Quem sou eu

Minha foto
Bebedouro, São Paulo, Brazil
Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Privatização no petróleo traz tecnologia. Em cavar fortunas (22ago2011)

Publicado ontem no sítio Projeto Nacional.

Por Fernando Brito

Os neoliberais defendem que nosso petróleo – sobretudo o do pré-sal – seja explorado pelas empresas privadas, alegando que elas têm capital e tecnologia para fazê-lo muito melhor que a nossa Petrobras.

Hoje, na Folha, há um retrato de uma das empresas privadas que se formou para explorar as áreas já concedidas do pré-sal e se aventurar em outras áreas que a ANP teima em colocar em licitação.

Nem é uma das petroleiras gigantes, mas é formada por capital estrangeiro: US$ 1,2 bilhão de dólares de dois fundos americanos, o First Reserve Corporation e o Riverstone Holdings.

Da empresa, só o nome – Barra Energia – e os diretores são brasileiros. E são brasileiros porque o grande capital internacional sabe quem tem conhecimento do setor no Brasil: a Petrobras.

João Carlos de Luca e Renato Tadeu Bertani, presidente e diretor-executivo da empresa eram altos funcionários da Petrobras e não foram escolhidos para comandar uma petroleira, mas um escritório de investimentos.

A Barra Energia já comprou à Shell parte do Bloco BM-S-8 e pretente comprar outras áreas em Santos e também em Campos. Ganha um doce quem apostar que a preferência recairá em áreas operadas pela empresa onde fizeram toda a sua carreira profissional e tiveram acesso a todo tipo de estudo geológico e geofísico feito por lá.

Como altos profissionais que foram na Petrobras, eles sabem onde é promissor perfurar e onde não é. Pessoalmente, não há nada de ilegal: eles já deixaram a empresa a que serviram por 25 anos e não foram eles, pessoalmente, quem abriu o petróleo brasileiro ao capital estrangeiros. Pegaram “a onda” e lá se foram ganhar dinheiro com o que aprenderam lá. Bertani foi diretor da empresa desde 1997, De Luca dirigiu áreas de exploração e produção no mar e, com a privatização, largou a empresa, foi servir aos espanhóis da Repsol e dirigir o Instituto Brasileiro de Petróleo, entidade formada pelas empresas do setor que é acerba crítica da ação da Petrobras e do controle nacional das jazidas.

E os investidores estrangeiros a quem servem vão ganhar mares de dinheiro graças a… graças a…graças a o que mesmo?

Ah, sim, ao desempenho de seu corpo técnico, adequado a uma empresa petroleira que pretende adquirir áreas imensas de nossas jazidas.

São todos eles, os 17 funcionários – não sei se isso inclui a secretária de cada um, o boy do escritório e o motorista particular – gente de uma capacidade que nós, brasileiros, nem de longe temos, não é?

Mas não exageremos: a empresa vai se expandir e gerar empregos, assim que os investimentos em petróleo começarem a dar resultados: prometem dobrar o número de funcionários, passando a 34.

Tem gente que sabe mesmo esta história de cavar, digo, perfurar para achar riqueza.

0 comentários: