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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Lembranças de (e para) um grande amigo e talentoso músico: Maestro Veiga Jardim (1jul2011)

Bachianas brasileiras nº 4 (Prelúdio) (incompleto) (Heitor Villa-Lobos)
Orchestre de la Radiodifusion Française, regida por Villa-Lobos


Dedico esta postagem ao meu amigo dos tempos de UFRRJ, Maestro Veiga Jardim. Oswaldo, como sempre o chamei, radicou-se em Macau, antiga colônia portuguesa que há dez anos foi integrada à China. Vimo-nos pela última vez em meados da dédada de 1980, no Rio de Janeiro, pouco tempo depois de o Coral da UFMT participar do Concurso de Corais do Jornal do Brasil.

Oswaldo é daqueles raros amigos que quando eu encontrava, mesmo tendo passado alguns anos sem a gente se ver, sentia que esse tempo de afastamento não produzira distanciamento. As conversas eram retomadas como se tivessem sido interrompidas algumas horas antes.

A Bachiana Brasileira postada acima era, e é, uma de minhas músicas prediletas desde a adolescência. Por coincidência, quando conheci o Oswaldo, soube que essa também era uma das que mais gostava. Soube-o ao ouvi-lo tocando-a ao piano antes do ensaio do Coral da UFRRJ. Cheguei para perto do piano e ouvi com reverência a sua cuidadosa e expressiva interpretação. Comentei, ao final, o quanto gostava daquela música e ele sorriu, dizendo que era uma das que mais gostava.

Até então, eu não sabia quem era o "cara" que estava tocando. Só sabia que era calouro da universidade e que ingressara no Coral na semana anterior, a primeira semana do período letivo.

Acabamos por nos tornar grandes amigos, tendo ele e seus pais proporcionado a este caipira paulista momentos de irretocável hospitalidade e de grande intelectualidade. Aprendi muito com todos eles. Continuo sendo o caipira paulista, radicado em Cuiabá há 31 anos. E certamente essa convivência fez de mim uma pessoa melhor, mais atenta, e mais voltada tanto para a música quanto para a literatura, pois esses exemplos eles me deram aos borbotões.


Na foto acima, estão minha mãe e minha prima, mais o Oswaldo e os pais dele. Foi uma visita indelicada que fiz a eles no Rio de Janeiro levando uma "comitiva", um carro cheio. Até hoje sinto-me sem graça por ter feito isso. Telefonei antes para saber se não haveria problemas em irmos, e eles, com a gentileza costumeira, não souberam como falar da inconveniência de eu levar 4 pessoas comigo para passar uns dias na casa deles. Fomos recebidos com a fidalguia com a qual eu estava habituado. Apesar disso, acredito que esse meu arroubo causou constrangimento a todos eles. Nunca me desculpei com os pais do Oswaldo, mesmo os tendo encontrado outras vezes, depois que o filho foi para o exterior. À época eu era muito fechado e tímido, tendo dificuldade para expressar o quanto tinha percebido de minha inconveniência.

Abaixo, posto um vídeo disponível no Youtube em que o Maestro Veiga Jardim rege a Macau Youth Symphony executando, de Tchaikowsky, o terceiro movimento do Concerto para violino em ré maior, op. 32, tendo como solista o jovem violinista alemão Lukas Stepp.

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