na Terra, na confraternização entre todos os homens. Daí o conselho aos que o quisessem seguir, e ainda válido – repartissem com os pobres os seus bens, como fizeram, em seguida, os seus apóstolos, ao criar a Igreja do Caminho. Se acreditamos na vida eterna, temos que admitir que a vida na Terra é uma parcela da Eternidade, que deve ser habitada com a consciência do Todo. Assim, a vida eterna começa na precariedade da carne.

Quarta-feira passada – quando em São João del Rei, em Minas, a Igreja celebrou o Ofício das Trevas no rito antigo – um grego, Dimitris Christoulas, chegou pela manhã à Praça Syntagma, diante do Parlamento Grego, buscou a sombra de um cipreste secular, levou o revólver à têmpora, e disparou. Em seu bilhete de suicida estava a razão: aos 77 anos, farmacêutico aposentado, teve a sua pensão reduzida em mais de 30%, ao mesmo tempo em que se elevou brutalmente o custo de vida. As medidas econômicas, ditadas pelo empregado do Goldman Sachs e servidor do Banco Central Europeu, nomeado pelos banqueiros primeiro ministro da Grécia, Lucas Papademos,  não só reduziram o seu cheque de aposentado, como o privaram dos subsídios aos medicamentos. “ Quero morrer mantendo a minha dignidade, antes que me veja obrigado a  buscar comida nos restos das latas de lixo” – escreveu em seu bilhete de despedida, lido e relido pelos que tentaram socorrê-lo, e que se reuniam na praça.

“Tenho já uma idade idade que não me permite recorrer à força –  mas se um jovem agora empunhasse um kalashinov, eu seria o segundo a fazê-lo e o seguiria”.

Wikileaks revela sabotagem contra Brasil (6abr2012)

Do Pragmatismo Político | Reproduzido de OpenSante

Plano Brasil

Os telegramas da diplomacia dos EUA revelados pelo Wikileaks revelaram que a Casa Branca toma ações concretas para impedir, dificultar e sabotar o desenvolvimento tecnológico brasileiro em duas áreas estratégicas: energia nuclear e tecnologia espacial. Em ambos os casos, observa-se o papel anti-nacional da grande mídia brasileira, bem como escancara-se, também sem surpresa, a função desempenhada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, colhido em uma exuberante sintonia com os interesses estratégicos do Departamento de Estado dos EUA, ao tempo em que exibe problemática posição em relação à independência tecnológica brasileira. Segue o artigo do  jornalista Beto Almeida.


O primeiro dos telegramas divulgados, datado de 2009, conta que o governo dos EUA pressionou autoridades ucranianas para emperrar o desenvolvimento do projeto conjunto Brasil-Ucrânia de implantação da plataforma de lançamento dos foguetes Cyclone-4 – de fabricação ucraniana – no Centro de Lançamentos de Alcântara , no Maranhão.


Veto imperial

O telegrama do diplomata americano no Brasil, Clifford Sobel, enviado aos EUA em fevereiro daquele ano, relata que os representantes ucranianos, através de sua embaixada no Brasil, fizeram gestões para que o governo americano revisse a posição de boicote ao uso de Alcântara para o lançamento de qualquer satélite fabricado nos EUA. A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que os EUA “não quer” nenhuma transferência de tecnologia espacial para o Brasil.

“Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”, diz um trecho do telegrama.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Mato Grosso: o poder dos latifundiários e a subserviência do Estado (4abr2012)

Colegas do Mestrado em Política Social

Por João Romano*

Para aqueles que não me conhecem meu nome é João Romano da Silva Junior, sou delegado de polícia na cidade de Aripuanã e mestrando em Política Social turma de 2010. No nosso mestrado estudamos a questão fundiária no Brasil, e por isso gostaria de compartilhar com vocês uma experiência que corroborou algo já sabido: o poder dos latifundiários e a subserviência do Estado na consecução de interesses.

Em data de 21/03/2012 foi-me apresentado pela polícia militar um indivíduo que estava na posse de diversas armas de fogo.

Antes, contudo, é preciso constar que a prisão se deu depois que a própria policial militar representou pela busca e apreensão e deu o respectivo cumprimento. O fundamento era de que "invasores" de terra estariam armados em uma Fazenda chamada Marinepar, localizada entre os municípios de Aripuanã e Colniza, e para evitar o conflito armado era preciso agir.

Bem, se há um conflito armado pressupõe que há uma reciprocidade, isto porque, é notório que os fazendeiros lançam mão do denominados "guachebas", que são capangas armados para coibir a ação desses "invasores". Porém, apenas o presidente da associação dos assentados, em tese o líder dos "invasores" é que foi preso na posse de armas.

A prisão, segundo a PM se deu no dia 20/03 às 17 horas, mas apresentaram o indivíduo a mim somente no dia 21/03 às 22h20min (embora a demora tenha sido justifica não elide a ilegalidade da custódia), tendo havido ainda descompasso às regras constitucionais da inviolabilidade de domicílio, mesmo de posse de mandado, uma vez que é preciso observar dadas formalidades.

Diante disso, lavrei o auto de prisão em flagrante delito, e mesmo antes de encaminhar a comunicação ao Poder Judiciário promovi o seu relaxamento (conforme possibilidade que defendo em artigo publicado) e coloquei o indivíduo imediatamente em liberdade.

Até aí foi uma questão de interpretação legal, segundo minha posição de garantismo, baseado também na observância da proteção das liberdades individuais, o que não significa leniência.

O que me deixou estarrecido, embora soubesse da audácia dos detentores do poder, é que minutos depois de colocado o indivíduo em liberdade, o dono da fazenda Marinepar, que mora em Curitiba-PR, e de lá originou a ligação no meu celular pessoal, disse-me em tom intimidativo, como se eu fosse o seu empregado que tivesse feito algo errado: "POR QUE VOCÊ SOLTOU O BANDIDO DO JOSIAS?". Como eu não estava entendendo, ele repetiu: "SÓ QUERO SABER SE O BANDIDO DO JOSIAS ESTÁ OU NÃO EM LIBERDADE?". Respondi então que minha função era a de ser imparcial e que não podia manter a conversa naquele nível. E então ele arrematou: "ISSO NÃO ME INTERESSA, SÓ QUERO SABER SE VOCÊ SOLTOU OU NÃO". Abreviei a Conversa e alertei que não daria informações por telefone.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Notas sobre um retrocesso que não houve (3abr2012)

Esta postagem constitui-se em contraponto a parte duas postagens anteriores: o texto de Idelber Avelar denominado "Notas sobre o retrocesso político brasileiro" e o texto de Maurício Caleiro intitulado "Decepção com o governo Dilma é intensa em diversas frentes". Os contrapontos só fazem enriquecer a tecedura a que me dedico, buscando textos que de alguma maneira me tocam, esclarecem ou incomodam, bem como, por raras ocasiões, escrevendo, eu mesmo, sobre as minhas perplexidades e opiniões.

Por Miguel do Rosário | Óleo do Diabo

Perdoem o texto meio truncado e confuso. Estou correndo contra o tempo para terminar um trabalho, mas não podia deixar de registrar aqui algumas descobertas. Não sou dono da verdade. Corrijam-me, por favor, se tiver errado alguma coisa. Como diz Veríssimo, sou o cara mais humilde do mundo.  Não recebo um centavo do Minc, nem conheço ninguém por lá. Não recebo dinheiro de lugar nenhum. Sempre trabalhei no setor privado, e aliás estou com prazo estourando para entregar a tradução de um filme. Sinto-me obrigado a dizer essas coisas porque vejo que alguns críticos da Ana, antes mesmo de entrarem no debate, lançam suspeitas sobre quem pensa diferente. Parece a política Bush do ataque preventivo. A polêmica do Minc virou um ambiente barra pesada. Espero que poupem este modesto blogueiro de sua agressividade.

Meu interesse não é defender ninguém. Respeito a Ana de Hollanda como sempre respeitei qualquer ministro da Cultura anterior a ela, inclusive dos governos FHC pra trás. Quero trazer o debate para o campo dos argumentos. Acredito que devemos respeitar os outros se queremos que nos respeitem. Isso vale para adversários também, porque se perdermos a linha, perdemos a razão. Quando escrevia contra o Serra e contra o governo FHC, baseava-me exclusivamente em dados, em argumentos, nunca usei slogans fáceis, jamais apelei para a baixaria. Quem o fez, na verdade ajudou Serra a crescer nas eleições. Se respeitava os ministros da Cultura de FHC, também respeitarei os da Dilma.

Ontem eu passei muitas horas estudando Siafi, Portal da Transparência, relatórios governamentais para o tribunal de contas, para ver direitinho os gastos do governo, e poder fazer uma análise séria sobre um possível retrocesso político da atual administração. Analisei a gestão do Ministério da Cultura, especialmente os Pontos de Cultura. Li o livro do Ipea sobre o assunto, lançado há alguns meses, com dados pesquisados ao final de 2010 junto a centenas de pontos de cultura. O livro do Ipea é elogioso, mas ao fim (ver o capítulo IV, eu copiei trechos aqui) aponta um rol de problemas graves de gestão e conceito, que precisariam ser resolvidos. O Minc inclusive já fez seminários para discutir o livro do Ipea, encontrar soluções e reformular o programa.

Sob o império do capital, milhares de crianças italianas abandonam os estudos para trabalhar (3abr2012)

O império do capital é o reino da barbárie

Por Fernando Brito

Para quem acha que trabalho infantil é coisa de “povinho atrasado”, de Terceiro Mundo, culpa de pais que exploram seus próprios filhos, uma prova de que, na “liberdade absoluta de mercado”, não importa se na Europa, na Ásia ou na América Latina, é o empobrecimento que leva à barbárie.
A repórter Cécile Allegra, do Le Monde, conta a história de Gennaro, um garoto napolitano que acaba de completar 14 anos. Uma história que nossos jornais, sempre tão pródigos em mostrar como nossa miséria repercute no mundo europeu, deixou passar, embora forte e emocionante, um retrato de que não é nossa mestiçagem, nem nosso caráter, nem nossa natureza o que nos atira ao atraso.

É a pobreza.
Gennaro foi contratado por uma mercearia. Seis dias por semana, dez horas por dia, arruma prateleiras, descarrega caixas e entrega compras no bairro.
Gennaro sonhava ser informático, mas é moço de recados numa loja, a profissão mais comum entre as crianças trabalhadoras de Nápoles. Trabalha ilegalmente, por menos de um euro a hora, e ganha, no máximo, 50 euros por semana.
Paola Rescigno, a mãe de Gennaro, nunca imaginou que um dia tivesse de o privar da escola. Durante 20 anos viveu com o marido numa casinha de 35 m2, num pátio do bairro de San Lorenzo, o mais sombrio do centro da cidade.
Depois, o marido morreu, vítima de um cancro fulminante. Agora, Paola Rescigno vive de biscates. Organizou uma míni empresa de limpeza de imóveis e partilha o trabalho com as outras desempregadas do bairro. Ganha 45 cêntimos de euro por hora, 35 euros por semana, menos do que o salário do filho.
É ela quem, todos os dias, muito cedo, acorda Gennaro para que o rapaz chegue a tempo na mercearia. A filha mais nova tem seis anos, por isso, teve de escolher: “Não tinha dinheiro para pagar os livros dos dois. Por isso, ou era um, ou outro.” Em cima da mesa da cozinha está um “pão de oito dias”, uma bola de centeio com três quilos, que se conserva durante muito tempo e custa apenas cinco euros.
Gennaro é uma das 45 mil crianças em toda a Campânia, a região de Nápoles, deixaram a escola pelo trabalho, quase 40% delas com menos de 13 anos. Em 2010, o Estado cortou o subsídio – uma espécie de “bolsa-família” dado aos mais pobres. E o trabalho infantil, que parecia quase abolido, retornou com toda força.  Como Gennaro, trabalham dez, doze horas por dia, ilegalmente, com salários muito menores.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Série "O caso de Veja", feita por Luís Nassif, foi retirada do ar pelo Google (2abr2012)

Quem quiser ter acesso ao arquivo completo em pdf de "O caso de Veja", que aparentemente foi "censurado", o mesmo está disponibilizado no sítio Luís Nassif Online.

Fica a pergunta: foi coincidência o "sumiço" do material?

Nassif aguarda explicação do Google quanto ao ocorrido.

MAS QUE É MUITA COINCIDÊNCIA, JUSTO AGORA, LÁ ISTO É!

A dívida é o instrumento do capital para esmagar o futuro e as possibilidades de mudanças (2abr2012)

Do Vermelho

A era do homem endividado

A dívida tem uma moral própria, diferente e complementar à do trabalho. A dupla esforço-recompensa da ideologia do trabalho se vê passada para trás pela moral da promessa (honre sua dívida) e da culpa (de tê-la contraído). A campanha contra os gregos dá testemunho da violência da lógica que permeia a economia da dívida.

Por Maurizio Lazzarato*

A sucessão de crises financeiras levou ao aparecimento de uma figura subjetiva, que agora ocupa todo o espaço público: a do homem endividado. Pois o fenômeno da dívida não se reduz às suas manifestações econômicas. Ele constitui a pedra angular das relações sociais em regime neoliberal, operando uma tripla desapropriação: a desapropriação de um poder político já fraco, concedido pela democracia representativa; a desapropriação de uma parte cada vez maior da riqueza que as lutas passadas tinham arrancado da acumulação capitalista; e a desapropriação, principalmente, do futuro, quer dizer, da visão do tempo que permite escolhas, possibilidades.


A relação credor-devedor intensifica de maneira transversal os mecanismos de exploração e dominação próprios do capitalismo. Pois a dívida não faz nenhuma distinção entre os trabalhadores e os desempregados, os consumidores e os produtores, os ativos e os inativos. Ela impõe uma mesma relação de poder a todos: até as pessoas mais desprovidas de acesso ao crédito particular participam do pagamento dos juros ligados à dívida pública. A sociedade inteira está endividada, o que não impede, mas exacerba, as desigualdades – que já é tempo de começar a qualificar como “diferenças de classe”.

Como revela sem ambiguidade a crise atual, uma das maiores questões políticas do neoliberalismo é a da propriedade: a relação credor-devedor exprime uma relação de força entre os proprietários e os não proprietários dos títulos do capital. Somas enormes são transferidas dos devedores (a maioria da população) para os credores (bancos, fundos de pensão, empresas, famílias mais ricas).

A dívida, inclusive, tem uma moral própria, ao mesmo tempo diferente e complementar à do trabalho. A dupla esforço-recompensa da ideologia do trabalho se vê passada para trás pela moral da promessa (a de honrar sua dívida) e da culpa (de tê-la contraído). A campanha da imprensa alemã contra os “parasitas gregos” dá testemunho da violência da lógica que permeia a economia da dívida. As mídias, os políticos e os economistas parecem só ter uma mensagem a transmitir para Atenas: “A culpa é sua”. Em suma, os gregos ficaram ao sol, enquanto os protestantes alemães são os burros de carga pelo bem da Europa. Essa apresentação da realidade não diverge da que transforma os desempregados em assistidos ou o Estado-Providência em uma “mamma estatal”.

domingo, 1 de abril de 2012

A casa caiu! A imprensa anti-Brasil está ficando nua! (1abr2012)

Esqueçam Policarpo: o chefe é Roberto Civita

Por Luís Nassif

Veja se antecipou aos críticos e divulgou um dos grampos da Policia Federal em que o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o araponga Jairo falam sobre Policarpo. Pinça uma frase – “o Policarpo nunca vai ser nosso” – para mostrar a suposta isenção do diretor da Veja em relação ao grupo.

É uma obviedade que em nada refresca a situação da Veja. Policarpo realmente não era de Carlinhos Cachoeira. Ele respondia ao comando de Roberto Civita. E, nessa condição, estabeleceu o elo de uma associação criminosa entre Cachoeira e a Veja.

Não haverá como fugir da imputação de associação criminosa. E nem se tente crucificar Policarpo ou o araponga Jairo ou esse tal de Dadá. O pacto se dá entre chefias – no caso, Roberto Civita, pela Abril, Cachoeira, por seu grupo.

Como diz Cachoeira, “quando eu falo pra você é porque tem que trabalhar em grupo. Tudo o que for, se ele pedir alguma informação, você tem que passar pra mim as informações, uai”.

O dialogo abaixo mostra apenas arrufos entre subordinados – Jairo e Policarpo.

Os seguintes elementos comprovam a associação criminosa:
Havia um modus operandi claro. Cachoeira elegeu Demóstenes. Veja o alçou à condição de grande líder politico. E Demóstenes se valeu dessa condição – proporcionada pela revista – para atuar em favor dos dois grupos.
Para Cachoeira fazia trabalho de lobby, conforme amplamente demonstrado pelas gravações até agora divulgadas.
Para a Veja fazia o trabalho de avalizar as denúncias levantadas por Cachoeira.
Havia um ganho objetivo para todos os lados:
Cachoeira conseguia afastar adversários, blindar-se contra denúncias e intimidar o setor público, graças ao poder de que dispunha de escandalizar qualquer fato através da Veja.
A revista ganhava tiragem, impunha temor e montava jogadas políticas. O ritmo frenético de denúncias – falsas, semi-falsas ou verdadeiras – conferiu-lhe a liderança do modelo de cartelização da mídia nos últimos anos. Esse poder traz ganhos diretos e indiretos. Intimida todos, anunciantes, intimida órgãos do governo com os quais trabalha.
O maior exemplo do uso criminoso desse poder está na Satiagraha, nos ataques e dossiês produzidos pela revista para atacar Ministro do STJ que votou contra Daniel Dantas e jornalistas que ousaram denunciar suas manobras.
Em "O caso de Veja", no capítulo “O repórter e o araponga” narro detalhadamente –  com base em documentos oficiais – como a cumplicidade entre as duas organizações permitiu a Cachoeira expulsar um esquema rival dos Correios e se apossar da estrutura de corrupção, até ser desmantelado pela Polícia Federal. E mostra como a Veja o poupou, quando a PF explodiu com o esquema.

Civita nem poderá alegar desconhecimento desse ganho de Cachoeira porque a série me rende cinco ações judiciais por parte da Abril - sinal de que leu a série detalhamente.

Os próprios diálogos divulgados agora pela Veja mostram como se dava o acordo:

Cachoeira: Esse cara aí não vai fazer favor pra você nunca isoladamente, sabe? A gente tem que trabalhar com ele em grupo. Porque os grande furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz. Todos eles fomos nós que demos. Então é o seguinte: se não tiver um líder e a gente trabalhar em conjunto... Ele pediu uma coisa? Você pega uma fita dessa aí e ao invés de entregar pra ele fala: "Tá aqui, ó, ele tá pedindo, como é que a gente faz?". Entendeu?

Desde 2008 – quando escrevi o capítulo – sabia-se dessa trama criminosa entre a revista e o bicheiro. Ao defender Policarpo, a revista, no fundo, está transformando-o em boi de piranha: o avalista do acordo não é ele, é Roberto Civita.

Em Londres, a justiça processou o jornal de Rupert Murdoch por associação indevida com fontes policiais para a obtenção de matérias sensacionalistas. Aqui, Civita se associou ao crime organizado.

Se a Justiça e o Ministério Público não tiverem coragem de ir a fundo nessa investigação, sugiro que tranquem o Brasil e entreguem a chave a Civita e a Cachoeira.

Obs. de Mestre Aquiles: A postagem de Luís Nassif contém texto publicado pela revista Veja, com a transcrição da conversa entre Carlinhos Cachoeira e Jairo, falando sobre Policarpo Júnior, editor da Veja em Brasília. Entre os comentários da postagem há contribuições imperdíveis dos leitores, trazendo à luz informações esclarecedoras inclusive sobre a origem da "invasão" estadunidense na imprensa brasileira (Civita/Departamento de Estado dos EUA, Globo/Time Life, Reader's Digest etc.). Mídia lesa-pátria: a casa caiu! Este é um daqueles raros momentos históricos do qual haveremos de lembrar sempre ao pensarmos nas grandes guinadas nos caminhos para a verdadeira democracia. Como bem disse um dos comentaristas de Nassif, esta está sendo o combate de David (Nassif) contra Golias (Civita/Veja). Todo o lodo que emerge agora do fundo do lago vem ajustar com clareza as peças do quebra-cabeça envolvendo as tentativas de golpe para derrubar Lula perpetrados por Veja e repercutidos pelo restante do PiG (Partido da imprensa Golpista).