Quem sou eu

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Bebedouro, São Paulo, Brazil
Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

sábado, 28 de maio de 2011

Requiem para Lícia (28mai2011)

Nesta madrugada faleceu a esposa de meu irmão, minha cunhada Lícia

Ela e meu irmão ficaram noivos em fevereiro de 1961, no Rio de Janeiro.

Casaram-se em dezembro de 1962, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro.

Aqui estão com sua primogênita, em 1966.

Esta foto foi tirada às vésperas do falecimento de meu pai. Minha cunhada está no centro da foto, com minha mãe à direita, os quatro filhos em torno dela e, lá no fundo o filho de minha irmã - um sobrinho meu sobre cujo aniversário fiz postagem neste blog em 1 de maio deste ano. Foto de 1978.

Aqui estão minha irmã e minha cunhada, em Assunción, Paraguai, nos dias do casamento de sua filha primogênita. Por uma triste coincidência, ambas padeceram do mesmo mal: esclerose lateral amiotrófica. Minha irmã faleceu em 1995. Foto de 1985.

Foto de 1990, minha prima e seu marido, e meu irmão e a Lícia. São Paulo.

Outubro de 2002, Bebedouro. Casamento de minha sobrinha, filha do meu irmão mais à esquerda (na foto). Nós, os irmãos Lazzarotto, nos reunimos principalmente em casamentos e velórios da família. Amanhã será uma das ocasiões em que não gostamos de nos reunir.

O casal em Nova Iorque, quando foram visitar os filhos e netos que moravam nos Estados Unidos à época. Foto de 2005.

Na Igreja Assembléia de Deus, em Barretos, também em 2005. Meu irmão é pastor aposentado.

Barretos, em 2007.

Barretos, em 2009.

Barretos, em agosto de 2009. Minha cunhada com o primeiro (e o único que pôde conhecer) bisneto. Juntos estão sua filha (à direita), a mãe do bebê (a mais alta, atrás), uma neta e meu irmão.

Guarulhos, fevereiro de 2010. Aniversário de 69 anos de meu irmão.

São algumas fotos de alguém que marcou sua passagem em minha vida pelo seu otimismo, calor humano e a fantástica hospitalidade baiana.

Meu último encontro com ela foi neste ano, quando fui visitá-la na UTI do Hospital de Base em São José do Rio Preto. Ao me ver, ela me agraciou com um sorriso luminoso, apesar de não poder falar e de todos os incômodos de todos os tubos a que estava ligada.

Uma vida abençoada que marcou e marcará a vida de todos que com ela conviveram. Sempre um sorriso, sempre a esperança. Nunca uma queixa.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Milton Temer chama PT às origens (27mai2011)

São as chamadas para um raciocínio mais radical (de raiz) tendo como situação exemplar a vitória da direita na Espanha, em plena mobilização dos jovens acampados em diversas cidades clamando que os políticos não mais os representam. Milton Temer analisa a atuação do PT enquanto governo e chama por um realinhamento à esquerda e por redobrado cuidado com os caminhos que podem devolver o poder à "velha e autoritária direita patrimonialista". Quem acompanha minhas postagens pode perceber que estou buscando repassar ideias que apontem para a sensatez, sem, no entanto, abandonar o objetivo da construção de um país mais justo, menos desigual. Um país mais politizado e mobilizado na luta por seus direitos e sua liberdade de expressão.

Acredito que a carta de Milton Temer contribua positivamente para minhas reflexões sobre política.

Gosto de conhecer, ler, ponderações de todos os tipos, claro que com viés de esquerda, buscando construir em mim compreensão sempre mais ampla sobre esse tema.

Remeto, portanto, o leitor ao texto "Carta aberta aos petistas", publicado no sítio Correio da Cidadania em 26 de maio de 2011.

Uma visão serena e ponderada sobre o quadro político (27mai2011)

Eu confesso que já estava ficando enjoado das ladainhas persecutórias de sítios, blogs e comentaristas ditos de esquerda, todos julgando todo mundo e, pior, condenando a priori qualquer divergência de pensamento. Assim fica difícil... Vamos diminuir o imediatismo e a afobação.

Por fim, gostei do texto de Miguel do Rosário, que traz um olhar abrangente sobre o processo de aprovação do novo Código Florestal, bem como sobre a pressa julgadora da blogosfera. Ele afirma, entre tantas outras coisas, que se houvesse redes sociais em 2005, Lula não seria reeleito, dada a fúria "lacerdista" que se apossa de blogueiros e tuiteiros, que ignoram solenemente os milhões de brasileiros que elegerem Dilma, outorgando-se o papel de donos do governo por terem ajudado a desfazer o jogo sujo do PiG (Partido da imprensa Golpista). Fizeram isso e fizeram bem. O povo entendeu, em sua maioria. O mesmo povo eleitor está muito mais sereno e paciente com relação ao governo do que seus "apoiadores", mantendo em alta a sua aprovação.

O texto está no blog Óleo do Diabo, é datado de 26 de maio de 2011, e apresenta um bom senso impressionante, uma calma necessária para se avaliar esses temas. O título é "Código Florestal e chapeuzinho vermelho" (acesse clicando aqui).
"O Brasil é hoje o principal exportador de soja e carne do mundo, e isso numa época em que não há mais abundância de alimentos. Os estoques..."

Miopia midiática (27mai2011)

"A edição de O Globo de 25 de maio estampava a seguinte manchete: 'PMDB e ruralistas derrotam Dilma e anistiam desmatadores'. Nada de errado na informação. A presidente de fato não desejava a aprovação desta emenda ao Código Florestal, que classificou como uma vergonha para o Brasil, segundo as palavras do líder do governo na Câmara, ditas em plenário para tentar derrubá-la. Mas o resultado da votação dos deputados tinha um perdedor maior do que a presidente da República: o próprio país. E num olhar exclusivo sobre as disputas políticas, e obsessivo no que se refere aos revezes do atual (e do ex) governo, perdeu-se a perspectiva do fato maior, que atinge todos os brasileiros. ..."

Clique aqui e veja a íntegra da matéria do jornalista Mair Penna Neto publicada em 25 de maio de 2011 no sítio Direto da Redação.

Estadão agride sindicatos, empresários e governo em editorial (27mai2011)

O blog do Passarinho Pentelhão faz parte de minhas leituras diárias, pois, com elegância e bom-humor, faz uma leitura crítica dos jornalões do PiG (Partido da imprensa Golpista). Com autorização expressa do Passarinho Pentelhão, reproduzo aqui neste blog algumas de suas postagens. Como mais um nó na rede da blogosfera, atuo no sentido de divulgação de ideias e textos que considero relevantes ou controversos. Mas sempre com a meta de fazer chegar a um número maior de pessoas textos, informações e ideias que não circulam pelo PiG. Ou quando circulam vêm distorcidos com ironia, comentários ou análises marcadas por uma leitura parcial e, muitas vezes, grotescas.

Vamos, então, ao texto que elegi hoje:

Estadão consegue agredir, em editorial, o Governo, os empresários e os trabalhadores!!! Para o jornal, a união dessa gente só pode acabar em "promiscuidade"!!! Sobrou alguém, Estadão???

Fiesp, Força Sindical e CUT lançaram uma agenda desenvolvimentista dando apoio ou cobrando diversas ações, dentre as quais:
Redução dos juros;

Ampliação do prazo de recolhimento dos tributos;

Desoneração da folha de pagamentos;

Barreiras à entrada de capitais especulativos, etc.
É claro, pode-se discordar ou não de cada uma das medidas propostas, mas afirmar que a junção destas entidades com o governo formam uma "Promiscuidade tripartite" é de uma grosseria sem noção. E não precisaremos nem entrar no texto para mostrar como o Estadão foi infeliz, mas foi Estadão, em seu editorial publicado ontem, dia 25/05/2011, bastando apenas reproduzirmos o título do editorial:
Promiscuidade tripartite!!!(as exclamações são do Pentelhão)
Na verdade, o que incomodou o jornal foi que a agenda não incorpora o mantra maior dos neoliberais: cortar gastos, cortar gastos e cortar gastos!!! Traduzindo, congelar salários e cortar os programas sociais, principalmente, mas não somente, os programas de transferência de renda. Vejam o último parágrafo do editorial em que o jornal aproveita para detonar mais uma grosseria, insinuando que os trabalhadores e os empresários seriam um bando de esfomeados sem educação:
Para aliviar a carga de impostos, investir mais e favorecer os ganhos de competitividade, o governo terá de rever seus gastos, eliminar desperdícios e cortar subsídios injustificáveis. Para fortalecer a economia, precisará ser austero e desagradar a grupos. Discutir austeridade em câmaras setoriais é como propor moderação aos convivas de um banquete.
Abraços, Passarinho Pentelhão.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

70% do que os brasileiros comem vem da agricultura familiar (26mai2011)

Quando se fala em reforma agrária, muita gente se arrepia. Hoje o chique é o agrobusiness. Monoculturas extensivas e com alta concentração de fertilizantes e defensivos agrícolas são alardeadas como a solução ideal para o nosso desenvolvimento. Mas, como se vê na matéria a seguir, que reproduzo do sítio da Fiocruz - Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, que foi publicada em 24 de março de 2011, de autoria de Raquel Júnia, há alternativas viáveis e, eu diria, necessárias. Alternativas inclusivas e que apontam para a redução das desigualdades, principalmente na posse de terras produtivas.

Agronegócio não garante segurança alimentar

Por Raquel Júnia - Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, 70% do que comem os brasileiros vem da agricultura familiar

No Assentamento Americana, no município de Grão Mogol, região norte de Minas Gerais, há de tudo um pouco - hortaliças, legumes, frutas, frutos típicos do bioma cerrado que cobre a região, criação de animais. De acordo com o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA NM), que presta assessoria aos assentados desde o início da ocupação da área, tecnicamente o que está sendo desenvolvido na região é o que se chama de sistemas agroflorestais e silvipastoris - ou seja, a conciliação de atividades agrícolas com a criação de animais e o extrativismo, de forma a garantir a preservação do bioma cerrado e também a produção de alimentos saudáveis.  A situação dos moradores do assentamento Americana, onde, segundo eles próprios, "há de tudo um pouco", é um exemplo de como a agricultura familiar, sobretudo a prática agroecológica, podem garantir a segurança e a soberania alimentar.

Mas o que significa segurança alimentar? De acordo com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão consultivo ligado à Presidência da República, a concretização da segurança alimentar "consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis". Outra característica da produção em Americana que garante a segurança alimentar da população é que, além da diversidade de produtos e da convivência com o meio ambiente, os agricultores praticam a agroecologia - um conjunto de princípios que balizam a agricultura, entre eles a não utilização de agrotóxicos. A EPSJV participou da visita ao assentamento Americana durante a programação da Oficina Territorial de Diálogos e Convergências do Norte de Minas, que reuniu experiências dos agricultores familiares locais como etapa preparatória a um encontro nacional.


Na mesa dos brasileiros: resultados da agricultura familiar

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), é a agricultura familiar a grande responsável pela alimentação da população brasileira, garantindo em torno de 70% do que é consumido. "É a agricultura familiar que produz feijão, arroz, leite, verdura, é a produção diversificada que consumimos todos os dias. Tem uma importância muito forte para a segurança alimentar e também para a soberania alimentar", afirma o secretário nacional de agricultura familiar do MDA Laudemir Muller. Ele diz que a produção da agricultura familiar tem crescido muito, acompanhando o consumo de alimentos, que também aumentou. Laudemir explica que a soberania alimentar também é garantida com este modelo de agricultura. "É a agricultura familiar que preserva as tradições, que tem uma produção diversificada, que mantêm a tradição das sementes. Então, na escolha do que nós comemos, a agricultura familiar é o grande bastião dessa diversidade, seja dos povos da floresta, do cerrado, dos grupos de mulheres", comenta.

Entretanto, dados do próprio Consea mostram que o agronegócio cresce mais do que a agricultura familiar e, de acordo os participantes da Oficina Territorial de Diálogos e Convergências do Norte de Minas , este modelo de produção tem ameaçado a segurança e a soberania alimentar do país por vários motivos. Entre os problemas do agronegócio estão a concentração de terras e a consequentemente a diminuição das áreas destinadas à agricultura familiar; a baixa diversidade de produção, pois há regiões inteiras com apenas uma espécie plantada - como as monoculturas de eucalipto, cana de açúcar e soja; e a utilização de tecnologias como a dos agrotóxicos e transgênicos, que apresentam um risco para a saúde.

Um relatório do Consea lançado no final de 2010, que avalia desde a Constituição de 1988 até a atualidade a segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil, apresenta dados que confirmam este problema. De acordo com o estudo, o ritmo de crescimento da produção agrícola destinada à exportação é muito maior do que para o consumo interno. "A área plantada dos grandes monocultivos avançou consideravelmente em relação à área ocupada pelas culturas de menor porte, mais comumente direcionadas ao abastecimento interno. Apenas quatro culturas de larga escala (milho, soja, cana e algodão) ocupavam, em 1990, quase o dobro da área total ocupada por outros 21 cultivos. Entre 1990 e 2009, a distância entre a área plantada dos monocultivos e estas mesmas 21 culturas aumentou 125%, sendo que a área plantada destas últimas retrocedeu em relação a 1990. A monocultura cresceu não só pela expansão da fronteira agrícola, mas também pela incorporação de áreas destinadas a outros cultivos", diz o documento.

O relatório também faz um alerta sobre o uso de agrotóxicos. "O pacote tecnológico aplicado nas monoculturas em franca expansão levou o Brasil a ser o maior mercado de agrotóxicos do mundo. Entre as culturas que mais os utilizam estão a soja, o milho, a cana, o algodão e os citros. Entre 2000 e 2007, a importação de agrotóxicos aumentou 207%. O Brasil concentra 84% das vendas de agrotóxicos da América Latina e existem 107 empresas com permissão para utilizar insumos banidos em diversos países. Os registros das intoxicações aumentaram na mesma proporção em que cresceram as vendas dos pesticidas no período 1992-2000. Mais de 50% dos produtores rurais que manuseiam estes produtos apresentam algum sinal de intoxicação", denuncia o Consea.

Para a presidente do Conselho Federal de Nutricionistas, Rosane Nascimento, não é necessário que o Brasil lance mão de práticas baseadas no uso de agrotóxicos e mudanças genéticas para alimentar a população. "Estamos cansados de saber que o Brasil produz alimento mais do que suficiente para alimentar a sua população e este tipo de artifício não é necessário. A lógica dessa utilização é a do capital em detrimento do respeito ao cidadão e do direito que ele tem de se alimentar com qualidade", protesta. Ela explica por que os transgênicos ameaçam a soberania alimentar. "O alimento transgênico foi modificado na sua genética e gerou uma dependência de um produto para ser produzido, então não é soberano porque irá depender de uma indústria de sementes para produzir aquele alimento, quando na verdade ele deve ser crioulo, natural daquela região, daquela localidade, respeitar os princípios da soberania", afirma.

Enquanto o MDA aposta na agricultura familiar e procura desenvolver políticas públicas para fortalecer esta atividade, segundo afirma o próprio ministério, outro ministério - o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), aposta no agronegócio. O MAPA confirma, por meio da assessoria de imprensa, o alto desempenho da agricultura para exportação no Brasil. "O Brasil alcançou recorde nas exportações brasileiras do agronegócio nos últimos 12 meses. O número chegou a US$ 78,439 bilhões, um valor 19,8% acima do exportado no mesmo período do ano passado (US$ 65,460 bilhões)", afirma o ministério. Segundo dados do MAPA, em janeiro de 2011, a exportação de carnes foi a mais lucrativa, seguida pelos produtos do complexo sucroalcooleiro (açúcar e álcool), produtos florestais (que incluem borracha, celulose e madeira), café e o complexo soja (farelo, óleo e grãos).

Questionado sobre o uso abusivo de agrotóxicos na agricultura brasileira, o MAPA responde: "O que podemos dizer é que em 2010, os fiscais federais agropecuários do Ministério da Agricultura analisaram 650 marcas de agrotóxicos, em 197 indústrias do país. Do total, 74 produtos apresentaram irregularidades, o que representou 428,9 toneladas apreendidas. O resultado aponta que 88,6% dos agrotóxicos estavam dentro dos padrões". E continua: "O papel do Ministério da Agricultura é assegurar que os agrotóxicos sejam produzidos por empresas registradas e entrem no mercado da forma que consta no registro. Fazemos a fiscalização para verificar, desde a qualidade química do produto até o processo de fabricação e rotulagem".

Já o MDA alerta que a monocultura de uma forma exagerada, com grandes proporções, pode trazer problemas. "O ministério tem trabalhado para apoiar  e viabilizar, com políticas públicas, este modelo de agricultura familiar, que é um modelo diversificado. Nós não achamos interessante a monocultura, seja a grande monocultura ou a pequena monocultura. Para a nós a diversidade é muito importante. Para nós, o modelo mais adequado e mais necessário para o país é o da agricultura familiar", reforça Laudemir Muller. O secretário destaca também que é um entusiasta da agroecologia. "Nós sabemos que infelizmente o país está com este título (de maior consumidor de agrotóxicos do mundo), e isso é uma das conseqüências da expansão da monocultura em nosso país. É preciso apoiar firmemente quem quer produzir de uma forma agroecológica", diz.


Populações tradicionais e indígenas correm mais risco

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), as populações indígenas e quilombolas são as que mais sofrem com a insegurança alimentar e nutricional. O relatório elaborado pelo Consea critica a demora na demarcação das terras indígenas e quilombolas, o que prejudica o direito a alimentação adequada. "Verifica-se que a morosidade para a demarcação das terras indígenas tem impactado negativamente a realização do direito humano à alimentação adequada dos povos indígenas, desrespeitando a forte vinculação entre o acesso à terra e a preservação dos hábitos culturais e alimentares desses povos", diz o documento.

A secretária nacional de segurança alimentar e nutricional do MDS, Maya Takagi, afirma, por exemplo, que os índices de crianças com baixa estatura em relação à idade é maior nas comunidades indígenas e quilombolas, situação decorrente da quantidade insuficiente de alimentos. "Nesses grupos específicos ainda temos o problema da quantidade de alimentos. Mas nosso desafio é também o da qualidade, conseguir ofertar alimentos de maior qualidade, de forma que as famílias de modo geral possam se alimentar de produtos saudáveis e naturais. Então, temos ainda um problema duplo, com o problema da quantidade mais localizado por grupos e regiões", descreve.

Maya cita os dados presentes no próprio relatório do Consea, segundo o qual 6,7% da população brasileira de crianças abaixo de cinco anos sofre com problemas de insegurança alimentar. Indicadores, segundo ela, considerados aceitáveis internacionalmente. Entretanto, o problema se agrava quando o dado é analisado por região e por grupos. A região norte é a que apresenta mais risco com 14,8% da população infantil sofrendo insegurança alimentar, o índice é de 26% na população indígena, 15% entre os quilombolas e 15,9% entre as famílias mais pobres.  No caso dos adultos, o déficit de peso brasileiro diminuiu: passou de 4,4% em 1989 para 1,8% em 2010. Maya considera que é necessário haver muitas políticas públicas para resolver a situação. "Regularização fundiária, acesso à terra, apoio para a produção, banco de sementes, assistência técnica, políticas de proteção social. Um conjunto grande de políticas", elenca.


11,2 milhões de pessoas com insegurança alimentar grave

O estudo do Consea mostra que os desafios para ser alcançada a segurança alimentar no Brasil ainda são grandes. "Em 2009, a proporção de domicílios com segurança alimentar foi estimada em 69,8%, com insegurança alimentar leve 18,7%, com insegurança alimentar moderada 6,5% e com insegurança alimentar grave 5,0%. Esta última situação atingia 11,2 milhões de pessoas".

O relatório também afirma que há diferenças na alimentação dos mais pobres e mais ricos. "Comparando-se a maior e menor faixa de rendimento, a participação dos alimentos é 1,5 vezes maior para carnes, 3 vezes maior para leite e derivados, quase 6 vezes maior para frutas e 3 vezes maior para verduras e legumes, entre os mais ricos. Além dessas diferenças, também ocorre maior consumo de condimentos, refeições prontas e bebidas alcoólicas à medida em que ocorre o crescimento da renda".

No assentamento Americana, onde não se pode dizer que as pessoas tenham alto poder aquisitivo, um almoço foi preparado pelos camponeses do local para receber os visitantes. Nas grandes panelas em cima do fogão à lenha, havia feijão andu - uma das quatro espécies de feijão produzidas no local - com farinha, arroz, carne de porco, mandioca e couve temperada com óleo de pequi. Para acompanhar, três tipos de suco de frutas e, de sobremesa, marmelada. De tudo o que foi servido, apenas o arroz não foi produzido na localidade. No entorno do assentamento, há muitas terras destinadas à monocultura do eucalipto. "Conseguimos avançar bastante e entendemos que para termos uma vida digna é preciso ter alimentação, educação e saúde", aposta Aparecido de Souza, assentado do local e diretor do Grupo Extrativista (do Cerrado, uma organização criada pelos moradores.

Para Rosane Nascimento, outro desafio é também garantir uma mudança no perfil de consumo de alimentos. "A pesquisa de orçamento familiar do IBGE corrobora uma tendência crescente do surgimento das doenças crônico-degenerativas, tais como diabetes, hipertensão, obesidade. São doenças causadas principalmente por uma má alimentação e estilos de vida não saudável. Com o crescimento econômico e uma possibilidade de promover o acesso a essa alimentação, temos uma classe que aumentou o acesso em termos de consumo mas isso não foi associado a uma boa escolha dos alimentos que estão indo para a sua mesa", analisa, destacando, entretanto, que o problema da obesidade está em todas as classes. A nutricionista acredita que deve haver políticas públicas que ataquem o problema.

Lúcio Moreira, também morador do assentamento Americana, diz que na comunidade já há uma conscientização quanto a isso. "Não trazemos mais tanto refrigerante e dizemos para as pessoas que muitas vezes elas consomem veneno quando compram no supermercado", diz.

Dois modelos em disputa no Cerrado: agroecologia e agronegócio (26mai2011)

Esta notícia encontra-se publicada na página da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio - FIOCRUZ, datada de 24 de março de 2011. É a sustentabilidade em questão.

Por Raquel Júnia - Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
Fotos: Lívia Duarte/Agência Pulsar e Raquel Júnia

Populações tradicionais se mobilizam pelo direito à terra e a uma produção que respeite o meio ambiente e promova a saúde


Durante os dias 15, 16 e 17 de março, geraizeiros , quilombolas, indígenas, pesquisadores, agrônomos, comunicadores e militantes de movimentos sociais participaram da Oficina Territorial Diálogos e Convergências do Norte de Minas Gerais, na cidade de Montezuma (MG). A exemplo das atividades já realizadas no pólo de Borborema, na Paraíba, e no Planalto Serrano de Santa Catarina, a oficina teve com objetivo promover um diálogo entre as experiências agroecológicas da região na preparação para o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências: Agroecologia, Saúde e Justiça Ambiental, Soberania Alimentar e Economia Solidária, previsto para acontecer ainda no primeiro semestre de 2011.

Os participantes da oficina conheceram no primeiro dia as experiências de duas comunidades - a de Americana, uma área de assentamento, e a de Vereda Funda, cuja população está conquistando o reconhecimento do direito à terra que já ocupam historicamente.

A história do assentamento Americana começa com a reivindicação de camponeses da região de que a área seja destinada para a reforma agrária, quando descobrem que a terra estava indo a leilão. Diante da reivindicação, o Incra chegou a avaliar que a terra não poderia ser destinada a assentamento por se tratar de uma área de brejo e, consequentemente, com poucas possibilidades de cultivo. Na década de 80, o processo de desmatamento da área avançou muito, inclusive para alimentar as carvoarias da região. Mas quem visita hoje o assentamento Americana não entende as considerações do Incra, já que a variedade de alimentos decorrente da produção e do extrativismo é notável. Os camponeses ocuparam a terra em 2000, com a argumentação de que era possível viver e trabalhar ali, e com a ajuda do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA NM) construíram um laudo provando o contrário do que o Incra dizia. Um ano depois, o instituto realizou a desapropriação da área e as 76 famílias que hoje vivem no local. Dez anos depois de criado o assentamento, as famílias não receberam sequer o crédito de habitação, para a construção das casas.


Mas a falta de apoio do poder público não intimida alguns assentados, que construíram as casas mesmo sem recursos do governo e exigem que, embora tarde, os recursos públicos venham para os ajudarem a implementar os avanços necessários. O agricultor Aparecido de Souza, diretor da cooperativa Grande Sertão, criada pelos assentados, conta que o assentamento foi criado com uma proposta baseada no modo de vida dos povos tradicionais da região, chamados de geraizeiros, trabalhando o uso e o manejo sustentável do cerrado. Ele diz que os assentados estão tendo que passar por um processo de sensibilização. "Hoje o pessoal está mais sensibilizado, mas não é fácil porque muitos passaram a vida toda morando com fazendeiros e fazendo carvão, então, só sabem fazer carvão", diz. Os resultados desse processo já são visíveis: passeando pela área é possível ver que bem próximo às árvores típicas do cerrado, como o pé de pequi, estão plantadas várias espécies de milho, feijão, abacaxi, mandioca. Em cima da mesa da casa de Aparecido, onde o grupo que participava da oficina foi recepcionado, estavam à mostra as frutas típicas do cerrado e o aproveitamento delas, como os óleos de pequi e rufão, dois frutos ricos em nutrientes e, especialmente o último, com muitas propriedades medicinais, e também ervas medicinais cultivadas pelos assentados como a carqueja e o pau fede. Como forma de se organizarem, os assentados criaram também o Grupo Extrativista do Cerrado que é responsável por manter viva a concepção do assentamento baseada no agroextrativismo.


A cooperativa Grande Sertão está construindo, com o auxílio técnico e financeiro de outras organizações, uma agroindústria no local, que deve ficar pronta até o mês de julho. A construção já está avançada e a proposta é de que neste local consiga produzir mais e melhor os óleos, farinhas e doces dos frutos do cerrado. Eles planejam que na agroindustria haja espaço também para um banco de sementes e um salão de eventos. Os assentados contam que a estrutura atenderá às famílias do Grupo Extrativista do Cerrado e também de outras comunidades próximas. "Mas para vir terá que trabalhar com agroecologia", alertam os agricultores.

Luta contra a monocultura e pela água em Vereda Funda

O entorno da comunidade Vereda Funda, no município de Rio Pardo de Minas, também no norte de Minas Gerais, está cercado por plantações de eucalipto. Ao todo, os eucaliptos dominam cerca de 15 mil hectares. Até pouco tempo, as terras da comunidade, onde hoje volta a nascer o Cerrado, também serviram à monocultura. Os moradores contam que no final da década de 70, durante a ditadura civil-militar, é que a terra começou a ser ocupada por empresas que plantavam eucalipto. Mas, após alguns anos do cultivo, a população foi percebendo os prejuízos: cerca de sete nascentes secaram totalmente ou não tinham mais força para fazer a água chegar até o rio, as formigas invadiram os quintais e houve muita erosão - as consequências do monocultivo da árvore. "Passou a faltar água até para fazer comida. Tivemos que tirar água barrenta da cisterna e ela teve que ser coada em pano três vezes antes de ser consumida", lembra o morador da comunidade e diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Pardo de Minas Elmy Soares. Ele conta que a situação se agravou de tal forma que as famílias tiveram que ser abastecidas de água com caminhão pipa.


Diante das dificuldades, a população de Vereda Funda resolveu que daquele jeito não dava mais para continuar. Refletiram conjuntamente que a abundância de alimentos que tinham antes e formas de plantios que passaram de geração para geração, como o cultivo de café sombreado (na sombra dos quintais das casas), estava se perdendo. Muitos moradores antigos da região já tinham ido embora do lugar e até um rio (o rio da Ponte Grande) havia secado. Com a ajuda de pesquisadores e organizações como o CAA, conseguiram saber que o contrato que a empresa plantadora de eucalipto tinha feito com o governo do estado estava terminando e iniciaram uma grande batalha para retomar a terra que era deles há mais de um século. "Uma hora nós pensamos: estamos aqui só rezando e o que vamos fazer? Descobrimos que o contrato vencia em 2003 e que a terra era do estado, então era mais fácil. Aí já tinham cortado o eucalipto, estavam começando a plantar de novo e tínhamos que impedir", relata Elmy.

Daí em diante os moradores começam a se organizar mais fortemente, e a receber ajuda de movimentos sociais como o MST. Depois de alguns anos de mobilizações, audiências públicas e ocupações, conseguiram a terra de volta. Pelo relato de Elmy é possível perceber que o processo não foi fácil. "Construímos um grande rancho de pindoba, muito bonito, para fazer as reuniões, mas tacaram fogo no rancho. Construímos de novo e, pela segunda vez, colocaram fogo. Por fim, desistimos e fizemos as reuniões em uma casa mesmo", lembra.

Apenas quatro anos depois, em 2009, é que a Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou uma lei que destina partes das terras da comunidade Vereda Funda para o Incra. Posteriormente, a área deve virar um assentamento para a população que lá reside, o que não aconteceu até hoje. Mas mesmo sem o título de propriedade da terra, os moradores de Vereda Funda já começaram a trabalhar para que o Cerrado volte a nascer na região, embora reconheçam que ainda há muito trabalho pela frente. Foram os próprios camponeses de Vereda Funda que demarcaram a terra que é deles há muitos anos. Apenas parte do que foi reconhecido como área total da comunidade foi destinada a eles. Das terras da Vereda Funda, onde os moradores também estão construindo uma sede para ajudar no beneficiamento da produção, é possível ver o contraste entre a área de cerrado que já está crescendo e a monocultura do eucalipto, bem próxima dali. Um exemplo da regeneração do bioma é a quantidade de animais que voltou a aparecer - pacas, tatus e até lobo guará, que tipicamente habitam o cerrado. Elmy explica que há "bicho até demais", porque a Vereda Funda agora é praticamente o único lugar da região que oferece a biodiversidade necessária para estes animais sobreviverem.

O agricultor relata que com os anos de plantação de eucalipto o desenvolvimento dos cultivos ficou prejudicado, pois há excesso de formigas e a terra sofreu muita erosão."O nosso sonho maior de recuperar as nascentes já está acontecendo. Todas elas já tem água de novo. As chácaras de café estão voltando e a maioria das famílias já vende de novo um pouquinho de café", relata o agricultor, orgulhoso. Arcilo dos Santos, também geraizeiro da Vereda Funda, conta que naquele mesmo dia havia plantado várias sementes de Ingá - uma arvore grande - para "sombrear" toda a área dele e expandir o cultivo do café sombreado. Ele também comemora a volta da água: "Não vai ter mais aquele ‘aguão' disparado que tinha antes, mas a água vai voltar", completa, no jeito de falar dos geraizeiros.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Começa a campanha (via PiG) para reduzir salários (25mai2011)

Postagem do blog do Passarinho Pentelhão feita hoje.

Estadão defende arrocho salarial para combater a inflação!!! E, junto com O Globo, já conspira até mesmo contra a política de recomposição do valor do salário mínimo!!! Que maldade, PIG!!!

Pentelhão adora quando os editorialistas do PIG confessam seus desejos mais profundos. Embora faça parte do ideário neoliberal o mote de que aumentar o salário dos trabalhadores ou simplesmente repor a inflação passada gera inflação, não é todo dia que vemos uma instituição empresarial assumir com todas as letras este crime de lesa pátria. Foi o caso do jornal O Estado de S. Paulo em seu editorial econômico da página B2 de ontem, dia 24/05/2011, intitulado "No contexto atual, redução de consumo é improvável". Vejam o trecho final:
A tentativa do governo de conseguir uma desvalorização do real até agora não teve grande efeito, o que significa que os produtos importados continuarão com preços atrativos.
A redução do crédito parece ter surtido efeito nas vendas a prestações, porém, além do uso dos cartões de crédito, registrou-se uma elevação do uso do cheque (inclusive cheque pré-datado), que procura amenizar as restrições impostas pelo BC.
Somente uma redução da massa salarial poderia afetar a economia.
Todo trabalhador deve refletir bem sobre o que esta declaração significa. E significa exatamente o que está escrito, ou seja, os empresários, Estadão é apenas mais um,  aproveitam qualquer oportunidade, o combate à inflação é apenas uma delas, para defender o arrocho salarial de modo a lucrarem cada vez mais. E a pergunta que fica é: e aí oposição, vai encarar??? Claro que não!!! Claro que não no discurso, porque quando esta oposição barulhenta que está por aí, liderada pelos tucanos, governou o país recentemente, promoveu exatamente arrocho salarial total para os servidores federais, seja não repondo durante anos a inflação, seja ignorando completamente os Planos de Cargos e Salários de cada categoria, finalmente implementados durante o governo dos trabalhadores.

O trabalhador deve refletir também sobre o que aconteceria com seu salário na empresa privada se não existissem os Sindicatos, que o PIG tenta espertamente propagar que não servem para nada. Será que o patrão lhe daria aumento anual ou mesmo apenas a reposição da inflação com o pensamento na cabeça de que o aumento da massa salarial é prejudicial para a economia??? Chance zero!!!

Ora, querido Estadão, o que o Brasil vivenciou nos últimos anos é a comprovação de que a tese de vocês não passa de uma tática oportunista na defesa de seus interesses comerciais. Sim, somente com aumento da massa salarial, temos aumento do consumo, da produção e, por fim, dos investimentos, e o aumento dos investimentos na produção é a única forma honesta de se combater a inflação. A tática fácil e covarde de se combater a inflação com arrocho e desemprego, defendida pelo PIG e praticada pelos tucanos naqueles terríveis anos em que governaram o país, nunca mais será a opção do povo brasileiro.

E tem mais!!! Nem o salário mínimo escapa da maldade dessa gente. Sim, eles querem estender o arrocho no salário dos trabalhadores, O Globo e Estadão em particular, até mesmo para o salário mínimo. Sabe aquela lei que acabou de ser aprovada no final do ano passado pelo congresso e que garante aos que recebem o salário mínimo a reposição da inflação do ano anterior mais o resultado do PIB de dois anos atrás??? Vejam o que tem a dizer os dois jornais citados:

Trecho do editorial do jornal O Globo de 09/03/2011 discutindo a política de reajuste do salário mínimo:
Na legislatura passada, o Congresso seguiu essa fórmula, mas não a transformou em lei, iniciativa que agora a presidente Dilma resolveu pôr em prática, obtendo a sua primeira grande vitória na Câmara e no Senado. A fórmula tem prazo de validade (até 2015), o que é correto, pois chegará o momento que a indução do salário mínimo poderá se transformar em uma armadilha contra o próprio esforço de redução da pobreza, ao fomentar a indexação, além de conflitar com a evolução do mercado de trabalho. Vale observar que ainda há 13 milhões de famílias dependentes de subvenções mensais do programa Bolsa Família e que somente ultrapassarão de fato a linha da pobreza quando estiveram inseridas em atividades econômicas viáveis. A fórmula de reajuste do salário mínimo deve ser vista mesmo como uma solução apenas temporária, com data para terminar.
Trecho do editorial do Estadão de 12/04/2011, intitulado "O salário mínimo de 2012 exige medidas preventivas":
Numa visão prospectiva, podemos considerar que apenas uma forte redução dos gastos do governo poderá impedir que o novo salário mínimo se transforme em outro foco inflacionista. Naturalmente, o ideal seria reformar uma lei que na prática criou um sistema de indexação, e, pior, baseado no crescimento de dois anos atrás - mas, evidentemente, não pensamos que haja clima para isso num Congresso dominado pelo PT.
Parece inacreditável a cara de pau dessa gente em ir sempre contra os interesses dos trabalhadores, mas é a mais pura realidade. Se eles puderem tirar uma caixa de leite da mesa de uma família brasileira não pensam duas vezes. Isso é o neoliberalismo.

E aí, tem alguém com saudades do PSDB???

Abraços, Passarinho Pentelhão.

Jornalismo de pocilga. A Folha, como de costume... (25mai2011)


O blog O Terror do Nordeste publica postagem intitulada Jornalismo de pocilga:
"Publica a Folha de São Paulo de hoje: Amigo de Lula é investigado por desvio .Ora, puta que pariu! O que Lula tem a ver com malfeito praticado por um amigo seu?..."

Mato Grosso vai pedir ao BC para coibir crédito a desmatadores (25mai2011)

Por Leonardo Goy

SINOP, Mato Grosso (Reuters) - O governo de Mato Grosso vai encaminhar ao Banco Central a relação das propriedades onde ocorreram desmatamentos ilegais "para coibir os financiamentos nessas áreas", disse na quarta-feira o governador do Estado, Silval Barbosa (PMDB).

O governador acompanhou a visita que a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, fez ao Estado para vistoriar ações de combate ao desmatamento. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também esteve presente.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre março e abril deste ano foram desmatados 480 quilômetros quadrados em Mato Grosso, 80 por cento de todo o desmate registrado no período na Amazônia Legal.

Nos mesmos dois meses do ano passado, haviam sido desmatados 76 quilômetros quadrados em Mato Grosso.

Uma fonte do governo que falou sob a condição de anonimato disse que o crescimento do desmatamento no Estado mesmo em período de chuva - o que seria atípico - deve-se à expectativa de anistia pelo novo Código Florestal, aprovado na Câmara na terça-feira, e também às regras de zoneamento no Estado.

Em entrevista coletiva, o governador disse que o zoneamento rural de Mato Grosso "é mais restritivo do que o código florestal aprovado".

As autoridades do governo federal que investigam o aumento do desmatamento notaram alguns comportamentos raros no Estado. Em primeiro lugar, a concentração da atividade em um ou dois meses, em plena época de chuva, e, além disso, o uso do "correntão".

Essa prática, combatida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), consiste no uso de pesadas correntes --semelhantes às usadas para atracar navios-- para derrubar a mata com o auxílio de tratores.


Exército e polícia

Pelo menos até julho, cerca de 500 agentes do Ibama deverão permanecer em Mato Grosso combatendo os desmatamentos ilegais.

Segundo Cardozo, serão ainda deslocados para o Estado 153 homens da Força Nacional de Segurança, 10 delegados da Polícia Federal e 40 homens da Polícia Rodoviária Federal.

O Ibama solicitou ao Exército a instalação de quatro bases de apoio logístico em diferentes regiões de Mato Grosso para facilitar a apreensão de tratores, máquinas e toras.

Uma fonte do governo que pediu anonimato disse que, dessa vez, não serão mais feitos leilões das colheitas ou cabeças de gado encontrados em áreas desmatadas ilegalmente. A ideia será doar esses bens para o Exército para evitar que, nos leilões, os desmatadores ilegais consigam comprar, por meio de "laranjas", o que foi confiscado.

Na sede do Ibama em Sinop, a ministra Izabella ouviu do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, Rui Prado, o compromisso de zerar o desmatamento ilegal no Estado até o fim do ano.

Prado reconheceu que há comportamento ilegal por parte de alguns produtores e que as associações que integram sua federação vão descredenciá-los.

Ele, porém, disse que a demora na liberação de licenças para desmate pode ter contribuído para o avanço do comportamento ilegal.

"Como o órgão ambiental tem represado as licenças, alguns produtores que protocolaram os pedidos não esperaram, foram a campo e desmataram, o que nós não aprovamos", afirmou.

Ruralistas comemoram morte de extrativista com vaia (25mai2011)

O dia que deputados petistas e do PCdoB votaram com esta gente

O título diz tudo...
O extrativista Zé Claudio tinha sua rotina marcada por uma luta quase corporal pela castanheira, árvore da qual tirava seu sustento. Às dez horas da manhã de 24 de maio (ontem), foi morto a tiros em uma emboscada, no ramal que levava à sua casa. Sua mulher, Maria do Espírito Santo da Silva também foi morta nessa emboscada.

Agilidade do Poder Judiciário para prender os ricos (25mai2011)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Pão e circo (24mai2011)

Conversei exatamente sobre isso com alguns alunos hoje, depois da palestra da Semana de Estudos Geológicos. Se eles lerem, verão o que tentei dizer, mas aqui Xavier Caño Tamayo o faz com mais clareza e boa exemplificação.

Do sítio Com Texto Livre: Pão e circo
"No século I, durante o Império Romano, o poeta Juvenal escreveu em uma de suas obras a expressão panem et circenses: pão e jogos do circo. É uma frase pejorativa que ironiza a prática dos imperadores romanos que, para manter tranqüila a população e ocultar suas canalhadas, proporcionavam ao povo alimento e diversão grátis: presenteavam o populacho com trigo, pão e entradas para os jogos circenses (corridas de bigas, lutas de gladiadores e outros). Assim, mantinham o povo distraído e longe da política. Em nossos dias, para referir-se a tal prática governamental, antes se dizia “pão e touros” e, durante a ditadura franquista, “pão e futebol”

(....)"

A moda agora é ser reaça (24mai2011)

Postagem de Marcelo Rubens Paiva em seu blog, datada de 23 de maio de 2011.

Bom tema para reflexões sobre os rumos que nossa sociedade vem tomando:

A moda do reaça

Como comentou uma leitora, Natália, no post anterior:
Cara, acho tão engraçada essa mania das pessoas de falarem com orgulho que são “politicamente incorretas” quando dizem absurdos… o sujeito vem, fala um monte de merda e diz que faz isso porque é inteligente (é um livre pensador, não segue o pensamento burro e dirigido das massas, etc) e porque não liga de ser “politicamente incorreto” porque afinal esse é o certo, a sociedade de hoje que está deturpada.
Eu tinha pensado na mesma coisa.

O governador e o secretário municipal de segurança reconheceram que tanto a PM quanto a Guarda Municipal exageraram na repressão à MARCHA DA MACONHA, que virou MARCHA PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Alckmin chegou a dizer que não compactua com a ação da PM na Marcha.

Mas muitos leitores e alguns blogueiros continuam achando que o certo mesmo era enfiar o cacete nos manifestantes.


PMs que tiraram a identificação, para baterem numa boa.

A onda agora é ser bem REAÇA.

Se é humorista, e uma piada ultrapassa o limite do bom gosto, diz ser adepto do ideal do politicamente incorreto.

Que babaca é fazer censura contra intolerância.

Pode zoar com judeu, gay, falar palavrão, é isso, viva a liberdade!

Se alguém defende a Marcha da Maconha, faz apologia, é vagabundo.

Se defende a descriminalização do aborto, é contra a vida.

Se aplaude a iniciativa da aprovação da união homossexual, quer enviadar o Brasil todo, país que se orgulha de ser bem macho, bem família!

Se defende a punição de torturadores, é porque pactua com terroristas que só queriam implodir o estado de direito e instituir a ditadura do proletariado.

Deu, né?

Esta DiogoMainardização da imprensa e da pequena burguesia brasileira tem um nome na minha terra: má educação.

Esta recusa ao pensamento humanista que ressurgiu após a leva de ditaduras que caiu como um dominó a partir dos anos 80 tem outro nome: neofascismo.

É legal ser de direita?

Tá bacana desprezar os movimentos sociais, aplaudir a repressão a eles?

Apesar de considerar o termo “politicamente correto”, do começo dos anos 90, a coisa mais fora de moda que existe, diante do que vejo e leio, afirmo: eu, aleijado com tendências esquerdizantes, não era, mas agora sou TOTALMENTE politicamente correto.

Foi uma semana marcada pelo protesto da gente diferenciada e gafes nas redes sociais, que têm 600 milhões de vigilantes no Facebook e 120 milhões no Twitter. Postaram:

Rafinha Bastos, no dia das mães: “Ae órfãos! Dia triste hoje, hein?”

Danilo Gentili, sobre os “velhos” de Higienópolis que temem uma estação de metrô: “A última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz”.

Amanda Régis, torcedora do Flamengo, time eliminado da Copa do Brasil pelo Ceará: “Esses nordestinos pardos, bugres, índios acham que têm moral, cambada de feios. Não é à toa que não gosto desse tipo de raça.”

Ed Motta, ao chegar em Curitiba: “O Sul do Brasil como é bom, tem dignidade isso aqui. Sim porque ooo povo feio o brasileiro rs. Em avião dá vontade chorar rs. Mas chega no Sul ou SP gente bonita compondo o ambiance rs.”

Quando um leitor replicou que Motta não era “um arquétipo de beleza”, ele respondeu que estava “num plano superior”. “Eu tenho pena de ignorantes como vc… Brasileiros…”, escreveu. “A cultura que eu vivo é a CULTURA superior. Melhor que a maioria ya know?”

E na MTV, a Casa dos Autistas, quadro humorístico, chocou pelo mau gosto.

Todos pediram desculpas depois. Danilo, um dos maiores humoristas de stand-up que já vi, recebeu telefonema do departamento comercial da Band, pedindo para tirar o comentário. Ed Motta se revoltou contra a imprensa. Pergunta se temos o direito de reproduzir seus escritos particulares.

A internet trouxe a incrível rapidez na troca de informações e espaço para exposição de ideias. Alguns se lambuzam. Dizem que são contra as patrulhas do politicamente correto.

Mas como ficam as domésticas ofendidas, os órfãos recentes, aqueles que perderam parentes em Auschwitz, os nordestinos e os pais de autistas?

Tomara que, depois do pensamento grego, democracia, Renascença, a revolução industrial e tecnológica nos iluminem. O preconceito não é apenas sintoma de ignorância, mas lapsos de um narcisista. Ele nunca vai acabar?

Enquanto no Itaú Cultural, um símbolo de excelência em apoio às artes e alta tecnologia, em plena Avenida Paulista, uma mãe foi expulsa por amamentar o filho em público na exposição do Leonilson, artista que sofreu inúmeros preconceitos, morto vítima da Aids.

Ou melhor, viadão que morreu da peste gay, porque era promíscuo, diriam os reaças.


Os ânimos estão acirrados.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A insustentável leveza do sistema financeiro internacional (23mai2011)

O que vou escrever aqui é somente fruto da necessidade que sinto de expressar minha solidariedade aos movimentos populares, às concentrações e acampamentos de manifestantes que, finalmente, surgem na Europa.

Professor, geólogo sem pretensões literárias, não sou expert em economia ou qualquer coisa parecida, mas sim um cidadão preocupado. Vou falar um pouco do Brasil e do período sombrio que vivemos sob o pleno domínio do neoliberalismo.

Fala-se muito em liberdade de expressão, e vou exercer a minha liberdade a partir de minhas percepções e perplexidades ante o momento ímpar que vivemos, com muitas mudanças acontecendo e outras que decorrerão delas em pouco tempo. Por isso desato a escrever.

A insurgência no mundo árabe já está sendo contornada pelo poder norte-americano e europeu. Agora fico aguardando para ver como eles vão lidar com as insurgências dentro de suas casas.

Dou-me ao atrevimento de fazer um alerta para os bravos manifestantes europeus, que estão acordando da anestesia da ideia única que floresceu por aqui, e no mundo todo, na década de 1990, em que o Brasil quebrou várias vezes, tendo que correr para o FMI, de pires na mão, suplicando por socorro.

Época terrível em que representantes do FMI entravam no Brasil feito Cleópatra entrando em Roma (pelo menos como aparece no famoso filme com Elizabeth Taylor). Vinham "tomar conta", ver se o país estava seguindo direitinho a receita amarga que agora estão empurrando para cima de vários países europeus.

Foi um período obscuro, de desemprego, desesperança, desilusão. E também de salvamento dos bancos com recursos públicos.

Os europeus querem voltar a sonhar com um futuro. No Brasil a possibilidade de sonhar com um futuro foi sendo brutalmente destruída pelo regime militar. Mas quando um PhD em Sociologia, do partido Social-Democrata assumiu o poder, muitos acreditaram (eu não!) que as coisas iriam melhorar.

Mas qual! O sujeito entregou nossas empresas estratégicas de eletricidade, mineração, comunicação (incluindo nossos satélites) etc., criando "agências reguladoras" e reduzindo o tamanho do Estado, deixando a governança para esse ser impessoal chamado mercado, que se supunha capaz de se auto-regular. Mercado que ganhou de mão beijada, praticamente de graça, uma empresa como a antiga estatal Vale do Rio Doce. Vendeu as principais e maiores estatais de produção e distribuição de energia elétrica, a Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel), e por aí vai.

O argumento era que a iniciativa privada era melhor preparada para gerir tais empreendimentos.

A Petrobrás foi partida em sua estrutura. Ouvi de um amigo geólogo a informação de que à época o presidente da Shell teria afirmado que a Petrobrás era uma empresa muito grande e que seria quase impossível ser comprada. Em seguida FHC começou a fatiar a empresa, o que viria a facilitar sua venda em pedaços. Chegou-se ao ponto de ser anunciado um novo nome para a Petrobrás: PETROBRAX. Um nome mais "palatável", mais comercial, mais vendável.

Nesse mesmo período a grande imprensa neoliberal foi brindada com uma série de desastres ambientais da Petrobrás, utilizados para enlamear o nome da empresa no imaginário popular e diminuir a resistência à sua venda. Terceirizações e cortes de investimentos eram impostos à empresa, buscando fragilizá-la (veja mais detalhes em um manifesto dos petroleiros).

Felizmente, no governo seguinte, em que um operário, metalúrgico, assumiu a presidência da República, essa ideia foi posta de lado, se bem que o monopólio sobre o petróleo já tivesse sido quebrado.

A Petrobrás é hoje uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, o que mostra que o Estado pode gerir muito bem empresas estratégicas. Por outro lado, a Petrobrás investe pesadamente na nacionalização dos equipamentos de que necessita. Os estaleiros brasileiros, que estavam em sua maioria falidos ou em vias de fechar, hoje se multiplicam, gerando empregos e desenvolvendo tecnologias. A Petrobrás é estratégica para o Brasil não somente pelo petróleo que pode produzir, mas por investir pesadamente no Brasil.

Já a privatizada Vale do Rio Doce, que passou a se chamar Vale, outra denominação mais palatável e vendável, teve crescimento brutal em seus lucros, que na verdade acompanhou ipsis literis a valorização das commodities no mercado mundial. A Vale é uma empresa que se centra praticamente na venda de em um só produto, o minério de ferro, para um só cliente, a China. Suas encomendas de navios, diferentemente da Petrobrás, foram feitas fora do Brasil, pois o fim maior da empresa privada é lucro. Não há envolvimento com o país.

Diante da possibilidade de crise internacional, em 2008, a Vale demitiu mais de mil funcionários, sem aguardar pelos efeitos da crise no Brasil. Foram mais de mil famílias deixadas à margem em nome da manutenção da margem de lucros. Os salários desses trabalhadores, no conjunto, deveria ser menor do que o salário do presidente da empresa, e possivelmente dos salários dos seus diretores.

O que vemos hoje é uma imensa lista de reclamações contra os serviços privatizados de telefonia, que abusam da paciência de qualquer cidadão. As agências reguladoras trabalham com viés dos interesses das empresas e não da população, seja no que tange a tarifas, seja no que tange a qualidade dos serviços.

Não afirmo que o Brasil seja a "oitava maravilha do mundo", mas que a coisa poderia ter sido bem pior se o PSDB tivesse continuado no poder, ah!, nisso eu acredito mesmo.

Portanto, amigos europeus, não engulam as receitas catastróficas.

Enfim, o capitalismo sempre se metamorfoseia para continuar se impondo, no imaginário de todos, como única possibilidade, e isso precisa ser revisto, para o bem da sobrevivência do homem na face desse planeta. Cooperação, fraternidade e solidariedade entre todos os povos devem predominar antes que seja muito tarde para a nossa geração e para as gerações vindouras.

Boa sorte ao #spanhisrevolution, e também a todos os movimentos populares no mundo que começam a enfrentar a opressão da classe política e do poder econômico. Paz para todos.

domingo, 22 de maio de 2011

Quatro frases que aumentam o nariz do Pinóquio (22mai2011)

Alerta: esse preâmbulo é meu. O texto do título da postagem vem lá embaixo, certo?

O mundo parece que está de ponta-cabeça. Entender discursos, suas entrelinhas, suas origens, suas intenções, seus autores, é tarefa hercúlea. Conceitos importantes vão sendo esfacelados. Há uma banalização conceitual, por exemplo, da palavra DEMOCRACIA. Ela é apresentada como essencial, mas é utilizada ao bel prazer de grupos de poder em cada instância de decisão, e em seu nome populações inteiras são submetidas a sacrifícios e desmandos.

Da mesma forma se tira substância do tema DEFESA DO MEIO AMBIENTE. O capital se apoderou do termo e o desqualifica a todo vapor, tentando transformá-lo em sinônimo de atraso, porque a verdadeira DEFESA DO MEIO AMBIENTE em geral atrapalha as grandes companhias a saciarem seu apetite pelos lucros sem controle.

Se o meio ambiente atrapalha, vamos caricaturá-lo, vamos nos vestir de verdes progressistas, nos apropriar do discurso dos ambientalistas, fazendo esse pessoal passar a ser conhecido como "os ecochatos".

Afinadíssimo com a percepção que se espalha pela população mundial - a Europa está em polvorosa, enfrentando as políticas antissociais dos governos submetidos às políticas, ainda, neoliberais da defesa dos detentores das riquezas mundiais, e, subsidiariamente, pelos detentores de arsenais bélicos -, o texto do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galenao, autor de "Veias abertas da América Latina", que encontrei em postagem de 17 de maio de 2011 no sítio Outras Palavras, é necessário à anãlise desse mundo de ponta-cabeça.

Galenao desnuda o discurso capitalista, político, midiático e mesmo de alguns "ambientalistas" sobre a defesa do meio ambiente.

Peço ao leitor que entenda que a globosfera é espaço para multiplicação de ideias. Sou mais um nó nessa rede, e entendo que se PELO MENOS pessoa vier a ler esse e outros textos que aqui reproduzo, e com eles puder repensar seus conceitos, sua visão de mundo, isso terá efeito multiplicador infinito, impossível de acompanhar e de controlar.

Isso não quer dizer que eu queira "fazer a cabeça" de ninguém. Expresso sempre que possível minha opinião e apresento ou indico textos instigantes. Cada pessoa vai se aproximar dos textos e, é claro, fazer sua própria leitura. O importante é instigar a argumentação, pró ou contra. É necessário sair da letargia de um cotidiano maquiado pela mídia, principalmente, e ver que o mundo está se transformando a uma velocidade absurda. Quero viver e participar dessa história. Quero ser sujeito, também, nesses processos.

Mas chega desse "cunversero" e vamos para o texto:

 

Quatro frases que aumentam o nariz do Pinóquio

A civilização que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o desenvolvimento, e o grandalhão com a grandeza, também confunde a natureza com a paisagem.


1- Somos todos culpados pela ruína do planeta.

A saúde do mundo está feito um caco. “Somos todos responsáveis”, clamam as vozes do alarme universal, e a generalização absolve: se somos todos responsáveis, ninguém é. Como coelhos, reproduzem-se os novos tecnocratas do meio ambiente. É a maior taxa de natalidade do mundo: os experts geram experts e mais experts que se ocupam de envolver o tema com o papel celofane da ambiguidade.

Eles fabricam a brumosa linguagem das exortações ao “sacrifício de todos” nas declarações dos governos e nos solenes acordos internacionais que ninguém cumpre. Estas cataratas de palavras – inundação que ameaça se converter em uma catástrofe ecológica comparável ao buraco na camada de ozônio – não se desencadeiam gratuitamente. A linguagem oficial asfixia a realidade para outorgar impunidade à sociedade de consumo, que é imposta como modelo em nome do desenvolvimento, e às grandes empresas que tiram proveito dele. Mas, as estatísticas confessam.

Os dados ocultos sob o palavreado revelam que 20% da humanidade comete 80% das agressões contra a natureza, crime que os assassinos chamam de suicídio, e é a humanidade inteira que paga as consequências da degradação da terra, da intoxicação do ar, do envenenamento da água, do enlouquecimento do clima e da dilapidação dos recursos naturais não-renováveis. A senhora Harlem Bruntland, que encabeça o governo da Noruega, comprovou recentemente que, se os 7 bilhões de habitantes do planeta consumissem o mesmo que os países desenvolvidos do Ocidente, “faltariam 10 planetas como o nosso para satisfazerem todas as suas necessidades”. Uma experiência impossível.

Mas, os governantes dos países do Sul que prometem o ingresso no Primeiro Mundo, mágico passaporte que nos fará, a todos, ricos e felizes, não deveriam ser só processados por calote. Não estão só pegando em nosso pé, não: esses governantes estão, além disso, cometendo o delito de apologia do crime. Porque este sistema de vida que se oferece como paraíso, fundado na exploração do próximo e na aniquilação da natureza, é o que está fazendo adoecer nosso corpo, está envenenando nossa alma e está deixando-nos sem mundo.


2- É verde aquilo que se pinta de verde.

Agora, os gigantes da indústria química fazem sua publicidade na cor verde, e o Banco Mundial lava sua imagem, repetindo a palavra ecologia em cada página de seus informes e tingindo de verde seus empréstimos. “Nas condições de nossos empréstimos há normas ambientais estritas”, esclarece o presidente da suprema instituição bancária do mundo. Somos todos ecologistas, até que alguma medida concreta limite a liberdade de contaminação.

Quando se aprovou, no Parlamento do Uruguai, uma tímida lei de defesa do meio-ambiente, as empresas que lançam veneno no ar e poluem as águas sacaram, subitamente, da recém-comprada máscara verde e gritaram sua verdade em termos que poderiam ser resumidos assim: “os defensores da natureza são advogados da pobreza, dedicados a sabotarem o desenvolvimento econômico e a espantarem o investimento estrangeiro.

O Banco Mundial, ao contrário, é o principal promotor da riqueza, do desenvolvimento e do investimento estrangeiro. Talvez, por reunir tantas virtudes, o Banco manipulará, junto à ONU, o recém-criado Fundo para o Meio-Ambiente Mundial. Este imposto à má consciência vai dispor de pouco dinheiro, 100 vezes menos do que haviam pedido os ecologistas, para financiar projetos que não destruam a natureza. Intenção inatacável, conclusão inevitável: se esses projetos requerem um fundo especial, o Banco Mundial está admitindo, de fato, que todos os seus demais projetos fazem um fraco favor ao meio-ambiente.

O Banco se chama Mundial, da mesma forma que o Fundo Monetário se chama Internacional, mas estes irmãos gêmeos vivem, cobram e decidem em Washington. Quem paga, manda, e a numerosa tecnocracia jamais cospe no prato em que come. Sendo, como é, o principal credor do chamado Terceiro Mundo, o Banco Mundial governa nossos escravizados países que, a título de serviço da dívida, pagam a seus credores externos 250 mil dólares por minuto, e lhes impõe sua política econômica, em função do dinheiro que concede ou promete.

A divinização do mercado, que compra cada vez menos e paga cada vez pior, permite abarrotar de mágicas bugigangas as grandes cidades do sul do mundo, drogadas pela religião do consumo, enquanto os campos se esgotam, poluem-se as águas que os alimentam, e uma crosta seca cobre os desertos que antes foram bosques.


3- Entre o capital e o trabalho, a ecologia é neutra.

Poder-se-á dizer qualquer coisa de Al Capone, mas ele era um cavalheiro: o bondoso Al sempre enviava flores aos velórios de suas vítimas… As empresas gigantes da indústria química, petroleira e automobilística pagaram boa parte dos gastos da Eco-92: a conferência internacional que se ocupou, no Rio de Janeiro, da agonia do planeta. E essa conferência, chamada de Reunião de Cúpula da Terra, não condenou as transnacionais que produzem contaminação e vivem dela, e nem sequer pronunciou uma palavra contra a ilimitada liberdade de comércio que torna possível a venda de veneno.

No grande baile de máscaras do fim do milênio, até a indústria química se veste de verde. A angústia ecológica perturba o sono dos maiores laboratórios do mundo que, para ajudarem a natureza, estão inventando novos cultivos biotecnológicos. Mas, esses desvelos científicos não se propõem encontrar plantas mais resistentes às pragas sem ajuda química, mas sim buscam novas plantas capazes de resistir aos praguicidas e herbicidas que esses mesmos laboratórios produzem. Das 10 maiores empresas do mundo produtoras de sementes, seis fabricam pesticidas (Sandoz-Ciba-Geigy, Dekalb, Pfizer, Upjohn, Shell, ICI). A indústria química não tem tendências masoquistas.

A recuperação do planeta ou daquilo que nos sobre dele implica na denúncia da impunidade do dinheiro e da liberdade humana. A ecologia neutra, que mais se parece com a jardinagem, torna-se cúmplice da injustiça de um mundo, onde a comida sadia, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são direitos de todos, mas sim privilégios dos poucos que podem pagar por eles. Chico Mendes, trabalhador da borracha, tombou assassinado em fins de 1988, na Amazônia brasileira, por acreditar no que acreditava: que a militância ecológica não pode divorciar-se da luta social. Chico acreditava que a floresta amazônica não será salva enquanto não se fizer uma reforma agrária no Brasil.

Cinco anos depois do crime, os bispos brasileiros denunciaram que mais de 100 trabalhadores rurais morrem assassinados, a cada ano, na luta pela terra, e calcularam que quatro milhões de camponeses sem trabalho vão às cidades deixando as plantações do interior. Adaptando as cifras de cada país, a declaração dos bispos retrata toda a América Latina. As grandes cidades latino-americanas, inchadas até arrebentarem pela incessante invasão de exilados do campo, são uma catástrofe ecológica: uma catástrofe que não se pode entender nem alterar dentro dos limites da ecologia, surda ante o clamor social e cega ante o compromisso político.


4- A natureza está fora de nós.

Em seus 10 mandamentos, Deus esqueceu-se de mencionar a natureza. Entre as ordens que nos enviou do Monte Sinai, o Senhor poderia ter acrescentado, por exemplo: “Honrarás a natureza, da qual tu és parte.” Mas, isso não lhe ocorreu. Há cinco séculos, quando a América foi aprisionada pelo mercado mundial, a civilização invasora confundiu ecologia com idolatria. A comunhão com a natureza era pecado. E merecia castigo.

Segundo as crônicas da Conquista, os índios nômades que usavam cascas para se vestirem jamais esfolavam o tronco inteiro, para não aniquilarem a árvore, e os índios sedentários plantavam cultivos diversos e com períodos de descanso, para não cansarem a terra. A civilização, que vinha impor os devastadores monocultivos de exportação, não podia entender as culturas integradas à natureza, e as confundiu com a vocação demoníaca ou com a ignorância. Para a civilização que diz ser ocidental e cristã, a natureza era uma besta feroz que tinha que ser domada e castigada para que funcionasse como uma máquina, posta a nosso serviço desde sempre e para sempre. A natureza, que era eterna, nos devia escravidão.

Muito recentemente, inteiramo-nos de que a natureza se cansa, como nós, seus filhos, e sabemos que, tal como nós, pode morrer.


Eduardo Hughes Galeano, jornalista e escritor uruguaio. É autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e História. Sua obra mais famosa é o livro Veias Abertas da América Latina.

Primavera árabe de #gentediferenciada chega à Espanha e invade a Europa de maneira que parece irreversível (22mai2011)

No Blog do Mello, Primavera árabe de #gentediferenciada chega à Espanha...:

"Na Espanha, manifestação de #gentediferenciada reúne milhares de pessoas em mais de 50 cidades, desde domingo, o #15mani . (...) Duas coisas essa gente tem em comum: o descrédito nos partidos e políticos e a paixão peles redes sociais. (...)"

Ferrovia para Cuiabá (22mai2011)

Postagem do sítio Agência T1:

Valec fará estudos até Cuiabá

A Valec Engenharia, Construções e Ferrovias assinou o termo de cooperação para a elaboração dos estudos de viabilidades econômica, de impactos ambiental e do projeto do trecho da Ferrovia Senador Vicente Vuolo (Ferronorte) entre Rondonópolis e Cuiabá. A assinatura foi durante encontro com o secretário de Estado de Logística Intermodal de Transporte, Francisco Vuolo.

De acordo com o representante do governo estadual, a estatal federal não só irá assumir os estudos e projetos, como se comprometeu a captar recursos para financiar esta primeira etapa do projeto. “Agora vamos confirmar na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e então a Valec assume a responsabilidade sobre o trecho”.

Além da Ferronorte, a Ferrovia Integração Centro-Oeste (Fico), também foi pauta da reunião entre empresários mato-grossenses, Francisco Vuolo e o presidente da Valec, José Francisco das Neves. O setor produtivo do Estado requereu à empresa que irá construir a ferrovia, a instalação de um terminal de embarque e desembarque no distrito de Paranatinga, Santiago do Norte. O local está entre os municípios de Água Boa e Lucas do Rio Verde, onde serão instalados terminais. Segundo Francisco Vuolo, o presidente da Valec solicitou a inclusão do terminal de Santiago do Norte nos estudos de viabilidade econômica.

Ainda de acordo com o secretário, a Valec anunciou que em julho será lançado o edital para contratação das empresas que irão construir a Fico.

Audiência Pública - O encontro promovido pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) com a América Latina Logística (ALL) e representantes do setor público e sociedade civil em Rondonópolis teve saldo positivo. De acordo com o superintendente do Instituto em Mato Grosso, Ramiro Martins-Costa, o debate sobre o trecho da Ferronorte entre Alto Taquari e Rondonópolis foi muito positiva e que os detalhes técnicos debatidos agora serão base para a elaboração da licença prévia.

Segundo ele, não é possível dar prazos porque estas licenças dependem de muitos detalhes e que isso pode interferir no processo, mas ao que tudo indica, não haverá entraves.

Fonte: A Gazeta - MT

sábado, 21 de maio de 2011

Acampamentos de manifestantes na Europa. Parece o Egito... (21mai2011)

O povo está acampando em grandes cidades espanholas, pedindo vergonha na cara e gritando que nenhum dos partidos que concorrem às eleições os representam.

"Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir"

Como na Praça Tahir, no Cairo, os acampamentos estão se formando espontaneamente, fruto de contatos nas redes sociais (#spanishrevolution).


O povo está dando um BASTA! às reformas neoliberais, à perda de seus direitos, aos cortes governamentais em saúde e educação, ao desemprego... Em suma, às exigências aviltantes da União Européia e do FMI.


As fotos que estou postando encontram-se em matéria produzida por Pep Valenzuela, correspondente de Outras Palavras em Barcelona, postado no sítio Outras Palavras (acesse a matéria clicando aqui).

Enfim, parece que o feitiço está se virando contra o feiticeiro, pois, mesmo com a mídia "desconhecendo", também nos Estados Unidos começam a acontecer movimentos semelhantes.

O capital quer o suor e o sangue do trabalhador.

No Oriente Médio o sangue está literalmente correndo.

A repressao aos movimentos populares nos países das ditaduras "amigas" dos Estados Unidos e da Europa é cruel, sanguinária.

Ninguém fala disso...

E como ficará a repressão na Europa? Irá a ONU decretar o fechamento do espaço aéreo de Espanha, Portugal, Grécia, Finlândia, Irlanda etc?

Será que Obama vai mandar aviões não tripulados para atacar alvos "estratégicos", tal como vem fazendo na Líbia?

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Passarinho Pentelhão fala o que pensa do caso Palocci (20mai2011)

Mais uma vez, o Passarinho Pentelhão está no meu blog, apresentando sua visão, de alguém que milita no PT, sobre o caso Palocci.

As defesas e ataques a Palocci são muitas na blogosfera. Paulo Henrique Amorim ataca ansiosamente. Serra e Aécio se encolhem, com um "deixa pra lá". O PiG (Partido da imprensa Golpista) ataca. Eu já disse antes que não tenho qualquer simpatia especial por Palocci. Pelo contrário, até hoje não engoli a história da quebra de sigilo do Francenildo, mesmo acreditando que o caseiro foi pago pela oposição para fazer o que fez. Reafirmo que Palocci deve explicar tudo sobre suas posses, assim como entendo que todo servidor público tem obrigação de ter sua movimentação financeira e seus bens abertos ao conhecimento público. Esta é uma forma eficiente de se evitar futricas e tentativas de manchar a honorabilidade desses servidores. Eu sou servidor público e todos os anos assino permissão para que minha declaração de imposto de renda seja auditada, examinada, ou sei lá o que pelo governo.

Mas vamos ao Passarinho Pentelhão:

Postagem de 19 de maio de 2011.

Palocci, se você achar que está prejudicando, mais uma vez, a imagem do PT, não se acanhe: pede pra sair!!!

Pentelhão jura que não queria mais falar sobre Palocci. Acontece que o PIG inteiro está fazendo a festa com as trapalhadas do nosso Ministro da Casa Civil. E aí, as pessoas ficam esperando a reação da militância e eis que ela não tem vindo do jeito que alguns esperavam, inclusive por parte do Pentelhão.

Entendam, combater o PIG, nós combatemos 365 dias por ano. Não temos problema algum quanto a isto. Mas é porque combatemos com convicção. Quando falta convicção, companheiro, fica difícil. A gente gosta de travar o bom combate!

Bem, para encurtar este assunto, pelo menos por hoje, vamos informar porque o Pentelhão está com um problema muito grande de formar convicção para defender o ministro Palocci:
1. Pentelhão ficou realmente abismado com a competência de um médico de formação para ganhar uma fortuna em tão pouco tempo prestando consultoria empresarial!!! E não há nada que possamos fazer quanto a este espanto. E não estamos falando de nenhuma suspeita de que tal dinheirama tenha vindo de forma ilícita;

2. Se o Pentelhão já achava que o companheiro Palocci é quase um neoliberal, sem entender o que é que ele ainda está fazendo no PT, com esta sua brilhante atuação empresarial cresceu a impressão de que não há muita afinidade entre o que ele pensa e o que pensa a imensa maioria dos filiados e simpatizantes do partido;

3. Lamento mais uma vez, mas, e como o Pentelhão já falou no post anterior, não conseguimos engolir até hoje a história do caseiro Francenildo. Por isso mesmo, não conseguimos entender a insistência do partido, ou de Lula, ou de Dilma, em fazer dele um ministro mais uma vez;

4. Palocci tem uma militância partidária tão confidencial quanto seus negócios empresariais. Por que um companheiro de militância tão nula nas bases nos últimos anos teve tanto espaço no partido??? Não acreditamos que era porque o PIG e a oposição, até bem pouco tempo, achavam ele uma 'gracinha'.
De maneira alguma, o Pentelhão, ou qualquer outro companheiro(a), é o dono da verdade. Portanto, desde já aceito as críticas quanto a não ter conseguido entrar neste embate da forma mais adequada. Quem frequenta o Blog sabe que brigamos forte, as vezes até com intensidade maior do que alguns amigos gostariam, para defender o partido no qual somos filiados há 23 anos. E defendemos porque acreditamos nas pessoas que dele fazem parte. Não tivemos, e não temos, nenhum receio de defendermos os companheiros José Dirceu e Delúbio Soares contra as acusações genéricas e partidárias do PIG. Se cometeram erros, ou já pagaram ou pagarão por eles. Mas estávamos defendendo companheiros que nunca abandonaram a militância. Em suma, se alguém perguntar ao Pentelhão quem é Palocci, a resposta será: não sei. E é muito difícil defender quem a gente não conhece.

Bem, Dilma, assim posto e vendo que o estrago já está feito, espero que você consiga descacar o abacaxi da maneira menos dolorosa possível.

Abraços, Passarinho Pentelhão.

Reichstul, ex-presidente privatista da Petrobras, é nomeado conselheiro de Dilma (20mai2011)

O que está acontecendo? Estamos guinando mais ainda para o neoliberalismo? No blog Com Texto Livre encontrei, e reproduzo abaixo, manifesto dos petroleiros contra a nomeação de Henri Phillippe Reichstul para a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, que assessora a presidente da república.

Para começar, essa história de Desempenho e Competitividade já provoca arrepios. Parece que a coisa vai desabar em cima dos trabalhadores, com a (continuidade da) redução dos direitos adquiridos em árduas lutas dos movimentos dos diferentes segmentos do mundo do trabalho.

Os termos Desempenho e Competitividade parecem se contrapor a Solidariedade, Bem-estar e Cooperação. Sabemos que o capital que ver sangue. Torcer os mais fracos até pingar.

Mas vamos ao manifesto, que explicita tim-tim por tim-tim o que foi a administração desse senhor conselheiro:

Pensei que esse vendilhão da pátria estivesse morto e enterrado

FUP e sindicatos repudiam nomeação de Reichstul para conselheiro do Governo

Os trabalhadores brasileiros e os petroleiros, em especial, foram surpreendidos com a nomeação do ex-presidente da Petrobrás, Henri Philippe Reichstul, para a questionável Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, instalada pelo governo no último dia 11.

Reischstul, que de tudo fez para tentar privatizar a Petrobrás no governo FHC, está de volta ao Palácio do Planalto para aplicar seus conceitos neoliberais em consultorias à presidenta Dilma Rousseff sobre como controlar e cortar gastos públicos.

O ex-presidente da Petrobrás, o mesmo que tentou mudar o nome da empresa para Petrobrax, faz parte do seleto grupo de empresários que integram a Câmara de Gestão criada pelo governo. Ao lado dele estão figuras do porte de Jorge Gerdau, Abílio Diniz e Antônio Maciel Neto, cobras criadas do neoliberalismo e fãs confessos da privataria.

Sem qualquer tipo de respaldo institucional, eles foram transformados, sabe lá por quem, em “iluminados” para orientar a presidenta sobre como gerir com eficiência os recursos públicos.

Seria cômico, se não fosse trágico. A quem interessa a presença de Henri Reichstul como “conselheiro” da presidenta?

Em sua gestão na Petrobrás, ele conseguiu em tempo recorde aplicar com competência o receituário demo-tucano de sucateamento de estatais para privatização.

Entre 1999 e 2001, sua gestão provocou a morte de 76 petroleiros em acidentes de trabalho e 29 grandes acidentes ambientais, entre eles os vazamentos na Baía de Guanabara e no Paraná. Foram pelos menos 7,2 milhões de litros de óleo jogados ao mar e nos rios, manchando internacionalmente a imagem da Petrobrás, na tentativa de difundir na sociedade a necessidade de sua privatização.

O afundamento da P-36, com a morte de 11 trabalhadores, e a encomenda da nova marca da empresa, que ao apagar das luzes do ano 2000, quase virou Petrobrax, foram outros dois episódios que marcaram a administração Reichstul.

Somam-se a estes fatos a fragmentação da Petrobrás em 40 unidades autônomas de negócio, a troca de ativos com a Repsol/YPF que entregou à multinacional 30% da Refap e vários campos de petróleo, a tentativa de privatização de outras refinarias (como a Replan e a Reduc, que já estavam na linha de corte do governo FHC), os estudos para a venda das FAFENs e inúmeros ataques aos direitos dos trabalhadores.

Os petroleiros enfrentaram na gestão Reichstul o congelamento de salários e propostas indecorosas de “compra” do extra turno e de extinção do regime 14 x 21, sem falar na farta distribuição de (sur)bônus para os executivos, gerentes e demais cargos de confiança.

Henri Reichstul, que nasceu francês e teve que alterar o estatuto da Petrobrás para poder ser o primeiro presidente estrangeiro da empresa, só não privatizou a estatal porque os trabalhadores, organizados nacionalmente pela FUP, resistiram com muita mobilização. É, portanto, indecoroso, que um governo eleito pelos trabalhadores coloque na ante-sala da presidenta uma pessoa que tantos prejuízos causou a empresa que hoje é o passaporte do país para a soberania e o desenvolvimento.

Se Reichstul ainda fosse o presidente da Petrobrás, o PAC não existiria, pois ele jamais concordaria em investir no fortalecimento do Estado e em projetos de desenvolvimento nacional. O pré-sal, então, já estaria entregue às multinacionais há muito tempo.

A FUP e seus sindicatos, portanto, repudiam veemente a participação de Henri Reichstul em um órgão de aconselhamento presidencial, assim como reivindicam uma discussão pública urgente sobre a própria legitimidade desta Câmara de Gestão.