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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Assinantes de TV pagam para ver propagandas (5out2011)

Esse é um tema que me tem produzido incômodos desde há algum tempo. Sou assinante de TV e o sou porque queria fugir da mesmice e das muitas bobagens que a TV aberta vive enfiando por nossa goela abaixo.

Na década de 1990, quando pela primeira vez contratei TV a cabo, em Campinas (durante o meu mestrado), os canais não apresentavam propagandas comerciais, e tinham intervalos curtos com divulgação de sua própria programação. Beleza, eu estava livre do bombardeio dos omos, bombris, cremes faciais, desinfetantes, absorventes, supermercados, etc. Achava justo: eu estava pagando pela TV, e portanto ela não dependia de patrocinadores para sua programação. Essa programação tinha que se sustentar na sua qualidade para manter o assinante.

Hoje acontecem coisas no mínimo esquisitas. Primeiro os fornecedores de canais por assinatura nos dão "brindes" que em geral não nos interessam. Pelo menos a mim, não. Canção Nova, Igreja Universal, canais rurais, "entertainments", e por aí vai.

Entendo que deveria haver como que um cardápio de canais, onde cada um deles teria um custo específico - nada de "brindes" -, onde eu poderia escolher a minha "cesta" de canais, pagando somente por eles. Brindes não existem. São uma falácia. A mesma daquelas propagandas que dizem "e tem mais, se você ligar nos próximos cinco minutos, receberá inteiramente grátis isto, isso e mais aquilo". Ora, faça-me o favor! Propaganda enganosa, para dizer o mínimo. Além de considerar que o espectador é um trouxa abobalhado.


Quanto aos canais religiosos, quem é católico fervoroso pode optar por comprar o canal da Canção Nova ou outro canal católico qualquer. Os protestantes terão várias opções de compras. Eu, por exemplo, nunca compraria os canais do sistema Globo (Globonews, Multishow e o outro, cujo nome não me lembro). Talvez assinasse os canais de esportes, mas com preferência para a ESPN.

Outra coisa "esquisita" em praticamente todos os canais, é a veiculação massiva de propagandas. Ora, bolas! Eu estou agora pagando para ver propagandas? Se o canal não se sustenta com o que consta de sua programação, que feche. Mas não! Ficam cobrando da gente e ganhando um "a mais" de patrocinadores.

Mais uma coisa para causar estranhamento: os canais pagos adotaram o timing dos canais abertos. Cinco minutos de propaganda e quatro minutos do programa propriamente dito. No canal Fox, então, é totalmente irritante a duração dos intervalos. E são, além de tudo, repetitivos, com aquelas propagandas insuportáveis e sem criatividade de perfumes os mais diversos. Outro dia tentei assistir um filme na Fox e desisti no meio do filme. Demoravam tanto nas propagandas e divulgação da programação da emissora (também exaustiva e repetitiva) que ao retornar ao filme eu já estava completamente desvinculado do seu enredo.

É com pesar, também, que constato que a programação daqueles canais que seriam "instrutivos", "culturais", está adotando temáticas e linguajar que me faz sentir um completo imbecil. Primeiro é uma linguagem infantilizada, boba, que, a cada retorno dos comerciais (que não deveriam existir, lembrem-se) faz um resumo do que foi dito até então, repetindo textos e imagens. Como se o telespectador tivesse problemas de perda da memória recente. Repetem tudo o que já havia sido dito e acrescentam mais um pequeno detalhe, para em seguida mostrar algo chamativo que virá no "próximo bloco". E dá-lhe intervalo comercial. No melhor estilo da TV aberta, comercial, descomprometida com qualidade.

Os temas de Discovery, History, Animal Planet, National Geographic e quetais são de chorar. Busca por discos voadores que nunca mostram nada de efetivo, gastando horas com bobagens e análises pretensamente sérias, mas sem estofo nenhum. Em outro, tem uns compradores que andam pelo interior para comprar velharias (e aquela conta absurda: comprou por x dólares, vendeu por y dólares, lucro de x-y dólares). Tem também os tais "vídeos divertidos" com animais, e suas piadas absolutamente desnecessárias e sem graça. E tome repetir a pretensa imagem engraçada à exaustão. Há também os "vídeos incríveis", em que 5 segundos de registro de um acidente transformam-se em 5 minutos de repetições, acompanhadas de uma narração em tom dramático, com a afirmação em quase todos os casos de que ninguém morreu naquele acidente. O History Channel, então... Tem uma loja de penhores com uns proprietários que fazem grosserias entre si e... nada que seja interessante de ver.

Às vezes é possível ver alguns documentários feitos no tom adequado, inteligente e instigante em canais públicos, como as tvs Cultura, Brasil, Senado, Câmara, etc. Essas tvs todas deveriam ser abertas no Brasil inteiro, e não ficarem confinadas no nicho das TVs pagas.

Resumindo. Os canais pagos deveriam manter-se com as assinaturas que conseguissem conquistar, atingindo públicos específicos e buscando ampliar seu contingente de assinantes mediante a qualidade da programação. Nosso tempo é muito curto para o perdernos vendo repetições intermináveis de propagandas e de chamadas de programação. Para isso, existe um menu da programação na própria TV. Um programa que gasta uma hora de nossa atenção poderia ser transmitido em menos de 25 minutos, ainda com um intervalo para o telespectador atender a uma ou outra necessidade inadiável.

Tenho dito! E vou dizer mais, nos próximos muitos dias.

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