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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

As coisas estão se desmanchando na Europa... (4nov2011)

O crepúsculo do Euro

Por Paul Krugman

As coisas estão se desmanchando na Europa; o centro não está segurando. Papandreou vai realizar um referendo; o voto será não. Bônus italiano de 10 anos a 6,29%; este é um nível em que o custo de rolar a dívida existente forçará um default, apesar de a Itália ter um superávit primário. E com todos buscando simultaneamente a austeridade fiscal, uma recessão parece quase certa, agravando todos os problemas do continente.

Venho mapeando esse desastre de trem há uns dois anos, e estou me sentindo exausto demais para retraçá-lo neste momento. Digamos apenas que o euro foi uma ideia inerentemente falha que só pode funcionar com uma economia europeia forte e um grau significativo de inflação, mais crédito ilimitado a dívidas soberanas que enfrentam ataques especulativos. Mas as elites europeias abraçaram a noção de economias como peças morais, impondo austeridade a torto e a direito, endurecendo o crédito apesar da inflação subjacente baixa, e estiveram preocupadas demais com a punição dos pecadores para notar que tudo ia explodir sem um emprestador efetivo em último recurso.

A questão que estou tentando responder agora é como o ato final será encenado. A essa altura, eu suporia taxas crescentes sobre a dívida italiana provocando uma corrida gigantesca aos bancos, tanto por temores com a solvência de bancos italianos em caso de calote, como pelo medo de que a Itália acabe saindo do euro. Isso leva então a um fechamento de emergência dos bancos, e quando isso ocorrer, uma decisão de abandonar o euro e instalar a nova lira. Próxima parada, França.

Isso tudo soa apocalíptico e irreal. Mas como essa situação vai supostamente vai se resolver? O único caminho que eu vejo para evitar algo assim envolve o Banco Central Europeu mudar totalmente seu enfoque, e rápido.


Paul Krugman, Premio Nobel de Economia de 2008, é colunista do The New York Times, republicado pelo Estadão.

Postado em 2 de novembro de 2011 no sítio Projeto Nacional.

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