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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

domingo, 7 de agosto de 2011

Daniel Dantas era (é?) o mentor da linha editorial de Veja e da coluna de seu lobista Diogo Mainardi (7ago2011)

Fala, palhaço (Flávio Faria)
Invoquei o Vocal


Publicado hoje no sítio de Luís Nassif.

O lobista de Dantas

Na série “O caso de Veja”, um dos capítulos tinha por título “O lobista de Dantas”.

Começava assim:
Na longa noite de São Bartolomeu, tudo foi permitido à direção da revista Veja. Poucas vezes se assistiu na imprensa brasileira a tal festival de violência gratuita, de deslumbramento, de demonstração de força, de ataques generalizados contra a honra de terceiros, atropelando normas básicas de jornalismo como novos ricos do poder.
Assemelhavam-se a um bando de alucinados armados, atirando contra qualquer vulto que se mexesse à sua frente.
Muitos episódios ficarão na lembranças dos leitores. Não apenas as capas - de uma agressividade incompatível com uma grande publicação -, mas as matérias estranhas de assassinatos de reputação em disputas comerciais, a manipulação da lista dos livros mais vendidos para beneficiar um diretor da revista.
Dentre todos os assomos de anti-jornalismo, quando todos os detalhes forem conhecidos, a herança que terá desdobramentos , será os motivos que levaram a direção da revista a permitir que o colunista Diogo Mainardi praticasse o mais escancarado lobby empresarial que a grande imprensa brasileira tida por séria já produziu. E em defesa do mais polêmico empresário brasileiro, Daniel Dantas, preso pela Polícia Federal sob a acusação de formação de quadrilha.
O episódio é relevante para se aprofundar sobre o papel da mídia nesse jogo, dos jornalistas que, sob a batuta de Dantas, manipularam informações com o claro intuito de influenciar o Judiciário.

A série começou a ser escrita antes de se saber da Operação Satiagraha. Sua divulgação comprovou os fatos levantados.

A gravação de número 319 do dossiê Satiagraha – disponibilizado esta noite na Internet – comprova as suspeitas que manifestei na época. Dantas acertava por cima com os donos de veículos; mas a operação era conduzida diretamente por ele, através de pessoas de sua confiança na redação.

A conversa é entre Daniel Dantas e uma jornalista que cobria o setor (o arquivo diz que é Elvira Lobato; pensava ser Janaína Leite).

Dantas recomenda à jornalista que saia do tema “com elegância”. Diz que o risco jornalístico é muito grande, que os jornalistas se expõem muito. Recomenda cautela. E mostra preocupação com o fato de seu homem na Veja – Diogo Mainardi – estar perdendo espaço.


- Em vez de atacar no pessoal, na briga, em que cada um deles tem munição suficiente. Brigar com munição precária é precário. É melhor dar um acabamento institucional em relação ao assunto e pronto. (…) Eles não têm limite. Diogo mandou esse negócio para os procuradores, não sabe onde isso acaba.

- Se a Veja fosse continuar…, diz a jornalista.

- Tudo bem, mas ela já recuou. Ela tem algum motivo e ela teve algum recuo. A página do Diogo já não está no local normal. Alguma coisa aconteceu que ele está descolado. Depois, já não vai continuar. O outro me liga de lado preocupado. Sabe quando você junta essas pedras todas? (…) O Diogo na segunda feira está dizendo que não vai abordar mais, tem coisa aí. Nao dá para você ficar. Se eu soubesse que era dessa dimensão, eu teria tomado um caminho diferente. Não tem nada que eu saiba. Sabe quando você sente?

Na gravação, recomenda que deixe de lado a Telecom Italia e se concentre no caso Telemar. Diz ter intuição de que vem algo muito grande pela frente (certamente a Operação Satiagraha).


A murdochização da mídia

Estão comprovadas todas as teses que levantei em "O Caso de Veja", nas palestras e artigos posteriores e na cobertura da Satiagraha.

Utilizou-se o macartismo como biombo para jogadas comerciais da pior espécie. Valeram-se de assassinatos de reputação, de um poder mais mortífero que o da própria Foxnews - porque a partir de um pacto dos quatro maiores grupos jornalísticos do país. Inibiram jornalistas com ataques a reputações.

Para fortalecer o esquema, houve um pacto entre os jornalistas do esquema para levantar a bola de Diogo Mainardi (o Estadão chegou a compará-lo a Carlos Lacerda) de maneira a aumentar a efetividade de seus ataques. No Blog da Veja, recorreu-se a um blogueiro de esgoto para os ataques mais abjetos da história do jornalismo brasileiro.

Leia aqui "A cara da Veja", que deixa de maneira explícita o método adotado por Roberto Civita para repetir o estilo Murdoch.

Pensaram que todos seriam intimidados. Muitos foram. Mas houve os que resistiram. E não esperavam que a Internet abrisse espaço para a reação.

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